ROTANEWS176 07/02/2024 15:15 Por Ricardo Meier
Relatório preliminar confirmou suspeitas de que aeronave não tinha os ferrolhos que mantinham o anteparo que cobre o local onde fica uma saída de emergência extra em algumas versões do jato.
Reprodução/Foto-RN176 O buraco onde ficava o tampão de porta do Boeing 737 MAX N704AL (KGW)
O NTSB (National Transportation Safety Board), órgão responsável pela investigação de acidentes nos transportes nos EUA, confirmou em relatório preliminar publicado nesta terça-feira (6) que o Boeing 737 MAX 9 da Alaska Airlines (N704AL) estava sem os quatro parafusos que fixam o tampão de porta que caiu em voo.
Os ferrolhos, localizadas na base e nas laterais do anteparo e que o retém, estavam ausentes quando a Boeing entregou a aeronave, conforme uma imagem divulgada pelo NTSB.
“Os padrões de danos observados e a ausência de danos de contato ou deformação em torno dos furos associados aos parafusos supressores de movimento vertical e parafusos da guia superior nos acessórios da guia superior, acessórios da dobradiça e encaixe da guia da dobradiça inferior traseira recuperada indicam que os quatro parafusos que impedem a subida o movimento do plugue MED estavam faltando”, diz o relatório.
Reprodução/Foto-RN176 Foto fornecida pela Boeing mostra a ausência de três dos quatro parafusos (NTSB)
O incidente ocorreu em 5 de janeiro no Voo 1282 da Alaska Airlines entre Portland, no Oregon, e Ontário, na Califórnia. Minutos após a decolagem, enquanto realizava a subida a 16.000 pés, o 737 sofreu uma descompressão explosiva quando o tampão esquerdo estourou.
Veja como ocorreu o incidente Boeing 737 MAX 9 da Alaska:
RN176; – Avião da Alaska Airlines perde janela em pleno voo, mas aterrissa: ‘Foi um estrondo muito alto’
Não havia passageiros nos assentos ao lado e ninguém se feriu. Os pilotos conseguiram retornar à Portland e pousar em segurança, a despeito do enorme buraco na fuselagem.
O tampão foi recuperado dias depois após ser encontrado no quintal de uma casa. Ele estava praticamente intacto e foi levando para os laboratórios do NTSB em Washington, DC.
Reprodução/Foto-RN176 Os números indicam os rebites que precisaram ser refeitos ao lado do tampão (NTSB)
Peça retirada para correções em rebites
Relatos de funcionários da Boeing já apontavam que o tampão de porta poderia ter sido reinstalado, mas não preso pelos ferrolhos, em meio a um confuso processo de inspeção da fabricante.
A peça foi fabricada pela Spirit AeroSystems em sua filial na Malásia em março de 2023 e então enviada para sua fábrica em Wichita, nos EUA, responsável pela montagem da fuselagem. Após concluir a fabricação, a empresa remeteu a fuselagem para Renton (onde fica a linha de montagem final da Boeing) em 31 de agosto.
A diferentes Reprodução/Foto-RN176 soluções de portas oferecidas no 737 MAX 9: a opção da direita foi a que teve o problema (NTSB)
Uma primeira inspeção indicou que havia rebites mal feitos do lado direito do tampão, que foi removido para dar espaço para as correções, segundo o NTSB. Uma equipe da Spirit executou as correções nos rebites e o tampão foi reencaixado, mas sem os quatro parafusos de retenção.
Após a divulgação do relatório, a Boeing publicou um comunicado em que diz apreciar o trabalho do NTSB.
“Quaisquer que sejam as conclusões finais alcançadas, a Boeing é responsável pelo que aconteceu. Um evento como este não deve acontecer num avião que sai da nossa fábrica”, disse Dave Calhoun, CEO da empresa.
FONTE: AIRWAY