ROTANEWS176 E ISTOÉ 13/04/17 19h30                                                                                                                Débora Crivellaro                                                                                                                                    

Ao se mudar do palacete imperial em Petrópolis para um apartamento em Itaipava, bisneto da princesa Isabel se desfaz de grande parte dos objetos que contam a história da monarquia no Brasil. Vínculos e tradições alinhavados em pequenas miudezas, e em cerca de mil anos de realeza de três coroas –Bragança, de Portugal, Orleans, da França, e Bourbon, da Espanha – estarão representados num leilão nos dias 18 e 19 em Copacabana, no Rio de Janeiro. Os objetos fazem parte do acervo de Dom Pedro Carlos Orleans e Bragança, 73 anos, trineto de Dom Pedro II e bisneto da princesa Isabel, e estavam cuidadosamente guardados nas dependências do Palácio Grão-Pará, em Petrópolis, na região serrana do Rio.

Viúvo pela segunda vez, D. Pedro morava sozinho no palacete erguido entre 1859 e 1865 e tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). Com dificuldade para cuidar da edificação, ele decidiu se mudar para um apartamento em Itaipava, distrito de Petrópolis. E, por conta disso, teve de se desfazer de grande parte de seus objetos.

Cardápio variado

A coleção foi batizada de “Pequenos Guardados” e tem itens de R$ 10 a R$ 40 mil. “Esse leilão é uma oportunidade de transitar pelo generalismo todo do século XVIII ao século XX, além de conhecer preciosidades da Europa”, diz o leiloeiro Miguel Salles, um dos organizadores do evento. O acervo disponível é bem variado. Há o cardápio completo do Baile da Ilha Fiscal, o último grande evento da monarquia, seis dias antes da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889.

O rebenque, espécie de pequeno chicote, de ouro e palha, da princesa Isabel, cujo lance mínimo é R$ 7 mil. Uma coroa de louros que teria pertencido a Gastão D’Orleans, o conde D’Eu, recebido por feitos realizados na Campanha do Marrocos (lance mínimo R$ 8 mil). Também um retrato de Dom Pedro II menino (R$ 2 mil) e várias porcelanas, cristais e jogos de talheres. O item mais caro, inclusive, é o serviço de jantar completo, de uso diário e de gala, da Casa Imperial Brasileira. Cada um tem lance mínimo de R$ 40 mil.

Os objetos mais preciosos da monarquia pertencentes a D. Pedro Carlos, como fotografias da monarquia, não foram colocados à venda. Mas vale lembrar que, em 2011, ele vendeu a pena de ouro, diamantes e rubis com que a princesa Isabel assinou a Lei Áurea ao Museu Imperial de Petrópolis por R$ 500 mil.