Momentos inesquecíveis: volume 20 (parte 1)

ROTANEWS176 01/06/2024 07:25                                                                                                                              APRENDER COM A NOVA REVOLUÇÃO HUMANA                                                                                                      Por Hiromasa Ikeda

Nesta continuação da série publicada no Seikyo Shimbun, trechos selecionados do romance.

 

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas para ilustrar a matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida

O coração não tem fronteiras

Em maio de 1974, Shin’ichi Yamamoto visitou a China pela primeira vez. A primeira parada foi em Hong Kong, que, na época, ainda era um território britânico. Shin’ichi, sua esposa, Mineko, e o grupo que os acompanhava caminharam da estação de Lo Wu, em Hong Kong, até a estação de Shenzhen, na China continental.

Shin’ichi e Mineko conversavam alegremente, mas os outros integrantes do grupo estavam calados e pareciam um tanto quanto soturnos. Estavam tensos pela sua primeira visita à China, um país comunista. (…)

Shin’ichi sorriu e disse-lhes:

— Devem estampar alegria no rosto. Estamos indo fazer novos amigos, não é? As pessoas são iguais em qualquer parte do mundo. O importante é ser sincero e honesto. O diálogo abrirá, sem falta, o caminho para a compreensão e a empatia recíprocas.(…)

Depois de atravessar uma ponte de aço que assemelhava um hangar de avião sobre o rio, Shin’ichi e comitiva depararam-se com dois soldados do Exército de Libertação Popular da China trajando uniformes cáqui. Eles apresentaram seus passaportes aos soldados.

Shin’ichi dera seu primeiro passo em solo chinês. Eram 11h50.

— Olá! — saudou uma voz, em japonês, quando um rapaz e duas moças correram ao encontro de Shin’ichi e dos demais. O rapaz e uma das moças eram membros da Associação da Amizade Sino-Japonesa, enquanto a outra jovem trabalhava para a cidade de Guangzhou, capital da província de Guangdong. (…)

O rapaz da Associação da Amizade Sino-Japonesa chamava-se Ye Qiyong, e a moça, Yin Lianyu. Ye disse em japonês fluente:

— Seja bem-vindo à China. Viemos de Pequim para atuar como seus guias.

O grupo de Shin’ichi e os guias chineses tiveram uma conversa agradável na sala de espera da Estação de Shenzhen. (…) Ye disse que apreciara muito a leitura do romance Revolução Humana escrito por Shin’ichi. (…) Yin acrescentou que conhecia o tema da Revolução Humana, e começou a recitar a passagem:

— “A grandiosa revolução humana de uma única pessoa…”

— Impressionante! Nem eu, que sou o autor, me lembrava dessa parte! — exclamou Shin’ichi.

Todos riram pelo senso de humor dele. Ao observarem Shin’ichi interagindo com os anfitriões chineses, dissipou-se a imagem da China como um lugar assustador que outros integrantes da delegação japonesa alimentavam.

(Capítulo “Caminho da Amizade”)

Uma ponte de paz para as relações sino-soviéticas

Durante a primeira visita de Shin’ichi à União Soviética, em setembro de 1974, ele se encontrou com o primeiro-ministro soviético Aleksey Kosygin. A conversa girou em torno das duras experiências do povo soviético durante a Segunda Guerra Mundial e do futuro das relações soviéticas com a China.

— Onde o senhor estava no período da Segunda Guerra Mundial? — indagou Shin’ichi.

— Estava em Leningrado durante o cerco alemão — respondeu Kosygin suavemente.

Ele se interrompeu e permaneceu em silêncio por instantes. Parecia estar relembrando aquele tempo.

Qualquer um que tenha conhecido os horrores da guerra reluta em repetir a experiência. (…)

O brilho da decisão de edificar a paz cintilava nos olhos do primeiro-ministro Kosygin.

Fixando o olhar no primeiro-ministro, Shin’ichi disse vigorosamente:

— Assim como o povo soviético, o povo chinês anseia unicamente pela paz. (…)

O diálogo estava alcançando o ponto mais essencial. Shin’ichi acreditava que se transmitisse o verdadeiro sentimento do povo chinês e do vice-primeiro-ministro Li Xiannian, com quem havia se encontrado em sua visita à China três meses antes, o primeiro-ministro Kosygin agiria com sabedoria.(…)

Shin’ichi expressou francamente suas impressões sobre a China ao primeiro-ministro Kosygin:

— Líderes da cúpula chinesa me asseguraram que não têm intenção alguma de atacar nenhum país. Entretanto, temendo a possibilidade de uma investida soviética, estão cavando abrigos anti­aéreos e tomando outras precauções como medidas de preven­ção. Eles estão observando com ansiedade as ações do seu país. Perdoe-me ser tão direto, mas a União Soviética está cogitando atacar a China?

O primeiro-ministro olhou atentamente para Shin’ichi. Gotas de suor brilhavam em sua testa. Em seguida, afirmou resolutamente:

— Não, a União Soviética não pretende atacar a China. No que se refere à proteção da segurança coletiva da Ásia também, não desejamos isolar a China.

— Compreendo. Posso comunicar isto aos líderes da China? — inquiriu Shin’ichi.

O primeiro-ministro Kosygin permaneceu em silêncio por um momento. Depois, disse em tom resoluto:

— Sinta-se à vontade para informar aos líderes da China que a União Soviética não atacará o país deles.

Shin’ichi olhou para o primeiro-ministro e disse:

— Se é assim, por que não se tornam amigos da China?

O primeiro-ministro perdeu a fala. Então, um largo sorriso iluminou seu rosto. O congraçamento de ideias entre os dois aflorava em forma de sorrisos.

(Capítulo “Construindo Pontes”)

(Traduzido da edição de 9 de junho de 2020 do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai.)

Assista

Veja o vídeo da série “Aprender com a Nova Revolução Humana”, volume 20.

Ilustração: Kenichiro Uchida

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO