ROTANEWS176 26/08/2023 10:15 MATÉRIA DA DIVISÃO FEMININA Por Divisão Feminina da BSGI
Matéria para ser utilizada nas atividades da Divisão Feminina do mês de setembro.
Reprodução/Foto-RN176 Participantes da Conferência de Líderes das Mulheres Soka, realizada no Auditório da Paz do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda (São Paulo, SP, 4 jun. 2023) – Foto JBS/ Ilustração: GETTY IMAGES
Queridas rainhas do imenso Brasil! Desejamos que todas estejam bem, vencendo e desafiando todas as circunstâncias com “muito mais daimoku”.
Por falar em daimoku, no próximo dia 12 de setembro, teremos a conclusão do período dos cem dias de recitação do daimoku. Soubemos que várias rainhas se desafiaram e conquistaram imensuráveis benefícios com essa oportunidade. Vamos, cada vez mais, nos desafiar em nossa recitação diária, na leitura dos incentivos de Ikeda sensei e nos conectar a essa rede da vitória.
Neste mês, gostaríamos de convidar você para um bate-papo sobre empoderamento.
O que significa empoderar?
“Empoderar” é um verbo que se refere ao “ato de dar ou conceder poder para si próprio ou para outrem”.1 Conceito tão utilizado ultimamente que vem do inglês empowerment e foi usado pela primeira vez no Brasil pelo educador Paulo Freire. Segundo ele, empoderamento é a capacidade de um indivíduo de buscar por si mesmo as ferramentas necessárias para evoluir e se fortalecer.
Podemos dizer que empoderar é a capacidade do indivíduo de provocar a si mesmo, a ação de dominar ou ter poder sobre determinada situação, condição ou característica. Porém, esse poder nada tem a ver com superioridade; é um movimento de emancipação individual, de se conscientizar de quem você é, ter o domínio sobre a sua vida e tomar as próprias decisões. Resumindo, o empoderamento tem a ver com a nossa escolha da vida e, por meio dessa conscientização, somos capazes de transformar o meio em que vivemos, bem como nossas relações pessoais, profissionais e sociais.
Fantástico, não é mesmo?! Cá entre nós, podemos dizer que se empoderar é manifestar nossa condição de buda para realizar nossa revolução humana. E por que esse tema é tão presente entre as mulheres? Por vários séculos, a mulher viveu em uma cultura patriarcal, na qual seu papel na sociedade era restrito unicamente à família. Ela era a única responsável pelo serviço doméstico e pela educação dos filhos, sendo sempre governada pelo homem (pai, marido, irmão ou tio). Assim, a virtude das mulheres era a de reproduzir, de ser a mãe perfeita e protetora. A mulher era tida como o sexo frágil e como alguém sem direitos de escolhas.2 Na Constituição de 1824, a primeira constituição brasileira, a mulher não era considerada cidadã, portanto sem direito ao voto.3
Empoderamento nos jardins da Lei Mística
Há centenas de anos, o Oriente também era permeado por uma cultura em que as mulheres eram consideradas inferiores. Os ensinamentos pré-Sutra do Lótus não consideravam a igualdade entre homens e mulheres. Nesse cenário, Nichiren Daishonin revelou que não havia distinção entre homens e mulheres; enfatizando que as mulheres também tinham a condição de buda. Por meio de cartas, Daishonin encorajava as mulheres a se empoderar por intermédio da Lei Mística para atingir a iluminação na forma que se apresentavam.
Com esse mesmo sentimento de Daishonin, os Três Mestres vieram incentivando as mulheres, destacando a força, o potencial e o papel crucial delas em todas as esferas de atuação, sendo capazes de provocar ondas de mudança na sociedade.
O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, afirma:
No passado, esperava-se que as mulheres no Japão obedecessem aos pais na juventude, aos maridos quando se casassem, e aos filhos na velhice. As mulheres atuais romperam esses grilhões e conquistaram seus direitos individuais. No “século das mulheres” é imprescindível que esse empoderamento propicie felicidade genuína.
É essencial que as pessoas consigam pensar de maneira autônoma e efetuem seus próprios julgamentos, sem se deixarem influenciar indevidamente pela opinião pública, por tendências sociais ou pela pressão dos pares. Caso contrário, não estarão refletindo profundamente sobre seus próprios objetivos e metas, mas meramente tentando evitar ser deixada de fora.4
Podemos e temos o direito de conquistar o que desejarmos e de ser o que quisermos. E é importante destacar que, nessa jornada, é essencial nos manter no caminho da prática da fé, a base da nossa vida, bem como a forma para atingir a felicidade absoluta por meio da nossa revolução humana.
Independentemente de onde estivermos, podemos incentivar a nós mesmas e conquistar uma vida radiante. Na mesma proporção em que enfrentamos grandes provações e sofrimentos, uma grandiosa condição de vida de plena realização desabrochará em nossa vida.
Ikeda sensei declara:
No reluzente espelho chamado Sutra do Lótus reflete-se a essência da flor de lótus inerente em nossa vida. Por mais que nossa realidade seja difícil como um pântano lamacento, nela podemos desabrochar flores, sem sermos derrotados. E a filosofia que ensina o caminho dessa perseverança e da esperança é o Sutra do Lótus.5
Empoderada sendo exatamente como é
O best-seller Corajosa Sim, Perfeita Não, da autora indo-americana Reshma Sayujani, fala sobre um comportamento que está enraizado no nosso dia a dia sem nem percebermos: a busca irracional por sermos perfeitas o tempo todo. Sayujani compartilha sua trajetória desde a escola até uma vida profissional bem-sucedida. Embora tivesse obtido êxito na carreira, ela ainda sofria com a discriminação e o preconceito por ser mulher. Então, ela fundou a organização não governamental (ONG) chamada Girls Who Code (Mulheres que Programam) para que todas as mulheres também tivessem a oportunidade de desenvolver sistemas, destacando que essa não era uma função exclusiva dos homens. Atualmente, cerca de 130 corporações apoiam a ONG sem fins lucrativos, que já ajudou mais de 185 mil meninas e mulheres a ingressar no mercado de cientista da programação. Grandes empresas de tecnologia contratam essas profissionais.
Aprendemos com Sayujani que é possível ir além da programação de sistemas; podemos reprogramar a nós mesmas (reinstalar “nosso sistema”).
O livro menciona uma pesquisa muito interessante na qual se observou que a mulher só se candidata a uma vaga de emprego quando ela se sente 100% qualificada, enquanto o homem precisa apenas de 66% de compatibilidade para acreditar que é qualificado.
Quem foi que disse que precisamos ser perfeitas? O ponto aqui é “quantas vezes deixamos de nos posicionar ou tomar uma atitude simplesmente por não querer confrontar ou por não nos sentir à altura?”. Nossa autoestima sofre um baque quando nos silenciamos. Sofremos e prejudicamos nossas relações quando nos escondemos por trás de um verniz de perfeição. Essa camada protetora pode impedir que os outros enxerguem nossos defeitos e vulnerabilidade, mas também pode nos isolar daqueles a quem amamos e dificultar a construção de relações autênticas que façam sentido de verdade.
Para se reprogramar, Sayujani recomenda exercitar o músculo da coragem diariamente. Ao abandonar a necessidade de perfeição, dando lugar à coragem, podemos ter a ousadia de realizar o impensável do nosso jeito.
A coragem é uma busca que enriquece nossa vida com algo que a perfeição ameaçava tirar: felicidade autêntica, sensação de realização genuína, responsabilidade pelos próprios medos, abertura para novas experiências e possibilidades, aceitação dos erros e defeitos, os quais a tornam interessante e que fazem da nossa vida algo exclusivamente nosso.
Empoderadas da porta para dentro
Então, amigas? Empoderadas e corajosas, podemos hoje dar um novo passo? E como direcionar com sabedoria nossa liberdade de decisão e escolha?
O Mestre salienta:
Quanto maiores forem a liberdade e a democracia, maiores devem ser a autodisciplina e a iniciativa de cada um forjar-se. Caso contrário, as pessoas se tornarão escravas de suas ambições e viverão na ilusão e na busca de vantagens superficiais, sem poder encontrar a verdadeira felicidade. Por isso, é importante que todos se empenhem em realizar sua revolução humana, que é o ato de forjar e polir o próprio caráter. Sem esse empenho, não poderão seguir em direção à verdadeira felicidade. O ensino que possibilita alcançar a revolução humana é o Budismo de Nichiren Daishonin. Quero dizer que os senhores têm a importante tarefa de criar o exemplo de liberdade capaz de conduzir as pessoas à realização da verdadeira felicidade.6
O daimoku é o norteador dessa liberdade com sabedoria capaz de nos libertar das amarras do destino e das tendências cármicas. O daimoku é a chave para promover o empoderamento da porta para dentro.
Estamos na reta final do daimoku dos cem dias rumo a 12 de setembro, dia de “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” (hosshaku-kempon), ou seja, a revelação da verdadeira condição de vida. Se tiverem de mudar, falar, trocar, posicionar-se e sair da zona de conforto, comecem agora e com daimoku, como Ikeda sensei sempre nos incentiva:
Muito mais daimoku. Não há regra fixa de tempo. Recite em abundância até seu coração transbordar de satisfação — até o ânimo da sua alma ficar mais forte que a negatividade da sua realidade. Faça o seu melhor e crie um ritmo diário conforme sua necessidade, desejo e decisão.7
Tudo começa com a oração!
Para concluir, nosso mestre nos incentiva salientando:
A oração das mulheres e sua atuação arraigada na vida diária são a forma motriz capaz de mudar as circunstâncias de uma época. A força das mulheres é como a força do solo. Quanto o solo se move, tudo que existe sobre ele também se movimenta. Até mesmo a fortaleza do autoritarismo e a montanha que parece inabalável acabam ruindo. O poder das mulheres é imensurável e não há nada que seja impossível para elas.8
Um forte e carinhoso abraço!
Divisão Feminina da BSGI
ReprogrAME-SE!
Atualmente, consigo realizar por dia uma hora e quarenta minutos de daimoku com base no incentivo que aprendemos com nossas queridas veteranas. Hoje, atuo no Brasil e em Angola, difundindo socialmente o poder da mulher. Meu empoderamento não é somente da porta para fora, busco principalmente a mulher negra brasileira.
Como membro da BSGI, entendo que, a partir da minha missão, tenho a oportunidade de me conectar com diversas mulheres na sociedade e, juntas, dialogamos e criamos projetos para que nossas pautas sociais e pessoais sejam ouvidas e respeitadas. Assim, utilizo o meu empoderamento interior para cada vez mais seguir e caminhar com o propósito de dar vozes a mulheres e meninas.
É importante avançar focada na valorização de gênero e entender a sociedade e seus anseios. Acredito no compartilhamento e na determinação de uma mulher forte, que nunca caminha sozinha e está sempre alçando projetos que abarquem a todas e a todos.
TATIANA SANTOS
Vice-responsável pela Divisão Feminina do Distrito Itaboraí, RM Serra Imperial, Sub. Niterói, CSMRJ
Reprodução/Foto-RN176 Tatiana com sua filha, Aisha, Vice-responsável pela Divisão Feminina do Distrito Itaboraí, RM Serra Imperial, Sub. Niterói, CSMRJ – Foto: pessoal/ Ilustração: GETTY IMAGES
No topo: participantes da Conferência de Líderes das Mulheres Soka, realizada no Auditório da Paz do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda (São Paulo, SP, 4 jun. 2023)
Fotos: BS / Arquivo pessoal
Ilustração: GETTY IMAGES
Notas:
- Disponível em: https://www.significados.com.br/empoderar/. Acesso em: 16 ago. 2023.
- Disponível em: https://www.hojeemdia.com.br/opiniao/opiniao/a-evoluc-o-da-mulher-na-sociedade-1.827030. Acesso em: 16 ago. 2023.
- Disponível em: https://richtergruppe.com.br/o-papel-da-mulher-na-sociedade/ Acesso em: 16 ago. 2023.
- IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 25, 2020.
- Idem. Ensaio sobre as Mulheres. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 20, 2020.
- Idem. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 7, 2020.
- Brasil Seikyo, ed. 2.193, 31 ago. 2013, p. A4.
- IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 11, 2020.
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO