ROTANEWS176 E POR FLAP INTERNACIONAL 22/06/2023 18:51
RN176: MD-11 fabricação da McDonnell Douglas e pela Boeing é trijato comercial widebody de fabricação norte-americana de médio a longo alcance Foto: Arquivo Flap
Fabricado na década de 90, o MD-11 é um velho conhecido do Brasil. Ao todo, três empresas aéreas brasileiras já operaram com o modelo por aqui: as saudosas Varig, TAM e Vasp.
A Varig foi a primeira operadora do trijato no País, recebendo seu primeiro exemplar em novembro de 1991. Um ano mais tarde foi a vez da Vasp.
O pioneiro da frota
No final dos anos 80, o governo paulista se comprometeu em privatizar a Vasp, que acabou adquirida em 1990 pelo consórcio Voe/Canhedo. Começou-se então um período de reestruturação e crescimento na companhia, que praticamente dobrou de tamanho. Entre as novidades, a nova direção fez uma encomenda junto à McDonnell Douglas para o MD-11.
De matrícula PP-SOW, o primeiro MD-11 da Vasp pousou em Guarulhos em 6 de fevereiro de 1992. Pouco mais de um mês depois, foi a vez do PP-SOZ, que foi incorporado em 27 de março de 1992 e ganhou uma sessão de fotos air-to-air promocional. Começava aí uma nova fase na Vasp. Fotos: Arquivo Flap
As primeiras rotas do MD-11 na Vasp eram para os Estados Unidos, mas em julho de 1992, os trijatos levaram o nome da companhia para longe: Seul. Partindo de São Paulo (Guarulhos) com escala em Los Angeles, o PP-SOZ estreou o trecho até Seul, na Coreia do Sul.
O Astro da Vasp
Para promover seus novíssimos MD-11s, a companhia escolheu o título de “Astro da Vasp” nas propagandas. Em 1993, a empresa incorporou o PP-SPE, seguido do PP-SPD em 1994. Aruba e Buenos Aires também eram destinos do trijato da Vasp na época.
RN176: MD-11 fabricação da McDonnell Douglas e pela Boeing é trijato comercial widebody de fabricação norte-americana de médio a longo alcance – Foto: Arquivo Flap
Em 1995, chegaram mais três: PP-SPK, PP-SPM e PP-SPL. O ‘SPM’ seria na realidade incorporado pela KLM, mas a aérea holandesa não recebeu o exemplar, que acabou arrendado pela Vasp. Um ano mais tarde, a companhia incorporou o PP-SFA e PP-SFD, passando a contar com nove aeronaves do modelo em sua frota. Ainda em 1996 e com o MD-11, a Vasp inaugurou mais uma longa rota, agora ligando Guarulhos e Osaka com uma parada intermediária em Los Angeles.
O norte-americano
Em 1998, em caráter de wet-leasing, a Vasp operou com o MD-11 de matrícula N277WA, arrendado da World Airways. A aeronave ficou menos de dois meses voando pela aérea brasileira, chegando em junho e indo embora na metade de agosto.
A crise e as devoluções
Ainda em 1998, a Vasp começou a atrasar no pagamento do leasing de algumas aeronaves, incluindo o MD-11, por questões financeiras. Em novembro, o PP-SOZ foi interditado como pressão para a Vasp pagar suas dívidas. A aeronave voltou a voar dias depois com o pagamento de parte do montante.
A empresa estacionou três de seus MD-11s em Guarulhos, tirando os títulos “Vasp” dos exemplares, que passaram a servir como aeronaves de peças de reposição para outros aviões. A crise cambial em 1999 foi um dos fatores relevantes para tal prática, que é conhecida como “canibalização”. Quem não sabia da situação era a proprietária dos trijatos, que durante a visita de um de seus representantes ao Brasil, foi surpreendida com o péssimo estado dos aviões. O fato na época chegou a gerar um desconforto entre as empresas de leasing e arrendamentos para companhias aéreas brasileiras.
RN176: MD-11 fabricação da McDonnell Douglas e pela Boeing é trijato comercial widebody de fabricação norte-americana de médio a longo alcance – Foto: Gianfranco Beting
Em 21 de agosto de 1998, a Vasp se despediu do PP-SPM, que foi entregue à KLM como PH-KCI. Ainda em 98, a companhia foi ultrapassada pela TAM no mercado aéreo internacional e passou a ficar em terceiro lugar.
A empresa voltou a atrasar no pagamento dos leasings e a japonesa Mitsui, proprietária do PP-SFD, SFE e SPD, levou dois dos exemplares para ficarem armazenados em Marana, nos Estados Unidos. Por estar canibalizado, o PP-SPD não pode ser retomado.
Em fevereiro de 2000, também por falta de pagamento, os trijatos de matrícula PP-SOW e SOZ, os primeiros entregues, foram estocados em Viracopos com os títulos da companhia removidos.
A turbulência enfrentada pela Vasp era grave e a malha intercontinental da empresa foi encolhendo rapidamente, com diversos trechos cancelados. Em 2000, praticamente toda a frota de MD-11 foi devolvida e o fim do Astro da Vasp estava próximo.
Os dois últimos, PP-SPD e SFA, deixaram a frota da companhia no primeiro semestre de 2001, colocando um ponto final na trajetória do MD-11 na Vasp. A partir daí, a empresa, que já enfrentava uma crise, começou a perder altitude sem qualquer estabilidade.
Configurações
A Vasp usou dois tipos de configuração em seus MD-11s:
RN176: MD-11 fabricação da McDonnell Douglas e pela Boeing é trijato comercial widebody de fabricação norte-americana de médio a longo alcance – Foto: Gianfranco Beting
- 325 assentos: 10 Primeira Classe / 21 Classe Executiva / 294 Econômica
- 293 assentos: 16 Primeira Classe / 56 Classe Executiva / 221 Econômica
Rotas efetuadas pelo MD-11 na Vasp
Europa, Caribe, Estados Unidos e Ásia foram os principais destinos do MD-11 enquanto na Vasp. Confira as rotas efetuadas pelo modelo:
- Guarulhos-Rio de Janeiro-Casablanca-Atenas
- Guarulhos-Atenas
- Guarulhos-Zurique
- Guarulhos-Recife-Zurique
- Guarulhos-Salvador-Zurique
- Guarulhos-Frankfurt
- Guarulhos-Salvador-Frankfurt
- Guarulhos-Recife-Frankfurt
- Rio de Janeiro-Guarulhos-Madri
- Rio de Janeiro-Guarulhos-Barcelona
- Guarulhos-Salvador-Barcelona
- Guarulhos-Miami
- Guarulhos-Recife-Miami
- Guarulhos-Salvador-Miami
- Guarulhos-Miami-Toronto
- Guarulhos-Salvador-Toronto
- Guarulhos-Aruba
- Guarulhos-Recife-Nova York
- Rio de Janeiro-Guarulhos-Nova York
- Guarulhos-Los Angeles-Seul
- Rio de Janeiro-Guarulhos-Los Angeles-Seul
- Rio de Janeiro-Guarulhos-Los Angeles
- Guarulhos-Rio de Janeiro-Bruxelas
- Guarulhos-Buenos Aires (esporádico)
A empresa chegou a anunciar que voaria com o modelo também para Hong Kong, Taipé, Milão, Paris, Manila, Tóquio e Amsterdam. No entanto, nenhum dos trechos se concretizou.
RN176: MD-11 fabricação da McDonnell Douglas e pela Boeing é trijato comercial widebody de fabricação norte-americana de médio a longo alcance – Foto: Gianfranco Beting
Matrículas
Matrícula | Entrega | Saída da Vasp | Status atual |
PP-SOW | 1992 | 2000 | Desmontado |
PP-SOZ | 1992 | 2000 | Desmontado |
PP-SPE | 1993 | 2000 | Estocado como N412SN |
PP-SPD | 1994 | 2001 | Ativo como N411SN na Western Global |
PP-SPK | 1995 | 2000 | Ativo como N251UP na UPS |
PP-SPM | 1995 | 1988 | Desmontado |
PP-SPL | 1995 | 2000 | Ativo como N250UP na UPS |
PP-SFA | 1996 | 2001 | Ativo como N252UP na UPS |
PP-SFD | 1996 | 2000 | Ativo como N573FE na FedEx |
N277WA | 1998 | 1998 | Desmontado |
Uma curiosidade é que o PP-SFD foi o único MD-11 que voou em três empresas aéreas brasileiras. Depois de deixar a Vasp em 2000, o trijato foi incorporado pela Varig em 2001 como PP-VQX e em 2007 foi repassado para a TAM Linhas Aéreas como PT-MSJ.