ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  21/08/2021 09:20                                                                        Por Maria Rosa Carbone

COLUNISTA

Entenda a diferença entre psicoterapia, psicanálise e terapia — elas podem ser utilizadas como um cuidado especial para promover o bem-estar

Reprodução/Foto-RN176 Foto de ilustração de laço de bem-estar –  Editora Brasil Seikyo – BSGI

É comum haver certa confusão entre o significado de terapia, psicoterapia e psicanálise. É interessante observar que todas elas buscam curar algum sofrimento, emocional ou físico, vivido por uma pessoa. Para entendermos a diferença entre as três áreas, vamos começar com o objetivo do estudo da psicologia.

Psicologia é a ciência que estuda os processos mentais e o comportamento humano. A faculdade de psicologia forma profissionais capazes de ajudar as pessoas a encontrar equilíbrio emocional e também tratar doenças mentais e distúrbios de personalidade. O título de psicólogo é específico para profissionais que se formam nos cursos de graduação em psicologia reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC).

Para atuar como psicoterapeuta, é preciso ter formação em psicologia e especialização em psicologia clínica. A partir dessa habilitação, o profissional também pode escolher outras especializações para se aprimorar e aprofundar seu conhecimento em determinada abordagem, como terapia cognitiva comportamental, terapia junguiana, lacaniana, psicodrama, construtivista e psicanálise. Esta última surgiu no fim do século 19, desenvolvida pelo famoso médico Sigmund Freud, e é um tipo de psicoterapia. Para atuar como psicanalista, é imprescindível possuir ensino superior completo, medicina, psicologia, filosofia, cursos na área da saúde e em ciências humanas, e concluir o curso livre de formação em psicanálise.

Bem-estar mental

Embora a análise seja parecida com aquela feita na psicoterapia, na psicanálise o processo é mais longo comparado a outras técnicas. Entre os problemas emocionais e comportamentais tratados em psicoterapia estão ansiedade, depressão, medo, timidez excessiva, postura agressiva, pensamentos demasiadamente pessimistas e outros transtornos que dificultam o dia a dia do paciente, com o objetivo de promover o bem-estar mental.

Além da psicoterapia e da psicanálise, a terapia também é um conceito que gera dúvidas sobre o seu significado por conta dos inúmeros tratamentos ligados ao termo. Terapia também engloba o ato de cuidar e de tratar. Qualquer procedimento que promova uma transformação no outro é considerado uma terapia.

Um terapeuta pode ter formação em qualquer área profissional — ser nutricionista, educador físico, engenheiro e outros. Para ser terapeuta, é necessário curso de formação em alguma técnica terapêutica específica que torne a pessoa apta a exercê-la. Entre os tipos de formação de terapia, que diferem da psicoterapia na psicologia, podemos listar acupuntura, massoterapia, hipnoterapia, constelação familiar, assim como a chamada terapia holística, mais conhecida como terapias alternativas, tais como reiki, cromoterapia e florais de Bach.

Olhar para dentro

O que podemos observar em comum nessas abordagens é que todas têm um único propósito: promover autoconhecimento, mergulhar em si mesmo, dar um tempo para se olhar e se cuidar, promovendo bem-estar e felicidade.

A ginasta americana Simone Biles desistiu de disputar a maioria das finais na competição das Olimpíadas de Tóquio 2020. Aos 24 anos, era favorita ao ouro, mas alegou que precisava cuidar da sua saúde mental. Levando em conta a visibilidade que o evento alcança, este é um ótimo exemplo de que devemos estar atentos e cuidar das questões emocionais.

Reprodução/Foto-RN176 Maria Rosa Carbone; psicoterapeuta, especialista em terapia cognitiva comportamental, supervisora do Curso de Pós-Graduação ITC, professora de comunicação e hipnoterapeuta. É vice-responsável pela Divisão Feminina da Comunidade Vila Mariana, SP –  Editora Brasil Seikyo – BSGI

A escolha da técnica, da abordagem e do profissional vai depender das necessidades de cada pessoa. O importante é se informar — não hesite em perguntar a formação do profissional que escolher, já que ele deve ter especialização na área de tratamento pretendida. Um bom profissional age dentro dos limites éticos e ajuda o indivíduo a alcançar seus objetivos.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas, ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”

Essa é uma frase muito conhecida, atribuída a Carl Jung. Se pensarmos em termos budistas, é um direcionamento conhecido e incentivado em nossa filosofia. O presidente Ikeda sempre nos orienta a ter um diálogo franco, sincero, de vida a vida, enquanto o buda Nichiren Daishonin escreveu: “O que importa é o coração”.¹

Vamos, então, a partir dessas orientações, buscar autoconhecimento, saúde mental e bem-estar para todos ao nosso redor? Seguirmos essas orientações e fazermos surgir a sabedoria oriunda das nossas orações nos proporcionam atingir a mais elevada condição de vida e buscar maior conhecimento a respeito de nós mesmos. Ao escolhermos o caminho do autoconhecimento, é possível equilibrar nossa prática da fé com a busca pela saúde mental, para seguir rumo a uma vitória absoluta.

Nota:

1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 214, 2017.