ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 21/03/2020 10:41
RELATO
Adriano tem força e coragem para avançar a cada dia e ser vitorioso em tudo
Reprodução/Foto-RN176 Adriano nas proximidades do Parque da Aclimação, SP
Em março de 2013, participei de uma atividade da BSGI, pela primeira vez, em São Paulo. O que mais gostei foi receber um aperto de mão e um abraço das pessoas que conheci, e ser recepcionado com alegria pelo grupo Sokahan. Ninguém se afastou de mim ou ficou reparando na forma como eu estava vestido. Naquele dia, senti que o budismo faria parte da minha vida. Eu tinha 24 anos e, ao olhar meu passado desafiador, reconheci que era de fato um jovem de muita boa sorte por estar ali.
Força para recomeçar
Meu pai morreu logo que nasci e minha mãe se casou novamente. Na nova família, sofri preconceito racial e maus-tratos. Então, aos 8 anos, fui parar em um abrigo para crianças e adolescentes.
Ao sair de lá, na maioridade, acabei vivendo em situação de rua e conheci uma mulher com quem tive dois filhos. E por não termos condições de criá-los, eles foram levados para um abrigo pelo conselho tutelar, tal como havia acontecido comigo.
Com o fim do relacionamento, eu me envolvi com outra mulher que infelizmente tinha muitos vícios. Vivíamos em más condições, num prédio invadido e, certo dia, ela ateou fogo em mim enquanto eu dormia. Buscando ajuda, desci cinco lances de escada com o corpo em chamas até ser socorrido.
Vivi momentos muito difíceis e uma recuperação dolorosa. E foi justamente nessa situação que conheci o Budismo de Nichiren Daishonin. Fiquei em cadeira de rodas, com grande parte do meu corpo ferido. Num dia, enquanto tentava subir em uma calçada, pedi ajuda para uma mulher que avistei. Era a Yara. Ela me ajudou, conversou comigo, me ensinou o Nam-myoho-renge-kyo e me entregou um cartão com essa oração por escrito. Fiquei curioso e queria recitar direitinho, mas como não era alfabetizado, tive dificuldades para pronunciar.
Recitar daimoku
Passei um período, durante a minha recuperação, sem ter contato com Yara. Quando queria recitar daimoku,pedia ajuda com a leitura para as pessoas.
Infelizmente, tempos depois fiquei sem meu cartão. Eu estava tão abalado que fui atrás da minha grande amiga. Quando a encontrei, expliquei-lhe que, embora estivesse interessado no budismo, não sabia ler. E, a partir daí, passei a me encontrar com a Yara todos os dias para recitar daimoku e ouvir os incentivos do presidente Ikeda que ela lia para mim.
Reprodução/Foto-RN176 Adriano e Henrique, na casa improvisada que organizou para receber o amigo
Decidi montar um barraco perto do trabalho dela, no bairro da Mooca. Eu tinha um pedaço de sofá, um tapete azul e colei uma foto do presidente Ikeda na parede improvisada. Agora fazíamos as orações juntos de manhã e na hora do almoço. E também Henrique Rocha, líder da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) da localidade, passou a me visitar e a me incentivar.
Conversando com a Yara, ela me perguntou o que eu queria da vida. Respondi que gostaria de ter um lugar para morar, arrumar um emprego e tirar meus documentos. E queria aprender a ler e a escrever.
Reprodução/Foto-RN176 Adriano com a amiga Yara e o filho dela, Gabriel, ao ingressar na BSGI, em 6 de julho de 2013
Ela me aconselhou a recitar daimoku até que concretizasse esses objetivos e a me aprofundar na prática da fé. Então, comecei a participar das atividades de bloco e de comunidade, nas quais fui acolhido carinhosamente por todos.
Aos poucos, concretizei meus objetivos. Em abril de 2013, eu me mudei para uma nova residência e, dias depois, estava com meus documentos. Tornei-me oficialmente cidadão paulistano e “Mooquense”! Fiquei tão emocionado que chorei por ter nome e endereço.
Mesmo sem ter contato frequente com meus filhos, compreendi com o budismo que a prática sincera é capaz de alcançar todos os nossos familiares. Isso tranquiliza meu coração.
Segui com meus planos e iniciei o curso de alfabetização na Magia da Leitura da minha organização e, com isso, melhorei a dicção. Em junho de 2013, consegui o primeiro emprego com carteira assinada. Estava feliz, pois conquistei meus objetivos e, para completar, em julho, recebi o Gohonzon!
Passei a assinar as publicações da Editora Brasil Seikyo e, comprovando meus esforços nos estudos, fui aprovado no Exame de Budismo e hoje sou Grau Médio. Também ingressei no grupo de bastidores da DMJ, Sokahan, do qual me orgulho de fazer parte. Feliz, sigo compartilhando minha história com as pessoas como forma de incentivá-las a transformar sua vida. Assim, dois amigos decidiram iniciar a prática budista motivados pelo meu relato. Que alegria!
Reprodução/Foto-RN176 Adriano em atuação no grupo de bastidores da DMJ, Sokahan
E, com o desejo de contribuir positivamente para minha amada Mooca, ingressei na associação de bairro junto com a Yara para difundir os ideais humanísticos Soka entre os moradores por meio de nossas ações.
Tenho muitos sonhos pela frente e, hoje, sei que posso conquistar todos eles. Já tirei até passaporte, pois quero ir ao Japão conhecer as terras do presidente Ikeda, tal como sonhei, como forma de agradecer-lhe por ter trazido o budismo para o Brasil e pela boa sorte de ter tido a chance de recomeçar a vida.