ROTANEWS176 12/10/2016 20h45 Por Por JC
BRASIL
Ele conseguiu formar uma legião de admiradores, nem acabava o mês ele já ficavam esperando o mês seguinte com suas principais histórias anti-heroica do “Amigo da Onça”.
Reprodução/Foto-RN176 Casou-se com Angélica Braga Guimarães, em setembro de 1949, com quem teve seu único filho, Péricles. Separou-se seis anos depois
Péricles de Andrade Maranhão nasceu em Recife, 14 de agosto de 1924. Criado em Pernambuco, em 1942 Péricles muda-se para o Rio de Janeiro, onde começa sua carreira nos veículos dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand com As aventuras de Oliveira Trapalhão, publicadas na revista A Cigarra No ano de 1943 a revista. O Cruzeiro baseada numa equipe jovem e de qualidade, iniciou a revolução que faria nos anos seguintes se tornando a revista mais importante do Brasil. Péricles participou com um tipo humorístico que traduzisse“a verve típica e o humor carioca”, que captasse “o estado de espírito daquele que vive no Rio de Janeiro, não importa onde tenha nascido”. Rabisca pra cá, rabisca para lá, Péricles colocou o lápis para pensar e emergiu uma figura que lhe parecia apropriada: Baixinho, cabelo penteado para trás à base de gumex, summer jacket, bigodinho safado e olhar de peixe morto. Fez tanto sucesso, que as tiradas que antes ficavam na capa e contracapa passaram a ser dentro da revista, evitando que as pessoas apenas as folheassem sem pagar. O Amigo da Onça é um personagem criado por Péricles de Andrade Maranhão e publicado em uma charge pela primeira vez na revista O Cruzeiro em 23 de outubro de 1943. Amigo da onça é o indivíduo que se mostra amigo, e ao mesmo tempo, é alguém que não se pode confiar, pois é uma pessoa falsa, que trai as amizades, hipócrita e infiel. Se tornando-se em um dos personagens mais populares do Brasil
O Amigo da Onça foi utilizado para fazer jornalismo e críticas e em muitas situações o Amigo da Onça esculhamba instituições como o casamento, exército e a hipocrisia social contida no jogo de aparências. Estreou em 23/10/1943, capturando de imediato a atenção dos leitores. O sucesso do Amigo da Onça entre os leitores era enorme, mal se podia esperar pela próxima revista para vê-lo cometer as maiores maldades: Enganar um podre transeunte na rua, pregar uma peça na sogra, azedar com o cara que pedia dinheiro emprestado, botar uma armadilha para o chefe mal-humorado, etc. Ele foi publicado durante mais de 20 anos ininterruptos em O Cruzeiro. Ao contrário de repórteres como David Nasser e Jean Manzon, desenhistas de humor como Carlos Estevão ou escritores como Rachel de Queiroz, que transformaram seus nomes em grifes, quão difícil era desvincular seu nome do personagem.
Reprodução/Foto-RN176 Conhecido como Péricles era uma pessoa muito simples sem grandes pretensões, mas dedicadíssimo ao trabalho. Era dito como um boêmio inveterado, pois adorava frequentar alguns bares do Rio.
Dono de uma personalidade atormentada, o sucesso fez com que Péricles Maranhão passasse a odiar sua criação, pois era sempre citado como “O criador do Amigo da Onça”. Apesar disso, o cartunista continuou ilustrando suas histórias semanalmente, por 17 anos ininterruptos. O Amigo da Onça era uma espécie de herói irônico ou “figura do homenzinho carismático macunaímico que satiriza costumes e acontecimentos“. O personagem encarna com olhar cínico e dissimulado o espírito de porco que se encontra em algum lugar entre o malandro carioca da Lapa e o grã-fino da vida mundana do Rio de Janeiro. Sempre alinhado, de cabelo engomado, calças pretas, paletó branco e gravata-borboleta, o Amigo da Onça está pronto para tirar vantagem de tudo, em geral colocando seus interlocutores em situações humilhantes e vexatórias.
Por suas criações, Péricles é considerado um dos responsáveis pela inovação do humorismo brasileiro. Apesar dos diversos trabalhos de alta qualidade executados ao longo da vida – por exemplo, ao lado de Millôr Fernandes durante dez anos na coluna O Pif-Paf, também na revista O Cruzeiro, ou com charges políticas Por trás da personalidade irreverente, havia uma pessoa muito sensível. No último dia do ano de 1961, sentindo-se só, suicidou-se abrindo o gás no seu apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro. Péricles era desquitado e estava longe dos parentes e amigos. Antes de cometer o suicídio, fixou na porta um cartaz onde se lia: “Não risquem fósforos“.
Reprodução/Foto-RN176 Mais uma do Amigo da Onça, que Fernando Machado tirou da sua coleção da revista O Cruzeiro. A criação do pernambucano Péricles mostra que não perdeu a atualidade, muitos anos depois.
Depois da morte de Péricles, o “Amigo da Onça” foi desenhado por Carlos Estevão, sendo publicado até 1972. Os diretores da revista O Cruzeiro queriam criar um personagem fixo e já tinham até o nome, adaptado de uma famosa anedota.