ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 25/06/2022 10:05 ESPECIAL DA REDAÇÃO
Superar as adversidades emanando alegria e coragem
Reprodução/Foto-RN176 Fotos: GETTY IMAGES / Seikyo Press
Não existe ser humano que não tenha problemas. Nos dias atuais, muitas questões externas podem afetar nosso interior e, com isso, pensamentos pessimistas (de que não conseguiremos) se tornam cada vez mais frequentes.
Com a pandemia da Covid-19, cada um precisou se adequar, assistindo aulas on-line ou trabalhando no formato home office, entre outras mudanças. Em 2020, por exemplo, a palavra “insônia” foi a mais procurada no Google,1 refletindo como o novo cenário impactou a vida das pessoas.
Em contrapartida, o budismo amplia nossa mente e nos faz renovar a determinação de atuar pela nossa felicidade e para que as pessoas ao nosso redor também se tornem felizes. Avançar com alegria, dia após dia, mesmo em meio às nossas questões é o que torna fascinante praticar o Budismo de Nichiren Daishonin, aprender com as orientações de Ikeda sensei e dialogar com os membros.
Um dos nomes que o Buda recebe é Nonin, que significa “Aquele que Consegue Suportar”. Sobre isso, o presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, nos incentiva:
Não existe ninguém mais forte que aquele que não teme a nada, não é derrotado por nada, e é capaz de suportar o sofrimento sem a menor lamentação — mesmo sendo perseguido ou aprisionado. A história prova que aqueles que vivem e lutam com elevada dignidade, destemidos diante de qualquer intimidação, são os que desfrutam a vitória final. Consequentemente, a força para resistir, não importando o que aconteça, isto é, a força para viver e sobreviver em meio a qualquer adversidade, é a base da suprema felicidade para os seres humanos. Isso corresponde ao estado de buda.2
É importante entender que suportar não significa aceitar a derrota. Pelo contrário, esse conceito expande nossa vida e passamos a acreditar em nosso potencial para avançarmos em meio às questões que desafiam nosso desenvolvimento. É fácil? Não, não é. Mas, quando assumimos o leme da nossa vitória, o que antes era escuro fica claro, como quando acendemos uma lâmpada.
Escrever a própria história
Ikeda sensei discorre sobre a condição de buda:
O propósito da fé é estabelecer firmemente o estado de buda em nossa vida, um estado de felicidade indestrutível que perdure pelas “três existências” — passado, presente e futuro. Eis a razão pela qual nos devotamos à nossa prática budista nesta existência. Atingiremos essa maravilhosa condição de vida por meio de esforços e lutas resolutos que empreendemos nesta vida.3
Conquistar a felicidade indestrutível, como o presidente Ikeda nos incentiva, é o objetivo da nossa prática budista. Não existe receita mágica para a felicidade, porém aprendemos que ela se inicia em nossa mente e no nosso coração com a decisão de “Vou vencer este problema infalivelmente” e “Ultrapassarei todas as questões com coragem e alegria”. Essa determinação se transforma em combustível para nossa própria felicidade.
Encontramos no romance Nova Revolução Humana o exemplo de uma jovem que conseguiu emprego na galeria de arte de uma importante loja de departamentos. Mas, seu trabalho se resumia a permanecer de pé por horas a fio, o que se tornou cansativo. Entretanto, incentivada por uma orientação de Ikeda sensei transmitida por um veterano, fez a seguinte reflexão:
Não estou trabalhando apenas para receber um salário. Meu ambiente profissional é o meu centro de treinamento, onde me lapidarei como ser humano. Mesmo que minha função seja simplesmente preparar chá e auxiliar os demais, jamais crescerei como profissional se apenas encarar o fato como algo que farei até me casar. Todo trabalho é indispensável e importante. Para dominar qualquer atribuição, necessito de esforço, criatividade e habilidade. (…) Independentemente de qual seja a minha função, vou me empenhar para me distinguir no local de trabalho.4
A sutil mudança de pensamento e de postura da jovem acarretou grande aprendizado e inúmeras outras conquistas. Esse é o ponto: não se abalar diante das dificuldades e continuar perseverando.
É importante não lamentar
O termo japonês para “lamentação” é guchi, composto por dois ideogramas chineses que significam “equivocado” (gu) e “tolice” (chi), ou “ignorância”.
Ikeda sensei enfatiza:
Pessoas que estão sempre se queixando tendem a criar um ambiente sombrio e roubam o entusiasmo daqueles à sua volta, mesmo que não tenham consciência disso.5
Aplicar agora, e não em outro momento
Que tal renovarmos nossa decisão e colocar em prática o conceito contido no nome Nonin, suportando tudo com alegria e convicção? Praticamos o budismo da revolução humana e aprendemos com Ikeda sensei e pelo exemplo dos veteranos que temos condições de realizar a transformação pessoal e social. Basta “acertarmos os ponteiros” e realinharmos nossa órbita da vida.
Assim como o presidente Ikeda nos incentiva em um poema:6
Outro nome do Buda
é Nonin — “possuidor de
grande tenacidade”.
Não seja influenciado
nem se abale diante
das circunstâncias!
Com forte perseverança,
trilhe até o fim
o caminho da missão
que jurou para si mesmo!
Resiliência destemida
Em 1982, num gélido 10 de janeiro, o presidente Ikeda viajou para a província de Akita, ao norte do Japão. Na época, os membros da localidade estavam superando as terríveis perseguições dos clérigos que atacavam Ikeda sensei e a Soka Gakkai. Além disso, dez anos antes, em 1972, os moradores de Akita haviam sofrido com terríveis enchentes na região. Em um ensaio, o presidente Ikeda relembra os fatos que marcaram aquele momento histórico:
Reprodução/Foto-RN176 Presidente Ikeda, de branco ao centro brada pela vitória com os companheiros no Centro Cultural de Akita (Japão, jan. 1982). Dr. Daisaku Ikeda, fundador da Universidade Soka. Dr. Daisaku Ikeda. Ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Fotos: GETTY IMAGES / Seikyo Press
Ansioso por ver e falar com cada um, em seis dias encontrei-me com quase 10 mil companheiros. Jamais me esquecerei das duas sessões de fotos no parque adjacente ao centro cultural, nossos companheiros de pé resistindo firmemente ao vento e à neve, ostentando o orgulho e a nobreza dos heróis de Akita. Representantes de Omagari e Noshiro também se juntaram a nós para as fotos em meio à neve de um branco imaculado e, cheios de alegria, bradavam sua vitória.
Ainda estão nítidos em meu pensamento o sorriso e as expressões sinceras de muitos que estavam reunidos naquele dia. Oro pela saúde e longevidade deles, para que trilhem com alegria o caminho do kosen-rufu. “O inverno nunca falha em se tornar primavera” — esse é o ritmo da natureza, bem como a lei do budismo.
Solicitei aos membros para construírem fortes distritos que fossem a base para o kosen-rufu: “Quando cada distrito se transformar em uma reunião de centenas de membros corajosos, definitivamente conseguiremos formar uma aliança de 10 milhões. Quando isso acontecer, a base do kosen-rufu se solidificará como uma rocha”.1
Nota: 1. Terceira Civilização, ed. 408, ago. 2002, p. 8.
Leia mais
no romance Nova Revolução Humana, volume 30-II, capítulo “Brado da Vitória”.
Notas:
- Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/bbc/2021/01/29/corona-insonia-o-fenomeno-que-esta-impedindo-as-pessoas-de-dormir-na-pandemia.htm. Acesso em: 15 jun. 2022.
- Brasil Seikyo, ed. 1.261, 19 fev. 1994, p. 4.
- Ibidem.
- IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 24, p. 244, 2019.
- Ibidem, p. 162.
- Brasil Seikyo, ed. 2.238, 9 ago. 2014, p. D4.
Fotos: GETTY IMAGES / Seikyo Press