ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 11/11/2022 10:49 APRENDER COM A NOVA REVOLUÇÃO HUMANA
Nesta continuação da série publicada no Seikyo Shimbun, trechos selecionados do romance.
Dr. Daisaku Ikeda
Reprodução/Foto-RN176 Desenho humana de ilustrativo da matéria (Traduzido da edição do jornal Seikyo Shimbun do dia 13 de março de 2019.) Ilustrações: Kenichiro Uchida
O diamante da felicidade reside em nosso coração
No dia 1º de fevereiro de 1962, Shin’ichi Yamamoto visitou as ruínas de Ctesifonte, no Iraque.1 Enquanto ouvia uma canção interpretada por um músico idoso, alguns jovens se aproximaram vendendo água potável e outros itens para turistas. Quando lhe disseram que almejavam ter uma vida melhor, Shin’ichi ofereceu-lhes um conselho:
— Buscar uma vida melhor é o desejo natural de todas as pessoas. Para isso, é preciso acalentar a vontade de crescer e trabalhar muito mais que os outros. Por exemplo, vocês devem ser criativos procurando saber o que os turistas mais necessitam e querem comprar, como adquirir esses produtos com melhor qualidade e como ser cordiais com eles para que comprem de vocês. Em qualquer parte do mundo, as pessoas bem-sucedidas na vida estudaram com toda a seriedade e se esforçaram sem se importar com as dificuldades. Neste solo iraquiano existe vasta e inexplorada reserva de petróleo. A menos que seja extraído, não poderá ser utilizado. Do mesmo modo, cada um de vocês possui no seu interior um diamante de felicidade que só pode ser escavado com esforço contínuo, sem nunca desanimar. Essa perseverança faz brotar a criatividade e a sabedoria para derrubar as barreiras de dificuldades. Tudo depende da determinação. Quanto mais se esforçarem, maior será a chance de sucesso. Por isso, aconselho que se esforcem sinceramente por mais duras que sejam as adversidades.
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— Estou muito feliz por esta oportunidade de conversar com vocês. Ao longo de sua vida haverá certamente muitos desafios e dificuldades, por isso, quero deixar para vocês as seguintes palavras: “Haja o que houver, jamais percam a esperança, jamais sejam derrotados pelas suas próprias fraquezas!”. Jamais me esquecerei de vocês. Muito obrigado pelo dia de hoje. Cuidem-se bem e tenham sempre boa saúde.
Um músico idoso, que ouvia a conversa, dirigiu-se a Shin’ichi:
— O que o senhor disse foi muito bonito. Gostaria de lhe agradecer tocando uma música para o senhor.
Com o rabab nas mãos, o ancião começou a tocar fazendo ecoar uma suave melodia pelo palácio em ruínas.
(“Terra do Tesouro”, p. 49-50)
Nota:
- Ctesifonte é uma cidade situada ao sul de Bagdá, no Iraque. Foi capital real do Império Persa durante muitos séculos e desde aquele tempo abriga monumentos históricos mundialmente famosos.
A vontade do povo é a força motriz de grandes conquistas
Em 7 de fevereiro de 1962, Shin’ichi esteve no Egito. Ao admirar a grande pirâmide de Quéops, comentou sua teoria sobre a construção daquela obra com os rapazes que o acompanhavam.
Os registros de Heródoto deram origem ao ponto de vista — aceito ao longo do tempo pela maioria das pessoas como o mais natural — de que as pirâmides foram construídas por meio do trabalho forçado da população transformada em escravos.
Shin’ichi explicou-se:
— Não acredito que uma obra construída por um povo escravizado possa perdurar por milhares de anos. Por isso, tenho dúvidas desses registros de Heródoto. Entre as diversas pirâmides, certamente deve ter havido aquelas que foram levantadas sob as ordens dos faraós e utilizando trabalho escravo. Porém, no caso da pirâmide de Quéops, sinto que foi diferente. Um empreendimento realizado por pessoas escravizadas que não têm nenhum compromisso pessoal ou responsabilidade com a obra, e que são movidas apenas pela obrigação e pelo trabalho forçado, poderia cristalizar-se como uma obra perene? Num projeto monumental como a pirâmide de Quéops, qualquer falha ou descuido poderia ocasionar facilmente seu desmoronamento. A prova disso é que muitas pirâmides, embora construídas em épocas posteriores, desapareceram ao longo dos tempos. Creio que as três pirâmides de Gizé, que resistem até os dias de hoje, foram construídas com o empenho responsável de cada um dos egípcios, motivados em fazer um trabalho perfeito. Além disso, se não houvesse o senso de união entre eles, a ponto de um cobrir a falha do outro, seria impossível deixar tal magnificente obra. De onde surgiram então essa seriedade e essa paixão? Com certeza não foi pela imposição do trabalho forçado. Sinto fortemente que essas pirâmides refletem a própria aspiração do povo do Egito antigo.
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Contudo, após vinte anos, quando ele teve a oportunidade de dialogar em 1983 com Jean Leclant (1920–2011), renomado egiptólogo francês e professor emérito do Collège de France, pôde confirmar que seu ponto de vista não estava errado. Pesquisas mais recentes revelam que as pirâmides não foram fruto de trabalho forçado, mas construídas pela população com as mãos livres de qualquer opressão.
(“Longa Jornada”, p. 85-87)
A missão dos budistas na sociedade
Em 15 de abril de 1962, num discurso proferido na Reunião de Líderes do Distrito Geral de Hokkaido, Shin’ichi disse por que a Soka Gakkai havia criado a Aliança Política Komei e estava lançando candidatos para concorrer a cargos públicos e discorreu sobre a missão dos budistas na sociedade.
— Aproveitando esta oportunidade, gostaria de esclarecer o motivo de a Soka Gakkai apoiar seus candidatos nas eleições, apesar de ser uma instituição religiosa. Além da responsabilidade como praticantes do budismo, temos a responsabilidade de participar da vida política como cidadãos que se preocupam com o destino do Japão. Se ficarmos pensando apenas na felicidade pessoal mantendo uma posição indiferente em relação à política, estaremos agindo como individualistas que abandonaram a responsabilidade social como cidadãos. Quando observamos cuidadosamente o rumo da política japonesa, verificamos que ela está cada vez mais distante das pessoas socialmente desfavorecidas e não visa ao bem-estar da população. Por isso, nosso apoio nas eleições tem o intuito de enviar nossos companheiros para o campo da política para prestar serviço à população com base na filosofia e na benevolência expostas no budismo. Nosso apoio não objetiva absolutamente misturar religião com política, muito menos fazer política para o bem da Soka Gakkai. Por termos consciência de nossa missão como budistas, é nosso dever nos preocuparmos também com os diversos problemas da sociedade para que possamos contribuir para a construção de um mundo melhor para todas as pessoas. Criar harmonia entre a felicidade individual e a prosperidade social é o propósito do budismo. Por isso, promovemos o apoio às campanhas eleitorais.
Com esses esclarecimentos, Shin’ichi refutava também a tempestade de críticas que caíam sobre a Soka Gakkai, procurando unicamente encorajar os membros e lhes dar esperança.
(“Aceleração”, p. 142)
A ação compassiva nos fortalece
Em junho de 1962, Shin’ichi percorreu o Japão, dando tudo de si para se encontrar com os companheiros da organização e encorajá-los.
Shin’ichi Yamamoto não tinha um minuto de descanso em suas atividades. As viagens e os encontros com os membros ocupavam todo o seu tempo. Em dado momento estava no norte, depois em Osaka, voltava rapidamente para Tóquio e em seguida já estava no sul do país. Pela intensidade com que atuava, os líderes chegavam a comentar que existiam quatro ou cinco Shin’ichi Yamamoto viajando pelo Japão. Aqueles que o conheciam melhor, principalmente seu estado de saúde, ficavam admirados de vê-lo cada vez mais forte quanto mais intensa se tornava sua atuação.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho ilustração da matéria (Traduzido da edição do jornal Seikyo Shimbun do dia 13 de março de 2019.) Ilustrações: Kenichiro Uchida
Acompanhando-o numa viagem, um dos líderes lhe perguntou:
— Como o senhor consegue se manter tão forte apesar de estar atuando com tanta intensidade?
Shin’ichi respondeu-lhe sorrindo:
— Creio que é o lado místico das atividades da Soka Gakkai. Tenho muitos companheiros que esperam meus incentivos. Eles estão me aguardando. Quando penso neles, não posso ficar parado e a coragem enche meu coração. Quando encontro com eles, fico tão entusiasmado em fazê-los felizes que uma forte energia vital surge intensamente em meu corpo. O ato de falar sobre o budismo, de louvar e incentivar os filhos do buda que se empenham na propagação da Lei Mística faz com que a energia dos budas e bodisatvas surja em nossa vida. Por isso, quanto mais me empenho nas atividades, mais forte fica minha saúde. Esta é a fórmula que adotei para manter a boa saúde. Naturalmente, também é preciso descansar, pois budismo é razão e nosso corpo necessita de repouso.
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— (…) Para manter uma boa disposição é preciso atuar com coragem e iniciativa própria, definindo os objetivos a fim de desafiar a si mesmos. Quando se esforçarem e concretizarem esses objetivos, a alegria será tão intensa que a fadiga desaparecerá rapidamente. Além disso, o que é maravilhoso nas atividades da Gakkai é o fato de a nossa atuação estar embasada na ação compassiva pelo bem das pessoas e de nossos companheiros. Isso nos fortalece muito.
(“Mares Tempestuosos”, p. 182-183)
O mestre estabelece os princípios, o discípulo os põem em prática
Shin’ichi proferiu uma série de explanações sobre o Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente para representantes da Divisão dos Universitários a partir de 31 de agosto de 1962. Seu objetivo com essas preleções era criar a próxima geração de líderes da Soka Gakkai.
Ele comentava constantemente com os integrantes:
— Fui treinado rigorosamente pelo presidente Josei Toda durante dez anos sobre o princípio do kosen-rufu. O mestre é o princípio, o discípulo, a prática. Espero que, no futuro, vocês desenvolvam aquilo que construí dezenas e centenas de vezes mais e ampliem o caminho do kosen-rufu. Eu sou a base de vocês. Nosso objetivo é a felicidade da humanidade e a paz mundial.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria (Traduzido da edição do jornal Seikyo Shimbun do dia 13 de março de 2019.) Ilustrações: Kenichiro Uchida
Em todas as reuniões de explanação, Shin’ichi sempre oferecia doces ou lanches, nunca se esquecendo de incentivar calorosamente cada um dos companheiros. Mesmo as rigorosas repreensões eram orientações vindas de um profundo afeto. Às vezes, observando o armário onde os membros deixavam sapatos, caso encontrasse um com sola totalmente gasta, comprava um par novo e oferecia ao seu dono. Os estudantes encontravam em Shin’ichi calor humano e viam o brilho do caráter de uma pessoa que havia incorporado a Lei Mística do budismo em sua própria vida. Para os participantes, ele se tornara um exemplo de vida, e no coração de cada um deles pouco a pouco se formou a imagem de mestre da vida. Ali havia um caloroso relacionamento entre mestre e discípulo que rumava para o supremo objetivo do kosen-rufu.
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O motivo pelo qual Shin’ichi deu prioridade à explanação para essa divisão, apesar de se encontrar extremamente atarefado, devia-se ao seu pensamento de que a criação de pessoas valiosas e capazes era o fator mais importante para assegurar um majestoso futuro para a paz e a felicidade da humanidade.
(“Jovens Águias”, p. 261-262)
Ilustrações: Kenichiro Uchida
(Traduzido da edição do jornal Seikyo Shimbun do dia 13 de março de 2019.)