ROTANEWS176 E UOL12/06/2015 07h05
Reprodução/Foto-JC Para aproveitar o sexo, é fundamental se entregar a ele com desprendimento
O orgasmo é o clímax do sexo, mas transar pensando apenas em atingi-lo pode fazer com que homens e mulheres desperdicem momentos prazerosos. A fixação em alcançá-lo pode mesmo impedir que ele aconteça.
“As pessoas precisam estar interessadas no ato, envolvidas com as carícias… Quando se começa uma relação sexual determinado apenas a atingir o orgasmo, a possibilidade de se decepcionar é grande. O clímax depende de entrega e desprendimento, o que também significa pensar no prazer do outro. Quando queremos o orgasmo a qualquer custo, só estamos pensando em nós mesmos”, fala Carmita Abdo, psiquiatra e coordenadora do Prosex (Programa de Estudos em Sexualidade) da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo Marcelo Toniette, psicoterapeuta sexual pela USP, se os parceiros não têm consciência que a relação pode ser prazerosa independentemente de culminar ou não em um orgasmo correm o risco de tornar a transa tensa e desmotivante.
“O orgasmo deve ser visto como conquista e não obrigação. Se a pessoa fica na expectativa, inúmeras sensações prazerosas podem passar despercebidas. Isso diminui chances de experiências satisfatórias, com ou sem orgasmo”, fala o especialista.
O psicoterapeuta sexual Ítor Finotelli Jr., da Sbrash (Associação de Estudos em Sexualidade Humana), denomina “fenômeno da cultura do orgasmo” a hipervalorização da resposta sexual como objetivo do sexo. Segundo ele, a explicação pode ser atribuída aos aspectos socioculturais, pois muito se fala sobre como chegar ao ápice do prazer durante a transa.
“Comparo com o culto ao pênis, que trata da preocupação com o tamanho do órgão genital masculino. Com o orgasmo acontece o mesmo: todos falam sobre como ter o melhor da sua vida, com dicas, posições etc. Isso desenvolve uma obsessão pelo assunto”, afirma.
Produzir expectativa sobre o gozo, no entanto, pode causar fracassos para a relação. O casal que não consegue extrair prazer do sexo senão pelo orgasmo acaba deixando de lado o afeto, que deve ser levado em consideração durante o processo.
Os especialistas concordam que a primeira coisa a fazer para se livrar da obsessão e curtir a relação sexual como um todo é entender que o prazer está além do clímax.
“Estamos falando de uma das infinitas formas de prazer e defini-lo como a principal empobrece o relacionamento sexual. Todos são capazes de ter orgasmo, mas não significa que ele deve fazer parte de todas as atividades sexuais, obrigatoriamente”, declara Finotelli Jr.
Para Toniette, quanto maior a cobrança –sua ou do parceiro–, maior a chance de ficar distante dessa experiência. “É comum mulheres se queixarem de não chegarem ao orgasmo na relação sexual sem saber que ele é o resultado de um conjunto de sensações prazerosas ao longo do encontro erótico. Quanto mais estímulo, mais chances. E se o orgasmo não for alcançado, está garantida uma relação sexual gratificante e com troca entre o casal.