ROTANEWS176 09/03/2024 08:20 CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA Por Ho Goku
Capítulo “Brado da Vitória”, volume 30.
PARTE 9
No dia 8 de novembro, Shin’ichi Yamamoto se dirigiu para Kansai após participar de um festival esportivo familiar da organização de Shinjuku, em Tóquio.
À noite, ele transmitiu incentivos na reunião de responsáveis pelas regiões metropolitanas e de subcoordenadorias no Centro Cultural de Kansai, e ainda dialogou com líderes representantes.
“Gostaria que Kansai se tornasse o eterno e inesgotável ‘manancial das contínuas vitórias’, ou melhor, ela tem de se tornar!” — ao pensar assim, a chama de seu coração ardeu.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas para ilustrar a matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida
No Auditório Tokushima de Shikoku estavam sendo realizadas desde o dia 7 as atividades comemorativas de inauguração do auditório em torno do diretor-geral Kazumasa Morikawa. Os companheiros de Tokushima haviam feito os preparativos para receber Shin’ichi e aguardavam a visita dele.
No entanto, Shin’ichi recebera várias solicitações de encontro com personalidades e de participação em atividades, e estava difícil de acertar a agenda. Tokushima havia recebido a comunicação da sede da Soka Gakkai de que “Yamamoto sensei decidiu ir a Tokushima e está ajustando a sua programação, mas ainda não definiu quando poderá comparecer ao auditório”.
Na província de Tokushima também, os companheiros derramaram lágrimas de indignação e de revolta por incontáveis vezes devido ao tratamento cruel dos maus sacerdotes. A batalha da contraofensiva bradando pela justiça da Soka Gakkai prosseguia.
O que sustentava a todos era o “juramento de mestre e discípulo” pelo kosen-rufu.
Por isso mesmo, eles receberam as atividades comemorativas de inauguração com aspecto de satisfação por terem lutado imponentemente até o fim, e queriam, de qualquer maneira, dar uma nova partida juntos com Shin’ichi.
Contudo, não houve a participação de Shin’ichi também no dia 8.
Era tarde do dia 9. Iniciou-se a reunião de gongyo comemorativo de inauguração do Auditório de Tokushima.
Não se via a figura de Shin’ichi. O gongyo foi iniciado sob a liderança do diretor-geral Kazumasa Morikawa. Os participantes fizeram a leitura do sutra e a recitação do daimoku, pensando: “A visita de sensei a Tokushima foi anunciada também no Seikyo Shimbun. Quando sensei chegará?” A programação da reunião de gongyo prosseguiu. Então, chegou o momento das orientações do diretor-geral Kazumasa Morikawa, que também logo terminou.
Pouco tempo depois, a porta dos fundos da sala se abriu.
Era Shin’ichi. Ele disse:
— Enfim, cheguei! Vim cumprir minha promessa!
Uma grande ovação de alegria irrompeu no auditório. Ele foi caminhando para a parte da frente da sala em meio aos participantes, dirigindo-lhes algumas palavras.
O coração do mestre e o coração dos discípulos se tornaram um só, e sua chama ardeu forte, dando início à “Batalha de Shikoku”, que delinearia uma nova história.
PARTE 10
Shin’ichi Yamamoto havia partido de Osaka no voo da tarde desse dia 9 e, assim que aterrissou no Aeroporto de Tokushima, foi diretamente para o Auditório de Tokushima para participar da reunião comemorativa de inauguração.
Ele liderou o gongyo, orientou de maneira informal e conclamou fortemente:
— Conduzam uma prática da fé corajosa, com a convicção de que “o inverno nunca falha em se tornar primavera”!1
Todos renovaram a decisão. No rosto de cada um resplandeceu o sol do sorriso.
Shin’ichi realizou ainda sua primeira visita ao Centro Cultural de Tokushima (atual Sede da Paz de Tokushima) que ficava a cerca de vinte minutos de carro dali, e retornou à noite para participar novamente da reunião de gongyo comemorativo de inauguração do Auditório de Tokushima.
Além de realizar incentivos com todas as suas forças, ele agradeceu pelos esforços dos companheiros e se dirigiu ao piano com o anseio de que todos descortinassem uma nova era de Tokushima. E então tocou sete composições, incluindo Atsuhara no San’resshi [Os Três Mártires de Atsuhara].
Na reunião de gongyo, o Coral Uzushio, da Divisão Feminina de Jovens (DFJ), e o Coral Wakagusa abrilhantaram a auspiciosa atividade comemorativa. Nela, o Coral Wakagusa apresentou Ode à Alegria da Nona Sinfonia, de Beethoven, cantando as partes 1 e 2 em japonês e a parte 3 em alemão.
E foi na atual cidade de Naruto, província de Tokushima, que foram executados, pela primeira vez na Ásia, todos os movimentos da Nona Sinfonia.
Na Primeira Guerra Mundial, as tropas japonesas capturaram a cidade chinesa de Qingdao, protegida pelas tropas alemãs. Os soldados alemães foram transferidos como prisioneiros para o Japão e cerca de mil deles ficaram confinados no Campo de Prisioneiros da Guerra de Bando, construído na província de Tokushima.
Toyohisa Matsue, diretor desse campo, recebeu-os calorosamente como bravos guerreiros que lutaram dignamente pela pátria e proporcionou-lhes um ambiente livre, empenhando-se num tratamento repleto de calor e de respeito humano. Os moradores dessa cidade, que também possuíam essa característica de tratar bem os visitantes, se familiarizaram e aceitaram os soldados alemães.
Os soldados alemães, com o desejo de corresponder a esse tratamento, ensinaram aos japoneses coisas como fabricação de pães e bolos, cultivo de hortaliças como o tomate, técnicas de zootecnia e esportes como o futebol.
Pode-se dizer que, qualquer que seja a época, a condição mais importante como cosmopolita é ter um coração aberto. A verdadeira internacionalização começa a partir da convicção de que todas as pessoas são, igualmente, existências nobres, e cultivar o sentimento de seguir expandindo o companheirismo e a amizade.
PARTE 11
Em junho de 1918, foi realizada a apresentação da Nona Sinfonia pelos soldados alemães no Campo de Prisioneiros da Guerra de Bando. Beethoven introduziu a música vocal no quarto movimento dessa sinfonia, utilizando o poema Ode à Alegria, do poeta alemão Friedrich Schiller.
Todos os indivíduos se tornarão irmãos — assim como afirma o tema da Nona Sinfonia, a ressonância da canção de louvor aos seres humanos e a melodia da amizade ecoaram a partir das terras de Tokushima.
E naquele momento, eram as mulheres Soka que cantavam a canção com entusiasmo e orgulho:
Oh, nuvens vagantes deste extenso céu azul
Os pássaros cantam nos bosques, nas florestas…
Enquanto exaltava com efusivos aplausos, Shin’ichi Yamamoto sentia como se estivesse ouvindo o brado da vitória dos companheiros de Tokushima, que repeliram a opressão dos sacerdotes malignos. O próprio fato de a chama da alegria de viver pela missão em prol do kosen-rufu.
— Nichiren Daishonin afirma: “Myo significa ‘reviver’, ou seja, ‘retornar à vida’”.1 Por isso, nunca haverá impasses para nós, que abraçamos esta Lei Mística. Por piores que sejam as circunstâncias com as quais nos deparemos, conseguiremos sem falta transformar a situação, sair dessa condição e iniciar um avanço evidenciando uma energia vital vibrante e abundante. Assim sendo, não existe, para nós, nem a desistência nem a desilusão. Originalmente, vocês próprios são o supremo Buda. A essência dessa fé é cultivar esta convicção. Acreditem em si mesmos, vivam em prol do kosen-rufu com autoconfiança e sigam estendendo as luzes da felicidade da Lei Mística para sua localidade.
Nesse dia, Shin’ichi seguiria para Kagawa, e até o último instante antes da partida ele incentivou os membros representantes. A vitória ou a derrota significam empenhar todas as forças a cada instante.
Ele disse:
— “Tokushima” é um nome maravilhoso, que significa “ilha de benefícios” e “ilha onde se reúnem pessoas de elevada virtude”. Por favor, façam surgir a partir desta ilha os novos ventos do kosen-rufu de Shikoku!
PARTE 12
Shin’ichi Yamamoto, que partiu às 14h30 do Auditório de Tokushima, foi de carro ao Centro de Treinamento de Shikoku, situado na cidade de Aji, província de Kagawa. Depois de aproximadamente uma hora, com o desejo de permitir que o condutor do veículo descansasse um pouco, fez uma parada numa cafeteria à beira da estrada.
Nesse momento, Okimitsu Owada, coordenador da Divisão de Jovens de Shikoku que o acompanhava desde Shikoku, disse a Shin’ichi:
— Gostaria que tivesse a oportunidade de dialogar sem falta com os representantes da Divisão dos Jovens de Shikoku.
Shin’ichi respondeu imediatamente:
— Compreendi. Vamos programar.
Ele queria corresponder sinceramente ao sentimento compenetrado e direto desse jovem.
O diálogo ficou definido para a tarde do dia 12.
Shin’ichi tinha forte expectativa no espírito resoluto dos jovens de Shikoku. Em outubro daquele ano, Owada tinha ido ao encontro de Shin’ichi, que estava no Centro de Treinamento de Nagano, e expressou decididamente o sentimento de criar novos ventos do kosen-rufu a partir de Shikoku:
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas para ilustrar a matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida
— Falarei de forma franca e direta. Acredito que é justamente agora, em que persiste uma situação em que o senhor quase não pode aparecer nos periódicos, que é importante o espírito de mestre e discípulo. Nós desejamos construir um pavilhão de exposições em Shikoku, que apresentará as obras e ações do senhor em prol da paz.
Mesmo gaguejando um pouco, foi uma súplica imbuída de sentimento e paixão. Shin’ichi queria valorizar esse coração:
— Compreendi bem o sentimento de vocês. Ponderem no que fazer para transmitir esperança aos companheiros e conversem bem com os coordenadores de Shikoku e com os demais líderes.
Os jovens de Shikoku começaram a pesquisar os registros das ações e atividades promovidas por Shin’ichi pela paz.
Eles iniciaram com a Declaração pela Normalização das Relações Diplomáticas entre Japão e China, pronunciada em 1968 para não isolar a China do mundo e, paralelamente, seus esforços contínuos para visitar a União Soviética e a China em pleno período de Guerra Fria a fim de estender a ponte da amizade e evitar os perigos do conflito sino-soviético; a busca do caminho para a paz, promoven-do contínuos diálogos com personalidades como o secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger, e os secretários-gerais da ONU, entre outros. Com a pesquisa veio à tona claramente a verdade de que as ações de Shin’ichi transpunham quaisquer diferenças de ideologia.
“Vamos transmitir com orgulho os passos registrados pelo nosso mestre em prol da paz! — assim eles mostraram essas realizações de Shin’ichi em forma de exibição das atividades para a paz no Centro de Treinamento de Shikoku. O número de visitantes dessa mostra, inaugurada no dia 3 de outubro e encerrada em 3 de novembro, superou 61 mil pessoas.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Nota:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020.
- Ibidem, p. 155.
Ilustrações: Kenichiro Uchida
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO