ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 07/07/2023 09:00 RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS
Ao encontrar a missão de vida, o jovem Pedro, da capital paulista, vence a ansiedade e segue com o sonho da educação popular.
Reprodução/Foto-RN176 Pedro de Oliveira. Na BSGI, é líder da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) da Comunidade Castro Alves, RM Liberdade – Foto: Arquivo pessoal
Eu me chamo Pedro de Oliveira, tenho 24 anos e pratico o budismo desde os 17. O caminho até a prática antecedeu os dois anos da minha conversão, quando resolvi fazer o vestibulinho. Graças a um ano inteiro de estudos, em 2014, fui aprovado em três ótimas escolas gratuitas. A que escolhi definiu minha jornada. Meus melhores amigos são os que encontrei lá; depois, ao começar a dar aula em um cursinho popular criado por colegas, descobri minha profissão dos sonhos, a de professor, e minha área favorita, História. Por último, foi por intermédio de colegas de turma, egressos da Escola Soka, que comecei a frequentar a Gakkai. Graças a eles, conheci o budismo e os ensinamentos do Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), humanista que tenho o orgulho de chamar de mestre. Em outras palavras, o vestibulinho foi porta de acesso para meus maiores tesouros e para a estrada que decidi trilhar.
Então, em abril de 2016, escolhi fazer parte da Soka Gakkai, engajando-me nas atividades da região da Mooca, zona leste de São Paulo. A boa sorte não demorou a se manifestar: entre janeiro e fevereiro de 2017, em um intervalo de menos de trinta dias, participei da Academia da Divisão dos Estudantes (DE) em Brasília, capital federal, concretizei meu primeiro shakubuku (pessoa a quem apresentamos o budismo) e recebi a notícia da minha aprovação na Universidade de São Paulo (USP).
Contudo, logo depois tive de enfrentar uma grande maldade. Foi no fim de 2017 que comecei minha batalha contra um caso clínico sério de depressão e de ansiedade. Consequentemente, em junho do ano seguinte, tentei pôr fim à minha própria existência. Eu via a dignidade da vida de todas as pessoas, menos da minha.
Na Soka Gakkai, aprendemos sobre o acúmulo de boa sorte; no meu caso, ela evidenciou de forma inesperada: minha mãe me imobilizou antes que eu me lançasse da sacada.
Dessa experiência de vida, destaco dois aprendizados importantes. Em primeiro lugar, relembrar que saúde mental não é algo que possa ser ignorado. No primeiro sinal de que ela não está bem, deve-se procurar ajuda. Não há demérito nenhum nisso; pelo contrário, é um gesto de extrema coragem.
Reprodução/Foto-RN176 Pedro faz a selfie na primeira imagem à esquerda, ao lado do irmão gêmeo Lucas e do pai, Joaquim – Foto: Arquivo pessoal
Em segundo, mostrar qual foi o momento de firmar meu juramento com Ikeda sensei, que ocorreu uma semana depois daquela tentativa de suicídio frustrada. Estava quatro dias internado, tendo ataques de ansiedade fortíssimos, e se aproximava a reunião da Divisão dos Universitários (DUni) da localidade, na qual seria apresentada a Proposta de Paz 2018, sugerida à Organização das Nações Unidas (ONU) pelo presidente Ikeda. Como líder da DUni, sabia da importância daquele encontro. Além de a explanação estar sob minha responsabilidade, participriam convidados da sociedade. Mais que isso, sabia que meu mestre contava comigo. Então, orei intenso daimoku (recitação do Nam-myoho-renge-kyo) e fui para o encontro, acompanhado do meu irmão gêmeo Lucas, em sua primeira atividade.
A reunião foi um sucesso! A partir daí, finalmente entendi que a dignidade da minha vida era também importante. Assim, recebi alta do tratamento em 2019, e sigo completamente saudável. Concluí meu bacharelado e licenciatura em História. Também consegui harmonizar as relações com meu irmão e meus pais, Joaquim e Daniela. Eles não são membros da organização, mas são os primeiros a me incentivar em tudo.
Eixo das conquistas
O sentimento de mestre e discípulo que criei em meio àquela crise me move até hoje. Continuo com meus estudos, atualmente fazendo mestrado na USP com direito à Bolsa de Excelência Acadêmica da Capes. Além disso, permaneço como educador popular, voluntário em um cursinho que luta para que o vestibular não seja um sistema de exclusão que impeça os jovens, especialmente os periféricos, de realizarem seus sonhos.
Nos dias atuais, os obstáculos continuam numerosos, mas cada vez menores em relação ao tamanho da minha missão. E ainda mais reforçada depois de tudo que vivenciei na Academia Índigo Juventude Soka do Brasil, no mês passado. Como responsável pela Divisão Masculina de Jovens (DMJ) da Comunidade Castro Alves, parte da RM Liberdade, venho me esforçando na criação de um ambiente que genuinamente preze e incentive cada um ali, junto com meus veteranos da Divisão Sênior (DS) e da Divisão Feminina (DF). Em nossas terças-feiras de daimoku e em nossas reuniões de palestra, estamos verdadeiramente conquistando um local de concentração de benefícios.
Reprodução/Foto-RN176 Com a mãe, Daniela, e o irmão – Foto: Arquivo pessoal
Com o curso da minha revolução humana, rumo a 2030, quero continuar me desenvolvendo como pesquisador e professor, para contribuir cada vez mais com a luta por uma sociedade menos desigual.
No livro Diário da Juventude, de autoria de nosso mestre, lemos:
Juventude regada com lágrimas. As lágrimas me fizeram descobrir uma nova força. As lágrimas me fizeram sentir uma emoção inexplicável jorrando do fundo do coração. Juventude, rica em poesia. Juventude, que vive com paixão e suor. Agora, nos momentos preciosos da juventude, quero expressar a mais primorosa obra da arte de viver.1
Amigos e amigas da Juventude Soka, contem comigo! Aonde vocês forem, eu vou também! Muito obrigado!
Pedro de Oliveira, 24 anos, educador popular. Na BSGI, é líder da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) da Comunidade Castro Alves, RM Liberdade.
Nota:
- IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo. 2019. p. 6.
Fotos: Arquivo pessoal