Mulher conta como é ter uma vida sexual usando uma bolsa para colostomia

ROTANEWS176 E DELAS  10/09/2017 09:00

 “Quando me vi pela primeira vez, pensei ‘como eu vou esconder isso das pessoas? Como posso ser eu mesma com essa coisa pendurada em mim?’”

Naturalmente, muitas mulheres encontram dificuldades quando passam a ter uma vida sexual ativa, já que a sociedade ainda não é tão aberta a mulheres descobrindo a sexualidade quanto é com os homens. Dificuldades em falar sobre o assunto e medos relacionados tanto ao sexo em si quanto à aparência fazem com que seja comum encontrar mulheres que têm certo bloqueio, não conseguem se despir, transar com as luzes acesas ou nem mesmo sentem prazer.

Reprodução/Foto-RN176 Após a colostomia, Lindsey teve de começar a usar uma bolsa presa à barriga, o que prejudicou sua vida sexual

Se para mulheres em geral isso já pode ser difícil, imagine tentar levar uma vida sexual ativa após uma colostomia, cirurgia que exterioriza parte do intestino e faz com que a pessoa precise usar uma bolsinha acoplada ao abdômen para que fezes e gases possam ser expelidos. É o caso da atriz, modelo e escritora Lindsay Washburn, que, em 2015, precisou fazer essa cirurgia e passou a ficar desconfortável com o próprio corpo.

À publicação americana “Women’s Health”, Lindsay escreveu um relato honesto sobre as dificuldades que teve após a operação. Aos 17 anos, ela descobriu que era portadora da doença de Crohn, inflamação crônica que afeta o sistema digestivo, e conta que passou a se sentir pressionada com relação à aparência mesmo antes de estar fadada a usar a bolsa de colostomia temporariamente. “Meu corpo estava estragado por dentro, então eu sentia mais pressão para ficar atraente por fora. Eu trabalhava como modelo e a atenção que recebia pela minha aparência me dava a validação que eu pensei precisar”, conta.

Em 2013, porém, o remédio que ela tomava para controlar a condição parou de funcionar, e seu sistema digestivo fez o mesmo, tornando a colostomia necessária. “A colostomia era meu maior medo. Eu adiei, mas minha saúde piorou e eu fiz a cirurgia em agosto de 2015”, conta Lindsay. Segundo a moça, ela não quis olhar para a própria barriga durante dois dias. “Quando me vi pela primeira vez, pensei ‘como eu vou esconder isso das pessoas? Como posso ser eu mesma com essa coisa pendurada em mim?’”, lembra.

Além das dificuldades em ficar perto das pessoas – já que, segundo Lindsay, a situação faz com que ela produza sons e odores que não pode controlar – e em se vestir tentando esconder a bolsa, Lindsay conta que a vida sexual sofreu um grande impacto após a cirurgia. Segundo ela, Jeremy, seu parceiro desde 2007, nunca deixou de dizer o quão bonita ela é, mas isso não a impedia de se sentir exatamente o oposto de sensual. “Eu tinha pensamentos obscuros de que ele ia encontrar outra pessoa, alguém que não estivesse doente o tempo todo, que não tivesse essa coisa pendurada, uma pessoa como a que eu costumava ser”, desabafa.

Luz no fim do túnel

Reprodução/Foto-RN176 Segundo Lindsay, as inseguranças dela a aproximaram ainda mais do marido, ajudando-a a recuperar a confiança no próprio corpo – Reprodução/Twitter/Lindsaywashburn

Segundo Lindsay, as tão presentes inseguranças que passaram a fazer parte dela após a cirurgia fizeram com que ela e Jeremy se aproximassem mais ainda. “Tudo aquilo nos forçou a nos comunicarmos melhor e eu acabei ficando mais confortável no sexo”, conta. Com o tempo e a ajuda de Jeremy, Lindsay passou a encarar melhor as mudanças no corpo. “Eu entendi que o quão desejada eu sou não me define, minha força o faz. Um corpo saudável é um corpo sexy, e minha colostomia me faz saudável. Estou em paz com a possibilidade de ter de ficar com isso para sempre”, conta.

Hoje, Lindsay tem uma vida sexual normal e não se priva de mais nada por conta da bolsa de colostomia, lutando para que outras pessoas – principalmente mulheres – não passem pela mesma situação. “Eu descobri que, quanto mais as pessoas são expostas às bolsas de colostomia, mais diminui o tabu acerca do dispositivo. Hoje, eu ponho um biquíni sem nada a esconder e, me expondo, posso mostrar ao mundo e a outras mulheres como eu que essa doença não nos define”, conclui.