O caminho da vitória

ROTANEWS176 26/08/2023 09:40                                                                                                                                RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS       

A trajetória do paranaense Carlos Oliveira, que segue com coragem cumprindo a missão como um pilar de ouro.

 

Reprodução/Foto-RN176 Carlos Roberto Batista de Oliveira, vice-responsável pela RM Londrina Norte e também responsável pela Divisão Sênior da RM. nas dependências do Centro Cultural Norte do Paraná, junto com o busto de Ikeda sensei exposto no local – Foto: Arquivo pessoal

 A vida é feita de oportunidades e de escolhas, e a cada dia sinto imensa gratidão por todos os passos dessa minha trajetória. Eu me chamo Carlos Oliveira, 53 anos, resido em Londrina, PR, com minha esposa, Edicéia, e nossos dois filhos, Priscyla e Italo.

Há quarenta anos, por pouco uma escolha (de minha mãe, Tui vi Aiutê) me distanciaria de estar falando com vocês. Eu tinha 13 anos, e ela, indígena raiz que lutava bravamente para criar minhas duas irmãs e eu, pôs na cabeça que eu deveria ser padre, pois tinha medo das influências do ambiente onde vivíamos. Por sorte, ela percebeu que aquilo não era para mim. Dois anos depois, em 1985, ingressou na Soka Gakkai. Meu futuro de desenvolvimento começaria a partir dali. Antes de sair todos os dias para o trabalho, minha mãe deixava uma matéria do Brasil Seikyo com a instrução de que eu deveria ler e à noite contar para ela o que havia entendido. Lembranças que guardo como tesouro.

Com certeza, a semente do budismo já havia sido plantada. Aos 9 anos, enquanto brincava com colegas, fui atraído por um som diferente, e, ao me aproximar de uma residência, ouvi nitidamente a recitação do Nam-myoho-renge-kyo, bem como a leitura do sutra. Era um velório, e esse foi meu primeiro contato com a Lei Mística.

Mais de cinco anos se passaram. Estava eu na Divisão dos Jovens da organização, podendo construir uma juventude de propósito. Dei muito trabalho no início, confesso. Fugia do meu responsável, pulando o muro de casa para não encontrá-lo. Certa vez, perguntei-lhe por que insistia em me visitar, ouvindo dele que um dia eu poderia precisar. Palavras carregadas de máxima sinceridade. Isso foi um divisor de águas.

Aproveitei todos os momentos que a organização me oferecia. Integrei dois grupos horizontais: durante catorze anos fui do Gajokai (proteção das sedes), e minha maior alegria é não ter faltado a nem um plantão sequer. Depois, no Sokahan (coordenação de atividades e eventos), fazendo parte da primeira liderança na localidade. Viver o espírito de companheirismo como jovem da Gakkai é um grande orgulho. Foram anos também desafiadores, mas agora tinha um mestre da vida, Daisaku Ikeda.

Reprodução/Foto-RN176 Momentos com a família: Carlos ao centro da foto, ladeado pela filha, Priscyla e a esposa, Edicéia, e atrás o filho, Ítalo. A esquerda da foto traz Emilio, companheiro da mãe de Carlos, Tui, à frente do grupo, em selfie feita por Eduardo, genro do relatante – Foto: Arquivo pessoal

Conheci minha esposa em 1987. Em lágrimas, logo me informou que não poderíamos ter filhos em razão de abuso sexual que sofrera aos 6 anos. Os médicos foram unânimes nessa confirmação. Com convicção, disse à Edicéia que possuía um tesouro em casa, o Gohonzon (objeto de devoção budista) e o apoio da minha amada mãe, que me incentivava e orava junto comigo. No ano seguinte, nasce Priscyla, saudável. Atualmente, casada, formada em direito e com nova formação em curso; é responsável pela Divisão Feminina de Jovens (DFJ) da Sub. Norte do Paraná. Depois, veio Ítalo, para completar a alegria da família. Não há oração sem resposta.

O trabalho como missão

Passei por diversas áreas: rádio, construção civil, vendas. Em 2005, atuava em uma emissora de TV e decidi trabalhar na Austrália. Vivendo lá, minha esposa foi envolvida em um grave acidente a caminho do trabalho: cinco dias em coma e dois meses internada, cuja diária hospitalar custava 950 dólares. Os valores, porém, foram cobertos pela seguradora do condutor, assim como a sequência do tratamento quando retornamos ao Brasil em 2010. Vencemos juntos, e hoje ela está com plena saúde.

Em 2018, fui contratado como funcionário da BSGI, não tendo palavras para expressar tamanha gratidão e felicidade por poder cuidar e zelar do nosso Centro Cultural Norte do Paraná, verdadeiro castelo da paz.

Mais oportunidades? Sim, desta vez, as ações da maldade vieram me testar como pai. Meu filho passou por momentos desafiadores, causando-nos muitas dores. Nós nos unimos em uma batalha intensa de daimoku, convictos de que família que recita daimoku nada teme. Meu filho nos fez crescer como pais, e hoje ele atua como chef de cozinha, sua grande paixão. Vitória!

Reprodução/Foto-RN176 O encontro com o veterano, José Edvaldo, em atividade recente em Maringá: “Como é maravilhoso viver na órbita do Mestre”

Iniciamos 2020 e, certo dia, acordei com um barulho terrível nos ouvidos, parecendo uma panela de pressão. Eu mal conseguia dormir, raciocinar. Ampliei meu daimoku para cinco horas diárias, com o sentimento de que “O inverno nunca falha em se tornar primavera”.1 Foi constatado um zumbido de escala severa e tive a boa sorte de encontrar uma excelente especialista, indicando-me aparelhos auditivos. Hoje levo uma vida normal.

Fazer das dificuldades e dos sofrimentos oportunidades para virar a chave e vencer é minha maior honra. Escolhi trilhar o caminho da vitória, tendo como base o daimoku do rugido leão, de coragem insuperável. Imensamente grato à minha esposa e aos meus filhos, e à minha mãe, pelo apoio incondicional. E aos companheiros e veteranos, que a todo momento estão comigo.

Aos 53 anos, atuando na Divisão Sênior (DS), eu me inspiro no Mestre e naquele veterano que jamais desistiu de mim. Moramos em cidades distintas, mas, misticamente, encontrei o José Edvaldo em Maringá, na recente Reunião Nacional de Líderes (RNL) da BSGI.

Reprodução/Foto-RN176 Reunião de distrito promovida na residência de Carlos – Foto: Arquivo pessoal

Seja nas visitas, seja nas reuniões, busco ser braço e ombro para todos, em especial para os jovens, a fim de que tenham a mesma chance de encontrar e fortalecer um nobre propósito de vida. Ikeda sensei, conte sempre comigo!

Carlos Roberto Batista de Oliveira, 53 anos, vice-responsável pela RM Londrina Norte e também responsável pela Divisão Sênior da RM.
No topo: Carlos posa nas dependências do Centro Cultural Norte do Paraná, junto com o busto de Ikeda sensei exposto no local

Fotos: Arquivo pessoal


Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020.

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO