ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 24/10/2020 04:00
CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA
Capítulo “Origem”, volume 29
PARTE 35
A história da humanidade registra claramente o mundo real de sobrevivência dos mais fortes mantido pelo poder das armas, pela violência das guerras, dos massacres, dos saques, das injustas invasões e dos domínios. O fato de Mahatma Gandhi ter conseguido perseverar nos atos de não violência e de desobediência se deve à sua confiança absoluta no ser humano. Além disso, havia o princípio de satyagraha (manter a verdade) que corresponde à fé e à convicção religiosa.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da Editora Brasil Seikyo – BSGI
Diz-se que em suas orações na academia (ashram), Gandhi havia incluído o daimoku do Nam-myoho-renge-kyo.
O budismo é um ensinamento que elucida a verdade eterna e imutável de que todas as pessoas possuem a natureza de buda inerente por meio de princípios de “possessão mútua dos dez mundos” e de “três mil mundos num único momento da vida”. Nós, que nos levantamos com essa convicção religiosa, possuímos o sólido alicerce espiritual que nos possibilita herdar o movimento da não violência de Gandhi.
Depositando flores no memorial de Gandhi, Shin’ichi enviou orações prometendo no fundo do seu coração: “Vou dedicar minha vida para unir a humanidade e edificar a paz do mundo por meio do poder do diálogo que simboliza a não violência”.
Uma brisa suave fazia balançar as árvores.
Depois de depositar flores no memorial, os membros da comitiva foram conhecer as dependências do parque conduzidos pelo administrador. O verde das plantas e das árvores brilhava sob os raios do sol, e flores de variadas cores preenchiam o local. Em um dos cantos do terreno havia uma pedra onde estava entalhada a admoestação de Gandhi intitulada “Sete Erros do Mundo”, em inglês e em hindi, os quais são: política sem princípio; riqueza sem trabalho; prazer sem consciência; conhecimento sem caráter; comércio sem moralidade; ciência sem humanidade; e adoração sem sacrifício. São pontos que vão contra a verdade conceituada por Gandhi e descrevem de forma aguçada as causas fundamentais para gerar o mal e tornar o ser humano infeliz.
Shin’ichi sentiu uma atração especial pelo item que adverte a “adoração sem sacrifício”. Uma fé distante da ação não passa de brincadeira teórica. A fé deve revolucionar o caráter da pessoa e se transformar na ação que sacrifica a vida pela felicidade das pessoas.
PARTE 36
Visitando Raj Ghat, Shin’ichi orou para que o espírito de Gandhi continuasse eternamente junto com aquele local, e dedicou os seguintes versos ao administrador:
O pai da nação dorme
neste local,
O povo peregrina para este local.
Oro por muitas felicidades,
Do pai e filho juntos,
eternamente.
Em Raj Ghat,
8 de fevereiro
Depois do Raj Ghat, a comitiva visitou o Museu Nacional Gandhi, que se localiza quase em frente ao parque. Lá estavam expostos a bengala utilizada por Gandhi, suas sandálias, sua charka (roda de fiar), seu caderno de anotações e uma estátua. E ainda, havia diversas fotos retratando sua juventude e momentos de alegria carregando crianças, como também fotos de “Mahatma”, que sempre caminhou ao lado do povo, estavam expostas em painéis. Cada objeto demonstrava claramente sua nobre existência de 78 anos dedicada somente à felicidade das pessoas.
Em particular, um objeto tocou profundamente o coração de Shin’ichi. Era um tecido com mancha de sangue que cobria o corpo de Gandhi no dia do assassinato dele em 30 de janeiro de 1948. Seus passos foram, de fato, uma luta para mudanças na qual empenhou a própria vida.
Além da independência de seu país, Gandhi se movimentou desejando a harmonia entre os seguidores do hinduísmo, enraizado na gigantesca Índia, e do islamismo. Porém, as estratégias de segregação do governo da Inglaterra e os interesses políticos intensificaram cada vez mais os conflitos inter-religiosos. Em agosto de 1947, foi conquistada a tão almejada independência, que ocorreu separando a Índia, de maioria hinduísta, do Paquistão, de maior número de seguidores do islamismo. Cinco meses depois, um jovem hinduísta radical, que clamava pela retaliação aos seguidores do islamismo, disparou três tiros que acabaram com a vida de Gandhi.
Gandhi sempre declarava: “Minha religião não possui fronteiras geográficas”.1 Essas palavras indicam o aspecto a ser mostrado pelas religiões de se basearem no ponto comum chamado “ser humano”.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Nota:
- Gandhi. A Minha Não Violência 1. Tradução Tatsuo Morimoto. Editora Misuzu Shobou.