O direito de ser feliz

ROTANEWS176 09/11/2024 11:55                                                                                                                              RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS

Ao triunfar sobre o destino de sofrimento, Everte conquista a realização profissional e acadêmica em direito, e inspira outros jovens a vencer também.

 

Reprodução/Foto-RN176 Everte com os jovens que seguiram para o Japão em 2017, para curso de aprimoramento da SGI: “Renovei minha decisão de jamais abandonar este budismo e de propagá-lo, sempre com gratidão”. Foto: Arquivo pessoal

Eu me chamo Everte Miller Sampaio, tenho 30 anos. Sou advogado e professor universitário, um sonho que se tornou possível a um jovem que tinha tudo para dar errado. Não tive contato com meu pai e cresci assistindo à minha mãe ser agredida de maneira brutal em casa, a ponto de quase perder a própria vida. Meu padrasto, pai dos meus três irmãos menores, tinha problemas com álcool. Foram várias as violências. Pânico e sofrimento marcaram nossos dias, sem brincadeiras e carinhos, direitos simples de crianças. Nesse ambiente de inferno, sonhar com o futuro não nos era permitido. Será?

Estava com 17 anos quando uma amiga de escola me apresentou o Budismo Nichiren, em Oriximiná, pequena cidade a oeste do Pará, com mais ou menos 50 mil habitantes. Situa-se a 150 quilômetros de Santarém, também no Pará, onde morei por aproximadamen­te oito anos. Percorria cerca de doze horas de barco (navegando pelo rio Amazonas) para me locomover entre essas cidades.

Ao recitar Nam-myoho-renge-kyo pela primeira vez, brotou em meu coração a esperança de transformar aquele destino. Logo no início da minha prática, meu padrasto foi embora de casa, abandonando a família. Nós nos unimos em casa, agora livres daquele cenário de aflições.

Logo depois, após concluir o ensino médio, fui morar em Santarém, apenas com uma única mala de roupas, indo em busca de emprego. Aceitei o convite de uma amiga para dividirmos a moradia e, em meio a esses desafios, objetivei cursar uma faculdade. Com o apoio dos veteranos da localidade, acordava todos os dias às 5 horas da madrugada para fazer duas horas de daimoku, durante muito tempo.

Mesmo enfrentando muitos de­safios, os benefícios sempre surgiram e tudo começou a mudar. Esforcei-me para participar ao máximo das atividades, pondo em prática o tripé “fé, prática e estudo” como ingrediente para minha revolução humana. Li duas vezes o Diário da Juventude, de autoria do Dr. Daisaku Ikeda. Foi assim que conheci quão desafiadora foi a vida do jovem Ikeda. “Se meu mestre venceu, eu também posso vencer.” Assim, avancei, atuando com afinco ao lado dos meus companheiros da localidade, cumprindo o real aspecto de desbravar o kosen-rufu no Amazonas.

Percebo com muita gratidão que toda a dedicação em prol do kosen-rufu me fez criar forte convicção da veracidade desse budismo. Comecei sozinho, mas depois minha mãe e meus três irmãos abraçaram esse maravilhoso ensinamento. Fiz shakubuku em minha avó materna, que se converteu aos 65 anos. Hoje, minha família tem até um fukushi (criança que nasce num lar budista), meu sobrinho Dante.

Inspirar pelo exemplo

Nesses doze anos de prática, trouxe à órbita dessa grandiosa Soka Gakkai 37 pessoas, inspiradas pelas minhas comprovações. Sempre abracei os direcionamentos da BSGI com muita força. Se era para atravessar o rio Amazonas, o estado do Pará, viajando dez horas de barco, lá estava eu pensando sempre na felicidade das pessoas. Com essas vitórias, fui ao encontro do Mestre, em 2017, como integrante de um curso de aprimoramento no Japão (kenshukai). Ao fazer minhas orações no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu, renovei minha decisão de jamais abandonar este budismo e de propagá-lo, sempre com gratidão.

Estou morando há quatro anos em São Paulo. Da Selva Amazônica para a Selva de Pedra, como é chamada a cidade. Determinei conquistar amplas oportunidades, principalmente profissionais. Falava comigo mesmo: “Nasci para vencer, tenho o Gohonzon, vou vencer com daimoku”. Lembrava-me de um trecho do Gosho que diz: “Deve ser mestre da própria mente em vez de permitir que a mente a domine”.1 Orava dessa forma, e venci.

Reprodução/Foto-RN176 Everte Miller Sampaio Lavôr. Na BSGI, é responsável pela Divisão Masculina de Jovens (DMJ) da Comunidade Higienópolis, RM Centro, CGESP.

Triunfo sobre o medo

Tornei-me advogado, fiz inúme­ras especializações e estou na etapa final de conclusão do mestrado acadêmico. Desenvolvi-me na carreira profissional e acadêmica, conquistando o sonho de ser professor universitário. Contribuir com a educação é o propósito da minha vida, é a minha missão. E assim desbravar esse caminho que transforma a vida das pes­soas, como meu mestre me ensina.

Sou muito grato a Ikeda sensei por motivar minha vida, bem como aos meus veteranos das localidades por onde passei, os quais sempre me apoiaram. Em outubro último, participei da celebração dos quarenta anos da Divisão dos Universitários (DUni), realizada em Manaus, AM, quando renovei minhas determinações, retornando à Amazônia do meu coração. Agora, meu desejo e compromisso é garantir que o avanço da Juventude Soka e da localidade em que atuo seja a causa para o avanço da BSGI. Contem sempre comigo!

Por fim, compartilho um trecho de um incentivo do presidente Ikeda no qual ele cita as palavras do seu mestre, Josei Toda:

Independentemente das circunstâncias, se você se levantar com base numa profunda e grandiosa fé, conseguirá transformar tudo. Se você mudar, se você se desenvolver, se você assumir a responsabilidade, vencerá a tudo. A essência é você. Viva para construir a si mesmo!”.2

Muito, muito obrigado!

Everte Miller Sampaio Lavôr, 30 anos. Advogado e professor universitário. Na BSGI, é responsável pela Divisão Masculina de Jovens (DMJ) da Comunidade Higienópolis, RM Centro, CGESP.

No topo: Everte com os jovens que seguiram para o Japão em 2017, para curso de aprimoramento da SGI: “Renovei minha decisão de jamais abandonar este budismo e de propagá-lo, sempre com gratidão”. Foto: Arquivo pessoal

Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 409, 2020.
  2. Brasil Seikyo, ed. 2.371, 13 maio 2017, p. A10.

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO