Missão fundamental

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  03/04/2021 06:07

REDE DA FELICIDADE

Incentivos extraídos do romance Nova Revolução Humana

  1. DAISAKU IKEDA

Quando o avião se aproximava da Cidade do México, situada a 2.240 metros de altitude, Shin’ichi observou o panorama e pensou em seu mestre, Josei Toda.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração; no leito, Toda sensei compartilha com Shin’ichi o sonho que teve de levar o Budismo de Nichiren Daishonin ao povo mexicano – Editora Brasil Seikyo – BSGI

A visita ao México tinha um sentido muito especial para Shin’ichi. Era o país que seu mestre tanto desejou conhecer, chegando a sonhar que havia estado lá.

Shin’ichi recordou os últimos momentos que passara ao lado do seu mestre no fim de março de 1958. Josei Toda estava acamado no templo principal e acompanhava do leito o desenrolar da peregrinação alusiva à inauguração do Grande Salão de Preleções (Daikodo), que foi construído pela Soka Gakkai.

Quando Shin’ichi o visitou em seu quarto, ele lhe contou:

“Ontem sonhei que fui ao México. Eles estavam esperando. Todos aguardavam ansiosamente a chegada do Budismo de Nichiren Daishonin. Como eu quero viajar para o mundo, para a jornada do kosen-rufu… Shin’ichi, o mundo é seu desafio, seu verdadeiro palco. E o mundo é imenso e vasto”.

Josei Toda lhe estendera a mão de dentro do acolchoado. Shin’ichi apertou-a em silêncio. Então, extraindo todas as forças que ainda lhe restavam, disse olhando o rosto do discípulo: “Shin’ichi, viva. Você precisa viver. Viva o máximo que puder e percorra o mundo!”.

Essas palavras ainda ecoavam no coração de Shin’ichi, encorajando-o em cada viagem pelo exterior. (…)

A comitiva de Shin’ichi desembarcou no aeroporto da Cidade do México pouco depois das 4 horas da tarde, onde foi recepcionada por Raul Iwadate, responsável pelo Distrito México, e por mais de dez membros locais.

Iwadate era um senhor de boa aparência com quase 60 anos. O Distrito México havia sido fundado cinco meses antes, quando Iwadate esteve no Japão para participar da solenidade de inauguração do Grande Salão de Recepção (Daikyakuden), em peregrinação geral de 3 milhões de membros. Esteve também em Los Angeles no festival cultural ao ar livre e retornou logo depois para aguardar a chegada da comitiva de Shin’ichi.

Com o rosto corado, Iwadate disse:

— Presidente Yamamoto, seja bem-vindo ao México!

Shin’ichi apertou sua mão e respondeu:

— Muito obrigado. Acalentei por muito tempo esta visita porque era um grande desejo de Toda sensei. Ele até sonhou que esteve aqui no México. Já pudemos fundar um distrito e estou agora me encontrando com os senhores no lugar do meu mestre. Quando penso na alegria dele, meu coração se enche de emoção. Vamos abrir juntos uma nova etapa do kosen-rufu do México! (…)

No dia seguinte, Shin’ichi acompanhou o sumo prelado num passeio para conhecer a Cidade do México. Iwadate também os acompanhou como guia.

O movimento nas ruas do centro da cidade era grande por esta ter sido escolhida como sede dos Jogos Olímpicos previstos para 1968. (…)

Enquanto caminhava pela Cidade do México, Shin’ichi pensava em seu mestre, Josei Toda, que sonhara visitar o país. Não pôde deixar de sentir profunda emoção. Ele jurou em silêncio, em seu coração: “Mestre! Haverei de construir sem falta um jardim de flores da felicidade também aqui na Cidade do México!”. (…)

Depois da visitação, à noite, foi realizada uma reunião de palestra na casa de Raul Iwadate. Shin’ichi pediu ao diretor-geral Kiyoshi Jujo para representá-lo na reunião por estar ocupado com outros assuntos. Ele teria de acertar alguns itens sobre a construção do Grande Templo Primordial (Sho-Hondo) com o sumo prelado Nittatsu, além de escrever o editorial para a edição seguinte da revista mensal Daibyakurenge, a continuação da série Revolução Humana para o jornal Seikyo Shimbun e também um artigo para uma revista feminina. (…)

Após a reunião, o casal Iwadate e o jovem Nakada resolveram ir até o hotel se encontrar com o presidente Yamamoto. Para não incomodar, Nakada resolveu aguardar na recepção.

Shin’ichi recebeu o casal junto com Kiyoshi Jujo e Nagayasu Masaki.

Durante o encontro, Shin’ichi perguntou a Iwadate sobre a luta dele até se tornar um empresário bem-sucedido.

— Vim ao México com planos de ficar no máximo dois anos. Mas já se passaram quarenta anos e acabei gostando muito deste país. Um dos fatores que me atraíram foi a fisionomia dos mexicanos, bastante parecida com a dos japoneses. Consegui criar um bom relacionamento com muitas pessoas. Além disso, a situação política, social e econômica é relativamente estável em comparação com a de outros países da América Central e isso me possibilitou diversas chances de prosperidade. (…)

Shin’ichi dirigiu-se novamente a Iwadate:

— Nossa existência é limitada. A questão é como e para que a devotamos. No seu caso, o senhor possui a missão de viver pelo kosen-rufu e devotar a vida em prol da felicidade dos companheiros mexicanos. À luz dos escritos de Nichiren Daishonin, o senhor é um bodisatva da terra que surgiu para cumprir essa missão. Por favor, viva como pioneiro e líder do movimento pela paz e felicidade do povo deste país, devotando toda a sua existência ao kosen-rufu.

Com lágrimas nos olhos, Iwadate apertou as mãos de Shin’ichi e disse:

— Mestre, conte comigo. Vou me esforçar ao máximo enquanto viver!

Foi um momento de profunda ligação de vida a vida.

O pilar do kosen-rufu foi fincado firmemente no solo mexicano naquele instante.

O casal Iwadate despediu-se de Shin’ichi com o coração cheio de emoção. O jovem Tsunemitsu Nakada aguardava na recepção do hotel.

Ao ver, pela primeira vez, lágrimas nos olhos de Iwadate, Nakada imaginou que algo terrível tivesse ocorrido. Iwadate não disse nada e os três saíram calados do hotel.

Uma fina chuva caía, mas Iwadate e Chisako não abriram o guarda-chuva e continuaram caminhando. Nakada seguia atrás.

Quando passaram perto do Monumento da Independência, Iwadate parou e disse:

— Hoje, entendi finalmente a verdadeira razão de ter vindo para o México. Ou melhor, compreendi enfim a missão fundamental da minha existência. Pretendo agora devotar o resto da minha vida ao kosen-rufu do México. Depois desse encontro com o presidente Yamamoto, tomei uma nova decisão. Posso contar com seu apoio, Nakada?

Emocionado, Nakada apertou firmemente as mãos de Iwadate e disse:

— Vamos lutar, Sr. Iwadate! Eu também vim para o México realizar o kosen-rufu. Pode contar comigo. Vou lutar ao máximo!

Reprodução/Foto-RN176 Presidente Ikeda dialoga com estudantes da Universidade Nacional do México (Cidade do México, mar. 1981). De terno branco a esq. Dr. Daisaku Ikeda, ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente é o Mestre e Terceiro Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Chisako juntou-se aos dois com os olhos cheios de lágrimas. Foi uma noite de juramento entre os três líderes do Distrito México. Já passava das 11 horas da noite e a chuva havia cessado.

No dia seguinte, 19 de agosto, a comitiva saiu do hotel por volta das 16 horas e dirigiu-se ao aeroporto a fim de embarcar no voo de retorno para o Japão.

No saguão estavam aproximadamente trinta membros que foram se despedir do grupo. Nessa ocasião, Yasushi Morinaga apresentou o jovem Nakada ao presidente Yamamoto.

Shin’ichi apertou a mão de Nakada e disse:

— A força dos jovens é o que abre o futuro. Por isso, conto muito com sua atuação. Embora existam apenas poucos integrantes na Divisão dos Jovens, o importante é levantar-se com toda a firmeza. Tudo começa com uma única pessoa. O sucesso ou insucesso do kosen-rufu está nas mãos dos pioneiros. Por mais dura que seja a realidade que você encontrar, jamais seja derrotado. Vença sua própria fraqueza e avance com vigor, visando ao grandioso futuro do México.

As palavras de Shin’ichi fincaram fortes raízes no coração de Nakada.

— Sim! — foi uma resposta firme e decisiva.

Após conversar com Nakada, Shin’ichi tirou uma foto com os membros como lembrança do encontro e dialogou com alguns deles.

Quando o embarque foi anunciado, Shin’ichi disse a todos:

— Por favor, esforcem-se com alegria e união. Sempre orarei pela boa saúde e felicidade dos senhores. Vamos nos encontrar novamente numa próxima oportunidade.

Shin’ichi despediu-se apertando a mão de cada um dos companheiros.

Com a visita de Shin’ichi Yamamoto, iniciou-se um novo avanço no Distrito México visando à concretização de quinhentas conversões até os Jogos Olímpicos de 1968. (…)

Depois de um ano, o distrito já estava com cem famílias. Isso representou um significativo aumento de quase quatro vezes iniciado a partir das 26 famílias. (…)

Apesar das muitas dificuldades, os membros estavam entusiasmados com o objetivo de expandir a brisa da felicidade pelo México.

Dois anos depois da visita do presidente Yamamoto, a estrutura da organização foi ampliada, tornando-se Distrito Geral do México, com 250 famílias.

No topo: no leito, Toda sensei compartilha com Shin’ichi o sonho que teve de levar o Budismo de Nichiren Daishonin ao povo mexicano

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Fonte:

IKEDA, Daisaku. Brisas da Felicidade. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, p. 95-113, 2019.