ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 14/11/2020 09:28
BUDISMO NA VIDA DIÁRIA
A presente série, “Momento BVD (Budismo na Vida Diária)”, trata de temas do cotidiano com base nos ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin de forma sucinta. Apresenta, sempre, trechos dos escritos de Nichiren Daishonin, acompanhados de explanações e de orientações do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda. Essas matérias poderão ser utilizadas em diversas atividades da organização, em especial, nas reuniões de palestra. Naturalmente, uma pesquisa mais aprofundada poderá ser desenvolvida a partir de matérias publicadas nos diversos periódicos e livros da BSGI. Em particular, na Biblioteca de Materiais de Referência do DEB, poderão ser encontradas matérias correspondentes a cada tema na forma de explanações completas e trechos do romance Nova Revolução Humana.
Momento BVD 2: Doenças e epidemias
Reprodução/Foto-RN176 Foto de desenho humano de ilustrativo Editora Brasil Seikyo – BSGI
A doença como um dos quatro sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte é algo inevitável para qualquer ser humano. Ao mesmo tempo, a quarta das “Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai” refere-se justamente a essa questão: “Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade”. Qual deve ser, então, a nossa postura como praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin cuja essência é conduzir as pessoas à vitória absoluta? O presidente Ikeda afirma: “A Lei Mística nos capacita a rejuvenescer e a nos tornar mais felizes tanto em corpo como em espírito, a cada ano que passa. A base da saúde é a forte fé que nos capacita a extrair uma forte energia vital, a triunfar sobre as forças negativas e prejudiciais e a transformar o carma” (Brasil Seikyo, ed. 1.957, 27 set. 2008).
Neste trecho do escrito O Tratamento da Doença, Nichiren Daishonin afirma que há duas categorias de enfermidades. Ele classifica a primeira delas como doenças do corpo que podem ser curadas por um bom médico. Na sequência desse escrito, objeto de outra matéria “Momento BVD”, Daishonin se refere a doenças da mente cuja gravidade pode ser muito maior.
Escrito de Nichiren Daishonin
O Tratamento da Doença
Sua carta diz que o surto epidêmico está se alastrando com ainda mais violência. As enfermidades dos seres humanos podem ser divididas em duas categorias gerais, das quais a primeira compreende as doenças do corpo. As enfermidades físicas abrangem cento e uma desordens do elemento terra, cento e um desequilíbrios do elemento água, cento e uma perturbações do elemento fogo, e cento e uma desarmonias do elemento vento[1], o que totaliza quatrocentos e quatro males. Para curar tais moléstias, não é preciso a intervenção de um buda. Médicos habilidosos como Detentor de Água e Condutor de Água[2], Jivaka[3] e Bian Que[4] prescreviam remédios que, invariavelmente, demonstravam ser eficazes no tratamento das doenças do corpo. (CEND, v. II, p. 378)
Resumo e Cenário Histórico
Esta é uma resposta a Toki Jonin, que havia expressado sua angústia pela disseminação de um surto epidêmico. Acredita-se que tenha sido escrita em 1278. Daishonin primeiro classifica as doenças em duas categorias: físicas e mentais. Explica que as enfermidades físicas podem ser curadas por bons médicos, mas as mentais são mais complicadas.
Na conclusão da carta, Daishonin indica como pôr um fim às epidemias; a única maneira é demonstrar claramente que “este ensinamento” do Nam-myoho-renge-kyo é supremo. Com isso, ele se refere a participar em debates públicos e vencer, a fim de estabelecer a superioridade relativa entre os ensinamentos do Buda. Em seguida, esclarece a diferença entre o princípio dos “três mil mundos num único momento da vida”, exposto por Tiantai e Dengyo, e o que ele próprio expõe. E identifica essa doutrina como Nam-myoho-renge-kyo.
Explanação do presidente da SGI
Daishonin escreveu essa carta em resposta à notícia que recebera do seu discípulo Toki Jonin de que epidemias estavam assolando com mais força do que nunca. Acredita-se hoje que fora escrita no vigésimo sexto dia do sexto mês de 1278.
As epidemias que prosseguiram de 1277 a 1278 foram muito severas. Elas devem ter provocado a doença e causado a morte de muitos dos discípulos de Nichiren Daishonin e seus familiares.
Olhando para trás na história, a vida de Nichiren Daishonin foi assolada por contínuos ataques das “três calamidades e sete desastres”,[5] incluindo terremotos, condição atmosférica atípica, fome, epidemias e estranhas ocorrências nos céus. As pessoas estavam sobrecarregadas com o sofrimento e a ansiedade.
Nesse trecho do escrito, Daishonin refere-se à “doença do corpo”, ou “doença física”, que é causada por perturbações nos elementos terra, água, fogo e vento — os quatro elementos que compõem o corpo, de acordo com a antiga tradição chinesa. Essa doença, afirma Daishonin, pode ser curada por um médico qualificado.
A verdadeira filosofia para criar uma sociedade próspera
Em uma explanação que fez certa vez sobre este escrito O Tratamento da Doença, Toda sensei disse que “cada palavra e cada frase desta carta representam a verdadeira intenção de Nichiren Daishonin” e, como tal, devemos “lê-las com uma condição de vida tão vasta e abrangente como o céu”. E ao se referir ao espírito destemido com que Daishonin agia em prol da felicidade das pessoas, enfatizou que era necessária uma filosofia verdadeiramente notável para promover o desenvolvimento da sociedade. “Ao escolher uma filosofia, é autodestrutivo seguir qualquer outra senão a melhor filosofia”,[6] disse Toda sensei. “As pessoas podem prosperar seguindo uma filosofia inferior? Não, temos de seguir um supremo princípio filosófico; isso é o que nos diz Daishonin. As pessoas só podem prosperar se seguirem um supremo princípio filosófico. Essa é a sua mensagem.”[7]
Em qualquer época, uma sociedade prospera ou cai em declínio com base na filosofia que a conduz.
Toda sensei disse também que nascemos neste mundo para propagar esta suprema filosofia. Sem dúvida, ele estaria muito feliz ao observar nossa luta profundamente comprometida enquanto entramos em ação para transformar positivamente a sociedade de acordo com essa missão
Trechos do romance Nova Revolução Humana
NRH, cap. “Coroa de Louros”, v. 10, p. 200
Depois de manifestar esse desejo, ele os reuniu na sala de espera no intervalo da preparação dos grupos para a sessão de fotos e os incentivou explicando sobre as causas da doença.
— Citando uma passagem de Grande Concentração e Discernimento de Tiantai, Nichiren Daishonin afirmou: “Existem seis causas da doença: 1) desarmonia nos quatro elementos; 2) maus hábitos na ingestão de alimentos ou bebidas; 3) forma incorreta de realizar a meditação sentada; 4) ataque de demônios; 5) ação das maldades; e 6) efeito do carma” (CEND, v. I, p. 659). Explicando resumidamente o significado dessa frase, “os quatro elementos” citados na primeira causa são: terra, água, fogo e vento. A filosofia oriental revela que tanto o corpo humano como tudo o que há na natureza e no Universo são constituídos desses quatro elementos. A desarmonia dos quatro elementos refere-se, por exemplo, ao clima irregular e à degradação do meio ambiente, que influenciam negativamente o corpo e provocam o surgimento de doenças.
NRH, cap. “Líderes Audazes”, v. 26, p. 222
Em junho de 1972, numa sessão de fotos realizada na província de Kagawa, ela fizera uma pergunta a Shin’ichi, muito preocupada com o filho que estava doente:
— Meu filho está hospitalizado com uma doença renal grave e o futuro dele é totalmente incerto. Acredita que seja realmente possível ele melhorar?
— Não se aflija. O Budismo Nichiren possibilita que nos tornemos felizes, não obstante o que aconteça. Tenha fé no Gohonzon e continue recitando daimoku com total determinação. Também farei o mesmo. Estarei orando por vocês. Se a senhora se empenhar com forte fé, jamais se permitindo ser derrotada, será feliz infalivelmente. Vamos nos reencontrar um dia — disse-lhe Shin’ichi convicto, e apertou a mão dela para reconfortá-la.
Trechos de Diálogo sobre Religião Humanística
DRH, cap. “Nascimento, Envelhecimento, Doença e Morte”, v. 3, p. 208
Pres. Ikeda: O presidente Toda costumava dizer: “A doença é uma função da natureza. Mas os seres humanos também possuem em seu interior o poder de curar seus próprios males. Isso seria como subir uma ladeira íngreme e voltar novamente ao nível do chão”.
Daishonin diz: “O verdadeiro aspecto do mundo tríplice é o nascimento, o envelhecimento, a doença e a morte”. (GZ, p. 753). A doença, em si, é apenas um aspecto da vida humana. Não podemos concluir que uma pessoa, só pelo fato de ter adoecido, é alguém derrotado. Chegar à conclusão de que ela não tem fé só porque adoeceu seria uma postura completamente desprovida de compaixão. Oferecer um caloroso alento àqueles que travam uma batalha contra a doença é uma expressão de verdadeiro afeto. Quando algum de seus seguidores adoecia, Daishonin imediatamente o encorajava com todo o seu ser.
O “rugido de leão” do Nam-myoho-renge-kyo é a arma poderosa para combater a enfermidade. Jamais devemos nos esquecer da declaração de Daishonin: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?” (CEND, v. I, p. 431).
DRH, cap. “Nascimento, Envelhecimento, Doença e Morte”, v. 3, p. 209
Pres. Ikeda: Usar a luta contra a doença para desenvolver-se e enriquecer-se interiormente é um modo de vida embasado na criação de valor. Eis por que é tão importante termos o “coração do rei leão”, ou seja, a coragem para lutar até o fim contra todos os obstáculos. Devemos nutrir um espírito intrépido e indomável. Por essa mesma razão, precisamos nos dedicar nos dois caminhos da fé e da prática todos os dias, recitando Nam-myoho-renge-kyo tanto para si como para os outros, e fortalecer a determinação de não retroceder nem esmorecer diante de nenhum ataque da maldade da doença.
Material de apoio:
Leia mais:
Biblioteca de Materiais de Referência: Tema de Estudo 2 — Doenças Físicas e Mentais.
CEND, v. II, p. 378.
Diálogo sobre Religião Humanística, v. 3, cap. “Nascimento, Envelhecimento, Doença e Morte”.
[1] A antiga cosmologia indiana considerava a terra, a água, o fogo e o vento os elementos constituintes de tudo o que existe no universo. No caso do corpo humano, a terra corresponde à carne, aos ossos, à pele e ao cabelo; a água, ao sangue e aos demais fluidos; o fogo, à temperatura corporal; e o vento, à função respiratória. A expressão “cento e um”, em cada caso, não indica necessariamente um número exato, mas uma grande quantidade.
[2] Detentor de Água e Condutor de Água: Pai e filho, ambos excelentes médicos, mencionados no Sutra da Luz Dourada. De acordo com esse texto, viveram há incontáveis kalpa. Em determinado momento, houve um surto epidêmico em todo o país. Detentor de Água já estava idoso demais para atender os doentes, mas Condutor de Água havia dominado as artes médicas; então, no lugar do pai, salvou a população.
[3] Jivaka: Dedicado e habilidoso médico do estado de Magadha, Índia, na época de Shakyamuni. Como médico da corte, Jivaka tratou Bimbisara, o rei de Magadha, e seu filho, Ajatashatru. Ele também era budista devoto e patrono da ordem budista. Como médico, tratou o buda Shakyamuni e seus discípulos, além de pacientes comuns.
[4] Bian Que, médico que viveu no período Primaveras e Outonos (770–403 a.E.C.), na China. Dizem que, em sua infância, aprendeu as artes médicas de tal modo que sabia tratar quase todas as enfermidades.
[5] “Três calamidades e sete desastres”: Catástrofes descritas em vários sutras. As três calamidades ocorrem no fim de um kalpa. Existem dois tipos: as três calamidades maiores são as provocadas pelo fogo, pela água e pelo vento, que destroem o mundo, e as três calamidades menores são a guerra, a peste e a fome. Esta última é conhecida também como alta dos preços dos grãos ou inflação. Os “sete desastres” incluem a guerra e os desastres naturais e são causados pela calúnia ao ensinamento do Sutra do Lótus. Eles são mencionados nos Sutras Mestre dos Remédios, Reis Benevolentes e outros. Diferem ligeiramente de acordo com a fonte. Nichiren Daishonin juntou esses dois tipos diferentes de calamidades em uma única frase para explicar as catástrofes que assolavam o Japão em sua época. No seu tratado de 1260, Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, ele afirma, com base nos sutras, que elas ocorrem porque ambos, os governantes e a população, viraram as costas para o ensinamento do budismo.
[6] TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, v. 7, p. 652, 1987.
[7] Ibidem, p. 661.