Majestoso como o rio Amazonas

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  12/02/2022 08:34

ESPECIAL / REDAÇÃO

Há 35 anos, a BSGI recebia, em forma de poema, direcionamentos de Ikeda sensei que reverberam eternamente como fonte de incentivo

Reprodução/Foto-RN176 Foto do Rio Amazonas de ilustração da matéria – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Imagine que hoje seja seu aniversário, e a cada mensagem que chega, você se enche de alegria pelo carinho recebido. Sinceras demonstrações de afeto são capazes de melhorar o humor, os pensamentos e até a postura de uma pessoa. Falando em carinho, temos a oportunidade de receber, todos os dias, novas palavras de incentivo do Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), que fazem com que nos direcionemos ao caminho correto de nossa vida. Aos 94 anos, nosso mestre é incansável em seu propósito:

Por que escrevo?

Para acender a chama da esperança no coração dos amigos mergulhados na dor e na tristeza.

Escrevo para incandescer a flama da coragem! Para fazer ecoar o ritmado hino ao ser humano no coração daquela pessoa, desta também; e juntos trilharmos o grande caminho da justiça!1
Assim, há exatos 35 anos, os membros da BSGI recebiam do presidente Ikeda o poema A Longa e Distante Correnteza do Amazonas. E seus versos, dedicados à brilhante atuação de todos os seus integrantes, tornou-se o direcionamento concreto para a expansão do kosen-rufu, assim como a força do rio Amazonas. A realidade social e da nossa organização era totalmente diferente da que vivemos hoje. Após esse poema, um novo horizonte da BSGI resplandeceu.

Para entendermos a importância dessa homenagem, precisamos voltar um pouco mais na linha do tempo. Em 19 de outubro de 1960, Ikeda sensei visita o Brasil pela primeira vez e funda a BSGI. Mesmo enfrentando uma difícil realidade, os membros, na maioria formada por imigrantes japoneses que vieram tentar a vida no país, sozinhos, iniciaram a prática budista. Já em 1966, recebemos pela segunda vez o presidente Ikeda. A BSGI contava com 8 mil famílias. Infelizmente, em 1974, ele teve seu visto negado para entrar no país e, após dezoito anos, em 19 de fevereiro de 1984, recebemos Ikeda sensei pela terceira vez. Até então, o Brasil veio se desenvolvendo, e o crescimento da organização, sempre pautado na relação de mestre e discípulo, se tornou símbolo de coragem e esperança. A situação adversa foi vencida pela atuação dos veteranos e dos novos membros.
Sobre o poema

O poema é datado de 21 de fevereiro de 1987, data da inauguração do Auditório Presidente Ikeda da BSGI (atual Auditório da Paz do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda), em São Paulo, ocasião em que ele foi apresentado.

O presidente Ikeda dedica versos aos veteranos, estabelece diretrizes para o avanço do kosen-rufu, fala sobre os jovens herdeiros, depositando suas expectativas nos integrantes da Divisão dos Jovens (DJ). Ele também descreve os episódios vividos em 1974, as três primeiras visitas ao país e relata o momento em que entrou no Ginásio do Ibirapuera, durante o ensaio geral para o 1º Festival Cultural-Esportivo da SGI em 1984.

Ikeda sensei escreveu o poe­ma em Miami, Estados Unidos, sendo A Longa e Distante Correnteza do Amazonas o primeiro dedicado especialmente aos membros do Brasil.

O texto original, em japonês, foi recebido por fax um dia antes da inauguração do auditório e os líderes centrais da época junto com os tradutores iniciaram um processo minucioso de preparativos para que o poema fosse apresentado aos membros o mais rápido possível.

Corresponder ao desejo do Mestre

Assim como o rio Amazonas, o maior rio do mundo em volume de água e o maior em extensão territorial,2 a BSGI, ao longo dos anos, venceu cada desafio com união, sabedoria e coragem. A sociedade reconheceu a visão humanística de Ikeda sensei com diversas homenagens. O movimento pelo kosen-rufu atinge todas as regiões do Brasil e, com esse desenvolvimento, criou-se o palco ideal para a expansão da organização. A conquista do Bloco Monarca, a ampliação de novas coordenadorias são exemplos desse avanço corajoso e ininterrupto. Essa emoção e gratidão também são demonstradas quando apreciamos uma apresentação da Orquestra Filarmônica Brasileira do Humanismo Ikeda (OFBHI) com a execução da canção que foi composta com base no poema.

A prática budista é sinônimo de felicidade e é fonte de coragem e sabedoria para transformarmos qualquer realidade. O crescimento da BSGI, desde a sua fundação, é pautado na sincera relação de mestre e discípulo.

O presidente Ikeda descreve no poema:3
Oh! Meus jovens heróis de sublime missão,

que bailam em chão brasileiro,

sejam majestosos

como o Amazonas!

Sejam imponentes

como o Amazonas!

E construam o grande rio do eterno kosen-rufu

como o Amazonas, que nunca conheceu a interrupção.

Uma vez mais, vamos alçar voo na organização de base, criando esse incessante fluxo do kosen-rufu, assim como o presidente Ikeda nos direciona no poema, e façamos nossa vida fluir como um eterno rio banhado de vitórias e de conquistas junto com Ikeda sensei e com os companheiros da organização.

Notas:

  1. Brasil Seikyo, ed. 2.264, 28 fev. 2015, p. B4.
  2. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/rio-amazonas.htmAcesso em: 8 fev. 2022.
  3. Terceira Civilização, ed. 505, set. 2010, p. 20.

Trechos do poema A Longa e Distante Correnteza do Amazonas

Acalentando em meu íntimo as orientações do venerado mestre,

lancei-me à caminhada

do kosen-rufu mundial,

e cravei meu passo

no solo de São Paulo.

Meu corpo estava

desgastado e febril,

talvez pela longa viagem

pelo estrangeiro.

Houve vozes aconselhando-me

a deixar a visita

para outra ocasião.

Todavia,

o Brasil seria o pilar do kosen-rufu da América do Sul,

o esteio do hemisfério sul.

Lá, encontravam-se companheiros que me aguardavam ansiosamente.

Encorajando e incentivando

a mim mesmo,

assinalei o primeiro histórico passo nessa terra.

***

No morro do Corcovado

do Rio de Janeiro,

juventude com os saudosos companheiros,

o juramento de um futuro magnificente.

O aspecto de sua árdua luta,

na vastidão imensa dessa terra,

como uma joia preciosa,

jamais se afastou da minha mente,

nem por um momento sequer.

Oito anos depois — março de 1974.

Recebendo o convite para

uma nova visita,

parti rumo à travessia

do continente americano,

acalentando no coração a alegria de com todos me reencontrar.

Contudo, ou talvez pela

providência do tempo,

um contratempo interpôs-se

a essa viagem.

E a terceira visita deixou

de concretizar-se.

A tristeza de vocês,

exaurida de lágrimas,

foi um sofrimento

para mim também.

***

Oh! Meu Brasil!

Céu e terra que tanto amo!

Solo da paixão,

nação da esperança e

país do futuro.

Neste grandioso e rico chão,

diferentes raças e

variadas culturas,

diversos costumes e

diversificada natureza

e clima exuberantes.

Esses variados fatores mesclam-se em harmonia

neste Brasil — República Federativa.

As pessoas denominam isto:

unidade dentro da diversificação.

Na jornada do caos para o

cosmos — nossa meta comum,

promovendo o

aprimoramento recíproco e

restituindo a vida a cada indivíduo,

eis a terra das potencialidades

do século 21,

que encerra a vitalidade

juvenil, mas ígnea como o magma.

***

Os senhores iniciaram

a marcha da convicção,

a fim de executar a sinfonia

da felicidade.

Nas vilas das íngremes cadeias

de montanhas,

nas aldeias das florestas de profundo silêncio e

nas agitadas cidades onde ressoam as marteladas das construções,

ponto a ponto, a luz da Lei Mística foi acesa,

E esta luz da felicidade estendeu-se para todo o Brasil.

Em toda a eternidade, essa história jamais haverá de ser destruída.

Oh! Meus desbravadores

do kosen-rufu,

o caminho aberto com lágrimas

tornou-se, hoje, a inabalável e imensa estrada da paz.

A planta cultivada com suor

tornou-se, hoje, uma grande árvore de frutos da felicidade.

***

E os jovens companheiros,

herdeiros desse sublime espírito,

dispõem-se a desbravar ainda mais amplamente esse caminho,

e percorrem triunfantemente pelo Brasil — o paraíso da esperança.

Ouçam!

Ouçam os passos de

avanço dos jovens,

que, ao ritmo do dinâmico samba,

ecoando pela vastidão do céu,

fazem estremecer esta grande terra.

Vejam!

Vejam o ardor dos jovens de salvar este mundo,

resplandecendo e transformando no sol da paixão,

anunciam o despontar no horizonte

***

Myo é o princípio da revivescência.”

Oh! Grande e majestoso Amazonas,

Em seu leito corre

abundante volume d´água.

E essa correnteza,

nascida de uma gota,

atravessa montanhas e vales,

transformando terras ressequidas

em solos verdes e floridos.

Lavando a selva de suas margens,

abarca incontáveis afluentes.

Esse volume d´água ilimitado,

percorre uma longa jornada.

O avanço do nosso kosen-rufu,

sereno e magnificente,

é como esse grande rio.

Leia o poema na íntegra no Brasil Seikyo, ed. 2.360, 18 fev. 2017, p. A6 e A7. Clique aqui para ler.