O HOMEM POR TRÁS DA MÁSCARA: NESTE DIA, EM 1605, A CONSPIRAÇÃO DE GUY FAWKES FALHAVA

ROTANEWS176 E POR AH  05/11/2020 00:00                                                                                                              Por Ingredi Brunato

Fawkes foi traidor nacional a revolucionário, sendo preso há exatos 416 anos

Reprodução/Foto-RN176 Ilustração representando Guy Fawkes e a famosa máscara – Domínio Público, via Wikimedia Commons e Getty Images

Em 5 de novembro de 1605, uma conspiração morreu antes de começar com a prisão de Guy Fawkes, soldado católico que era contra o regime do rei inglês, James I, que era protestante.

Guy também integrava o grupo que havia arquitetado um plano que ficou conhecido como “Conspiração da Pólvora”. Seus membros pretendiam mandar o Parlamento britânico aos ares através da explosão de 36 barris de pólvora que foram instalados sorrateiramente nos porões do Palácio de Westminster – onde ficava sediada a assembleia.

O fato é que após dias de tortura nas mãos dos oficiais ingleses, Guy confessou tudo, cedendo os nomes de seus sete parceiros, e tendo sua morte determinada pela tentativa de atentado.

Na época, considerado traidor nacional, ganhou um novo significado durante o século 20, sendo considerado um revolucionário e símbolo da luta contra um governo repressivo – que, na época, ceifava os direitos de seguidores da religião católica como ele.

Reprodução/Foto-RN176 Homem em protesto usando famosa máscara de Guy Fawkes, que foi popularizada pelo filme V de Vingança e pelo movimento de hackers ativistas, Anonymous – Crédito: Getty Images

Vida anterior

Embora não tenha sido a única mente por trás dessa histórica conspiração que pretendia matar o Rei da Inglaterra, não podemos negar que englobar o grupo de oito conspiradores já era algo que poderia ser feito apenas por alguém de perfil muito subversivo.

Guy Fawkes tinha esse perfil. Antes de ser um traidor conhecido do governo britânico, por exemplo, ele realizou uma traição mais sutil: lutou pela Espanha na Guerra dos Oitenta Anos, em que o país, que na época adotava o catolicismo como religião nacional, enfrentava a Holanda, que seguia o protestantismo. Porém, a Inglaterra da época também estava em guerra com os espanhóis, assim o soldado defendeu o inimigo.

Outras evidências de que Fawkes sempre pareceu o tipo de pessoa que se envolveria em uma tentativa de derrubada do poder britânico foi o ano em que passou tentando encontrar na Espanha o auxílio para a realização de uma rebelião católica em seu país de origem.

Claramente, o soldado era muito apaixonado pelos seus ideais religiosos, e estava pronto para lutar por eles. Talvez essa tenha sido a pólvora original da conspiração: a paixão de pessoas como Guy por suas ideias, e a disposição para fazer grandes atos e concretizá-las.

Fim desastroso

Segundo um estudo realizado por físicos da Universidade de Gales nos anos 2000, a quantidade de pólvora nos 36 barris no porão do Palácio de Westminster seriam suficientes para explodir não só o Parlamento, mas todo o centro da cidade de Londres.

Todavia, é uma dado que os responsáveis pela Conspiração da Pólvora provavelmente não sabiam. Inclusive, eles não queriam a morte de pessoas que consideravam inocentes, como seus colegas católicos que pretendiam assistir a sessão de 5 de novembro, e por isso fizeram um esforço extra para enviar mensagens a esses indivíduos, pedindo que ficassem longe do Palácio do Parlamento na noite fatídica.

E no fim, foram essas mensagens as responsáveis por sufocar a faísca inicial do atentado, pois uma das cartas de alerta dos conspiradores acabou chegando às mãos do Rei. Caos instaurado.

Reprodução/Foto-RN176 Ilustração representando Guy quando ele foi encontrado por oficiais britânicos – Crédito: Wikimedia Commons

Guy foi encontrado naquela noite de novembro com a mão na massa, junto da pólvora que seria usada na explosão, e sofreu diversas torturas antes ir a julgamento com seus companheiros em janeiro do ano seguinte.

Sabendo que seria executado, acabou optando por morrer nos seus próprios termos, conseguindo se soltar da corda que o prendia, e pular de um palanque alto para sua morte.