ROTANEWS176 E POR RD1 18/05/2020 às 08:16 Por Reuber Diirr
Reprodução/Foto-RN176 Marcão do Povo foi suspenso do SBT recentemente (Imagem: Reprodução – SBT – Folha de S.Paulo / Montagem – RD1)
Marcão do Povo foi suspenso do Primeiro Impacto recentemente após fazer um comentário que relacionava hospitais de campanha com campos de concentração nazistas. O apresentador do SBT ficou alguns dias fora do ar, mas já retornou ao vídeo.
Diante deste fato que gerou uma série de capítulos em programas de fofoca e sites que cobrem TV, inclusive aqui no RD1, resolvi analisar a situação atual com um pé no passado histórico da própria televisão.
O ano é 1973. O canal é o 4, a TV Tupi. O apresentador? Flávio Cavalcanti, referência na televisão brasileira ao mesclar entretenimento com um forte jornalismo.
Embora tenha se tornado um ícone – esquecido por muitos que se dizem “amantes da TV” -, Flávio também foi um dos apresentadores perseguidos durante a Ditadura Militar, mas que não se abateu frente às proibições da época. Cabe destacar aqui que Cavalcanti era visto pela esquerda como um defensor da ditadura. Crítico ou defensor, neste caso, o jornalista pecou pelo mesmo sensacionalismo praticado nos dias atuais e que trago neste texto com uma lupa sobre um caso específico.
Flávio Cavalcanti foi suspenso por 60 dias após divulgar um homem que emprestou a mulher ao seu vizinho. Os tempos eram outros e, claro, bem diferentes quando o assunto entra na esfera da democracia. Tudo era vetado, proibido, mas a guerra pela audiência entre Flávio e a Globo era bem mais aguerrida e existia uma eterna disputa por qualquer ideia.
“Naquela época”, a briga pela audiência pautou o vale-tudo de hoje em dia. Se antes tínhamos um Flávio Cavalcanti disputando um pai de santo com Chacrinha na TV, hoje temos a disseminação de ideias e opiniões que vão de encontro com um período que não conversa com o momento.
No caso de Marcão do Povo, relembrar campos de concentração nazistas em uma TV de concessão pública mostra que seu pensamento segue errôneo diante das catástrofes que são heranças de um período que entrou para o calabouço da história. Isso traz uma comparação entre os profissionais. Marcão não defende uma “ditadura”, no entanto, pôs-se ao lado do presidente militar com uma possível ideia para sanar a “deficiência” de leitos hospitalares e “proteger” as pessoas da Covid-19.
Marcão, âncora que mescla entretenimento com jornalismo, pecou da mesma forma que Cavalcanti fez no ar de modo sensacionalista, em 1973. O atual momento é delicado tanto político, quanto democrático e socialmente. Falar ideias para as pessoas requer um tremendo cuidado, pois podem soar com verdades absolutas e podem ser propagadas aleatoriamente.
Enquanto Flávio pecava por ultrapassar a linha do bizarro na TV, Marcão peca por fazer o grotesco. Mas Cavalcanti segue lembrado até hoje com peça importante na história da TV.