O espírito do 3 de Maio no coração e nas ações

ROTANEWS176 E POR  JORNAL BRASIL SEIKYO  04/05/2022 18:05                                                                      REDE DA FELICIDADE

Incentivos extraídos do romance Nova Revolução Humana

Reprodução/Foto-RN176 Ilustração retrata jovem Daisaku Ikeda tomando posse como terceiro presidente da Soka Gakkai (3 maio 1960) Dr. Daisaku Ikeda. Ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Em gratidão a Shin’ichi Yamamoto [pseudônimo do presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, no romance Nova Revolução Humana (NRH)] pelos seus incentivos e pela comprovação da prática budista em sua vida, Tsuruko Kaneda e os membros do Distrito Bunkyo dedicam-se sinceramente à propagação do budismo.

  1. DAISAKU IKEDA

[Em 9 de maio de 1978, Shin’ichi Yamamoto participa de atividades no Centro Cultural de Nerima, Japão.]

Havia rostos familiares, pes­soas com quem atuou junto nos primórdios da Soka Gakkai.

Shin’ichi dirigiu a palavra a Tsuruko Kaneda, com quem atuou no Distrito Bunkyo quando ele assumiu como responsável interino pelo distrito.

Tsuruko cumprimentou-o expressando um largo sorriso em seu rosto.

Em maio de 1953, ela participou com sua irmã não convertida de uma reunião de palestra liderada por Shin’ichi e decidiu ingressar na Soka Gakkai após ouvir suas palavras.

A empresa em que o marido de Tsuruko trabalhava faliu e ele foi acometido de tuberculose.

Dentre os seus três filhos, o mais velho, que estudava no primeiro ano do ensino fundamental 1, estava extremamente magro por ter contraído tuberculose, asma e colite.

Ela e a família viviam com muita dificuldade, sem recursos para tratar devidamente as doenças e por vezes faltava dinheiro até para comprar alimentos.

Tsuruko não conseguia visualizar nenhuma esperança em sua vida e acreditava que apenas uma escuridão profunda a aguardava no futuro.

Ela havia perdido até mesmo a vontade de se arrumar ou ajeitar o cabelo, seu rosto era pálido e sombrio e o sorriso havia desaparecido de sua face, e ainda passava os dias suspirando e balbuciando “Quero morrer…”. (…)

Quando Tsuruko estava no auge do sofrimento, a irmã dela foi convidada a participar de uma reunião de palestra da Soka Gakkai por uma conhecida. (…)

[Ao chegarem,] a sala estava lotada com aproximadamente cinquenta pessoas e o ambiente transbordava de energia. (…)

[No final da atividade, Shin’ichi Yamamoto, um jovem de 25 anos, proferiu seus incentivos. Desde a chegada das irmãs Kaneda à reunião, ele não conseguia deixar de se preocupar com o aspecto cansado e muito debilitado de Tsuruko.]

Sua voz forte e vibrante ressoou pela sala.

— A maioria das pessoas está fazendo o máximo e se esforçando da melhor maneira para ser feliz. Entretanto, esforçar-se apenas não é uma garantia de que todos conquistarão a felicidade. Por que existem pessoas que são bem-sucedidas e alcançam a felicidade enquanto outras não conseguem, apesar de terem feito o mesmo esforço para isso? É porque depende da boa sorte. Se possuir boa sorte, todos os esforços são recompensados e se transformam em frutos da felicidade.

Ao ouvir a expressão “boa sorte” dita por Shin’ichi Yamamoto, Tsuruko Kaneda lembrou-se do irmão mais velho já falecido. Ele estudara na Faculdade de Biologia de Tóquio (atual Universidade de Ciências de Tóquio), sempre obtinha as melhores notas e era a grande expectativa e esperança da família.

Os pais tinham a saúde frágil e a família vivia em condições difíceis.

Com o intuito de apoiar o irmão, tanto a irmã mais velha como Tsuruko abriram mão de prosseguir com os estudos e foram trabalhar. Contudo, o irmão contraiu tuberculose pouco antes de se formar. Ele passou a tossir sangue com frequência, e depois de cinco anos de tratamento em repouso, acabou falecendo aos 28 anos. (…)

Após as suas palavras, Shin’ichi abriu uma sessão de perguntas e respostas com os participantes.

Tsuruko relatou a respeito do irmão e perguntou a Shin’ichi:

— Será que existe mesmo uma religião verdadeira assim como meu irmão dizia? Para mim, tanto a vida como a sociedade são injustas e penso que vivemos num mundo em que os honestos são os que saem perdendo.

Shin’ichi meneou profundamente a cabeça em concordância e, com um sorriso no rosto, respondeu:

— Entendo. Seu irmão estava em busca deste ensinamento correto de Nichiren Daishonin até o fim da vida. Por favor, ore em memória dele. Ao recitar Nam-myoho-renge-kyo, sua força se propaga para todo o universo. Imagino que tenha experimentado diversas dificuldades. Todavia, os seres humanos, vieram ao mundo para ser felizes. Sem falta, podem conquistar a felicidade por meio deste budismo. A senhora não pode desistir. Gostaria de se juntar a nós e realizar esta prática? Na vida existe uma órbita que conduz à felicidade: o Budismo de Nichiren Daishonin. Todos os esforços e sofrimentos vividos na correta órbita da vida produzem frutos. No entanto, se sua vida estiver em uma órbita errada, por maiores que sejam os esforços dedicados, tudo será em vão. É o mesmo que tentar encher desesperadamente uma vasilha sem fundo com água; jamais conseguirá enchê-la.

Com paciência e consideração, Shin’ichi Yamamoto prosseguiu explicando a Tsuruko Kaneda que as pessoas possuíam um destino cármico e que, por meio da prática do Budismo de Nichiren Daishonin, elas podiam não só transformá-lo como edificar uma condição de vida de inabalável felicidade. Imaginando as duras provações e os muitos sofrimentos que aquela senhora diante dele já tinha vivenciado, desejava do fundo do coração que ela fosse verdadeiramente feliz.

Shakubuku é a expressão de forte determinação que anseia a felicidade do próximo.

Tsuruko sentiu-se tocada pela sincera dedicação e forte convicção na fé daquele jovem chamado Shin’ichi Yamamoto, que acabara de conhecer. Foi como se um feixe de luz tivesse iluminado de uma só vez seu coração enclausurado na completa escuridão.

— Por favor, permita-me então praticar este ensinamento — disse Tsuruko, repentinamente.

Shin’ichi respondeu-lhe de modo sereno:

— Ao praticar este budismo, sem falta enfrentará a oposição de pessoas à sua volta. Maldades também se levantarão com toda a certeza. Nichiren Daishonin afirma nos escritos: “Se isso não acontecesse, não haveria maneira de saber que este é o ensinamento correto”.1 As maldades ocorrem justamente porque este budismo é o correto, por isso, se não tiver coragem, não conseguirá manter a fé até o fim. A senhora está disposta a enfrentar tudo isso?

— Sim!

Tsuruko refletiu: “Meus infortúnios na vida só me fizeram pensar em morrer. Se esta fé me permitir transformar esta realidade, então vou mantê-la por toda a vida, sem falta, por mais que enfrente a oposição de quem quer que seja!” — assim jurou resolutamente em seu coração.

[Tsuruko abraçou com sinceridade a prática do budismo, dedicou-se às atividades da Soka Gakkai e tornou-se uma líder da Divisão Feminina (DF).]

Tsuruko passou a atuar intensamente no incentivo aos membros fazendo várias baldeações de trens e de ônibus para encontrá-los. (…) Participava das viagens de orientação às localidades com alegria e disposição. Ela chegou a acompanhar Shin’ichi Yamamoto e outros líderes na visita à região de Fujieda, província de Shizuoka. (…)

Não só Tsuruko, mas todos os que acompanharam Shin’ichi em suas atividades aprenderam com a conduta dele, com a postura de um líder da Soka Gakkai e com o espírito contido nela.

Para todos eles, membros do Distrito Bunkyo, o fato de terem lutado lado a lado com Shin’ichi, quando responsável interino pelo distrito, era motivo de maior orgulho e honra.

Por outro lado, Shin’ichi também tinha profundo carinho pelos dedicados amigos do Bunkyo e depositava grande expectativa neles. Havia jurado dentro do seu coração que jamais mediria esforços por eles.

Em 3 de maio de 1960, Shin’ichi Yamamoto tornou-se o terceiro presidente da Soka Gakkai.

Quando tomaram conhecimento da definição de que Shin’ichi seria o próximo presidente, os membros do Distrito Bunkyo — em meio à grande euforia — ponderaram como deveriam comemorar a posse do novo presidente.

Eles então relembraram a experiência compartilhada em certa ocasião pelo próprio Shin’ichi, que relatou sua decisão no momento em que foi definido que Josei Toda assumiria como segundo presidente da Soka Gakkai: “É o surgimento do grande mestre do kosen-rufu! Para expressar a alegria desse momento, como discípulo, só existe a propagação dos ensinamentos!”. Então, Shin’ichi desafiou a realização do diálogo sobre o budismo com um conhecido, que recebeu o Gohonzon no mesmo dia e local da posse do presidente Josei Toda, em 3 de maio de 1951

— Vamos concretizar um grande resultado de shakubuku para comemorar a posse do Yamamoto sensei como presidente!

Transformar tudo em força propulsora da propagação — eis o pensamento que norteia a Soka Gakkai, a organização do kosen-rufu.

O Distrito Bunkyo saiu em disparada. No mês de abril que antecedia a posse de Shin’ichi, ele brilhou como distrito campeão de resultado em shakubuku de todo o Japão.

Na Convenção da Soka Gakkai realizada em 3 de maio de 1960, na qual Shin’ichi Yamamoto foi empossado como terceiro presidente, o Distrito Bunkyo, que havia alcançado um majestoso desenvolvimento, foi subdividido em três distritos.

Tsuruko Kaneda, que era membro do conselho do Distrito Bunkyo, tornou-se a responsável pela Divisão Feminina do recém-fundado Distrito Shinjuku. (…)

[Para visitar os membros], como era necessário fazer várias transferências entre trens e ônibus, [Tsuruko] não conseguia realizar mais que duas ou três visitas por dia. A questão dos gastos com a condução também era uma sincera preocupação. Ela se esforçava ao máximo para economizar nas despesas diárias. Como não tinha telefone em sua casa, as comunicações diversas demandavam esforço redobrado.

Houve ocasiões em que teve de esperar na fila do telefone público à noite no inverno tremendo de frio.

Contudo, quando algum membro que ela orientou ou incentivou vinha lhe comunicar que se levantara na prática graças a ela e estava feliz por comprovar os benefícios da fé, todo o seu cansaço desaparecia e sentia seus esforços sendo recompensados.

Tsuruko confeccionou um caderno de anotações de orientações individuais e registrou em detalhes a situação de cada membro visitado e também o conteúdo das orientações dirigidas a ele. Ela orava sincero daimoku para que cada um pudesse superar e vencer seus problemas e entrava em contato regularmente com eles para saber como estavam.

Ela pensava: “A orientação individual se completa verdadeiramente quando a pessoa orientada consegue superar seus problemas e comprova a grandiosidade desta fé!”.

Ao orar e se dedicar em prol da felicidade dos seus companheiros do distrito, ela própria adornou sua vida com muitos benefícios.

Tsuruko se mudou do bairro de Itabashi para uma casa espaçosa com telefone em Nerima e todos os familiares se restabeleceram dos problemas de saúde. Seu lar se transformou num local em que os risos de alegria nunca se esgotavam.

Na primavera de 1978, a quantidade de nomes de pessoas visitadas por Tsuruko anotadas em seu caderno ultrapassava a casa de mil. Esse número representava as flores de felicidade que ela fez desabrochar na vida das pessoas com sua dedicação.

Acender a chama da coragem e da convicção no coração de cada pessoa e fazê-la despertar para sua missão pelo kosen-rufu constituem o mais elevado e sublime empreendimento.

Esse caderno de anotações de orientações individuais se tornava o tesouro e o orgulho dela.

Shin’ichi Yamamoto já havia tomado conhecimento dessa abnegada dedicação de Tsuruko, que não media esforços para incentivar os companheiros.

No dia 9 de maio de 1978, durante uma reunião de diálogo realizada no Centro Cultural de Nerima, Shin’ichi disse a Tsuruko:

— Pessoas esforçadas, dedicadas e sinceras são realmente fortes. Sem falta elas vencerão no final. Isso é a fé. Mesmo que se tornem líderes, se assumirem uma postura astuta — de quem foge do trabalho árduo e opta sempre pelo caminho mais fácil —, jamais conseguirão rea­lizar a transformação da condição de vida nem do destino. É assumindo para si a árdua luta em prol do kosen-rufu, da Soka Gakkai e dos companheiros e empenhando-se diligentemente para esse fim que edificarão a felicidade indestrutível na vida.

Reprodução/Foto-RN176 Presidente Ikeda (de costas) incentiva Tsuruko Kaneda em reunião de palestra (maio 1953) Dr. Daisaku Ikeda. Ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI

No topo: Ilustração retrata jovem Daisaku Ikeda tomando posse como terceiro presidente da Soka Gakkai (3 maio 1960)
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Fonte:

IKEDA, Daisaku. Batalha Feroz. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 27, p. 209-219.

Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 524, 2019.