Novo tipo de jiboia-anã é descoberto na Amazônia equatoriana

ROTANEWS176 E POR OLHAR DIGITAL 09/01/2023 18h50                                                                                      Por Mateus Dias e editado por Flavia Correira

A nova espécie, Tropidophis cacuangoae, foi descoberta na Amazônia do Equador e recebeu nome em homenagem a uma ativista indígena

 

Uma equipe de pesquisadores encontrou na Floresta Amazônica do Equador uma nova espécie de jiboia-anã. O animal é considerado uma relíquia do tempo, por possuir pelve vestigial, que é uma característica de cobras primitivas.

A jiboia-anã foi batizada de Tropidophis cacuangoae. O nome foi dado em homenagem a Dolores Cacuango, uma ativista indígena equatoriana do século 20. Dolores foi pioneira no ativismo em defesa dos povos indígenas e fundou as escolas bilíngues, como aponta o Ministério do Meio Ambiente do Equador.

Reprodução/Foto-RN176 A jiboia-anã Tropidophis cacuangoae tem cerca de 20 cm e possui coloração tradicional das jiboias. [Imagem: ORTEGA M.; BENTLEY A.; KOCH C.; MUÑOZ M; ENTIAUSPE O.]

A nova espécie tem cerca de 20 cm de comprimento e tem coloração semelhante à da Jiboia. Dois espécimes foram encontrados na Reserva Nacional Colonso Chalupas, na província de Napo, e na Reserva Privada Sumak Kawsay, em Pastaza.

Tropidophis cacuangoae é tida como endêmica do Equador, uma vez que sua distribuição se restringe a determinada região. Ela é encontrada nas florestas de altitude, locais de clima chuvoso, úmido e com presença de neblina.

“Esses animais são uma relíquia do tempo, são tão antigos que encontrar ou esbarrar com um deles é um privilégio”, como aponta Mario Yanez, pesquisador equatoriano do Instituto Nacional de Biodiversidade (INABIO), em declaração à Agencia France-Presse.

A pelve vestigial encontrada na Tropidophis cacuangoae é uma características das cobras primitivas e indica que a elas descendem de lagartos. Esse vestígio aponta que, em algum momento a milhões de anos atrás, provavelmente no período Quaternário, alguns répteis perderam seus membros.

A descoberta foi feita a partir de um estudo de quatro anos e publicado no European Joumal of Taxonomy. A pesquisa contou com o norte-americano Alexander Bentley, a alemã Claudia Koch e o brasileiro Omar Machado Entiauspe Neto. Além deles, o equatoriano Mauricio Ortega também participou do estudo.

A jiboia-anã é a sexta espécie descoberta do gênero Tropidophis, que é encontrado apenas na América do Sul. A descoberta pode ajudar a contribuir para que recursos sejam direcionados à conservação do seu habitat e que aumentem as áreas protegidas do Equador.