ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 24/02/2023 10:35 CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA Por Ho Goku
Capítulo “Levantando Voo”, volume 30.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas para ilustrar a matéria
Parte 53
No Japão, Tomomasa Yamawaki foi preso no dia 24 de janeiro sob a acusação de tentativa de extorsão à Soka Gakkai. O Departamento de Polícia aceitou formalmente a denúncia em outubro do ano anterior e, então, ouviu testemunhas e deu prosseguimento às investigações. E as suspeitas foram confirmadas, culminando com a prisão do advogado.
Para se defender, Yamawaki desenvolveu diversas campanhas contra a Soka Gakkai, utilizando-se de algumas revistas. Porém, com o desenrolar do julgamento, posteriormente ficaria claro que tudo o que ele propagou repetidas vezes não passou de ações maldosas repletas de falsidade, de mentiras e de total ausência de confiabilidade.
Após a prisão de Yamawaki, o Ministério Público de Tóquio solicitou o comparecimento de Shin’ichi para ouvi-lo. A Soka Gakkai também desejava que a verdade dos fatos fosse esclarecida e ficassem evidentes o certo e o errado de maneira incontestável. Para atender a essa solicitação, Shin’ichi interrompeu a viagem de orientação aos Estados Unidos e decidiu retornar uma vez ao Japão.
Shin’ichi transmitiu aos membros da SGI-Estados Unidos:
— Surgiu um compromisso inadiável e terei de retornar ao Japão, mas voltarei. Os Estados Unidos são o eixo central do kosen-rufu do mundo. Peço que se unam firmemente e construam uma organização de cooperação humana exemplo do mundo.
Após retornar ao Japão no dia 28, ele atendeu à solicitação do Ministério Público e deu seu depoimento por quatro vezes. Também participou de diálogos com membros do conselho de coordenadores de província e, no dia 15 de fevereiro, voou novamente para os Estados Unidos.
Shin’ichi se dedicou a realizar orientações e incentivos no Centro Cultural do Mundo, em Santa Mônica, e no Centro de Treinamento de Malibu; e depois seguiu para Miami, voando para o Panamá no dia 19.
Haviam se passado sete anos desde a última visita ao Panamá, e tinham surgido muitos novos membros. Ele se movimentou com energia e dinamismo para estabelecer a base para o novo século. Entre os compromissos principais, dialogou com representantes de sete países da América Central; compareceu ao Festival Cultural da Amizade Japão-Panamá no Teatro Nacional do Panamá; encontrou e dialogou com o presidente da república e com o prefeito da cidade do Panamá; realizou doação de livros à Escola de Japoneses e visitou a Universidade do Panamá.
“O tempo não espera por ninguém. Se não o utilizarmos de forma construtiva, ele acabará passando imediatamente” — essas são palavras do líder do movimento pelos direitos civis americano Martin Luther King Jr.
Parte 54
No dia 26 de fevereiro, Shin’ichi Yamamoto foi do Panamá para o México. Era sua segunda visita oficial a esse país após dezesseis anos.
Tanto no Panamá como no México, ele tinha agendado uma coletiva de imprensa, com a TV estatal e com empresas jornalísticas, no aeroporto. Esse interesse era algo que atestava o elevado reconhecimento do movimento em prol da paz, da cultura e da educação promovido pela Soka Gakkai em diversas partes do mundo.
Na Cidade do México, além de visitar pela primeira vez a sede regional, foi conhecer as ruínas da antiga cidade de Teotihuacan, situada nos arredores, e também participou do Festival Cultural da Amizade Japão-México.
No dia 2 de março, realizou uma visita de cortesia à residência oficial do presidente da república e se encontrou com o presidente José López Portillo y Pacheco. Além disso, visitou a Universidade Nacional Autônoma do México para proceder à doação de livros, onde dialogou com o reitor e pessoas ligadas à instituição.
Após deixar a universidade, Shin’ichi desceu do carro durante o trajeto e andou pelas ruas da cidade com sua esposa, Mineko.
Ao sair na larga avenida principal, o monumento comemorativo da independência, banhado pelos raios do sol, erigia-se altivo em direção do céu. O “Anjo da Independência” estava instalado no alto de um pilar e, reluzindo em tom dourado, estendia amplamente suas asas nas costas, tendo na mão direita uma coroa de louro, símbolo da vitória, e na esquerda, uma corrente partida, representando a liberdade conquistada.
Quando Shin’ichi disse “Era aqui, não é mesmo?”, Mineko respondeu: “Sim, isso mesmo”.
Na verdade, o falecido mestre, Josei Toda, havia lhes contado em detalhes a respeito desse cenário do México.
Isso aconteceu cerca de dez dias antes de ele falecer. Shin’ichi foi chamado por Toda sensei, que já se encontrava acamado devido a saúde debilitada, e ao chegar próximo ao seu leito, ele lhe disse com um sorriso terno no rosto:
— Ontem, sonhei que fui ao México. Estavam esperando… todos estavam esperando. Ansiavam pelo Budismo de Nichiren Daishonin. Queria muito ir para o mundo. Para a jornada do kosen-rufu…
Mesmo com o corpo enfraquecido, seu coração percorria o mundo, sem recuar um único passo. Esse era o espírito e a disposição do “bravo líder do kosen-rufu”.
Então, Toda sensei prosseguiu relatando aquilo que viu em seu sonho, como o monumento “O Anjo da Independência” e a paisagem urbana da Cidade do México.
Parte 55
O presidente Josei Toda nunca chegou a viajar pelo exterior. Contudo, tinha lido muitos livros em relação ao México e com certeza deve ter gravado em sua memória o monumento “O Anjo da Independência” e também a paisagem urbana por meio de fotos. Também fez diversas perguntas a respeito dos aspectos locais a Fumiko Haruki, primeira responsável pela Divisão Feminina do Distrito Osaka, que havia passado a infância no México em virtude do trabalho do seu pai.
Josei Toda contou minuciosos detalhes do panorama da cidade a Shin’ichi Yamamoto.
Ele lhe disse:
— Shin’ichi, é o mundo. Seu verdadeiro palco é o mundo…
Olhando fixamente para o rosto de Shin’ichi, Toda sensei tirou a mão definhada debaixo do acolchoado. Calado, o discípulo segurou essa mão frágil do mestre.
— Shin’ichi, viva! Viva bastante! E vá para o mundo!
Shin’ichi contou detalhadamente também a Mineko sobre esse diálogo de mestre e discípulo.
Em agosto de 1965, há dezesseis anos, quando visitou pela primeira vez o México e viu “O Anjo da Independência”, ele também havia se lembrado das palavras de Josei Toda e tinha ficado profundamente emocionado.
Agora, no coração de Shin’ichi, diante do monumento que resplandecia sob os raios do sol, reverberavam ardentemente uma vez mais as palavras do espírito do venerado mestre: “Vá para o mundo!”.
“Sensei! Estou percorrendo o mundo. Sem falta edificarei um sólido alicerce do kosen-rufu mundial, no lugar do senhor!”
Mineko disse a Shin’ichi, que renovava sua decisão:
— Hoje é dia 2, data de falecimento de Toda sensei.
— É isso mesmo. Justamente nesse dia, ao descermos do carro e caminharmos, acabamos chegando a esse local…
— Sem dúvida, deve ter sido sensei que nos trouxe aqui.
Os dois menearam a cabeça em concordância e olharam para o alto do monumento.
Shin’ichi e comitiva visitaram locais como a prefeitura da Cidade do México no dia seguinte e partiram para Guadalajara, a segunda principal cidade do México.
Nessa localidade, ele visitou uma sede particular e incentivou os membros promovendo atividades como reunião de diálogo. Visitou também a Universidade de Guadalajara onde se encontrou com o reitor e realizou uma palestra comemorativa.
Parte 56
“O que penso sobre o espírito poético do México” — esse foi o título da palestra comemorativa de Shin’ichi Yamamoto proferida na Universidade de Guadalajara.
Ele mencionou a respeito da peculiar riqueza do coração das pessoas do “país do sol e da paixão”. Disse que o sentimento poético e sorrisos existentes nesse país significam a abertura da rota de coração a coração. E enalteceu que, em relação à construção da paz e o intercâmbio cultural, a abertura desse caminho do coração é essencial. Ele manifestou seu profundo respeito e admiração pelo fato de as pessoas do México tomarem forte iniciativa e manterem os esforços pela desnuclearização da região latino-americana.
De Guadalajara, Shin’ichi retornou para Los Angeles, Estados Unidos, e ainda visitou o Havaí. Nesse local também, ele se empenhou de corpo e alma para proferir orientações nas reuniões de diálogos e de estudo do Gosho e, então, voltou para o Japão no dia 12 de março.
Ele prosseguiu com sua luta para estender incentivos para os companheiros do Japão e do mundo dedicando o máximo de suas forças. O kosen-rufu estava começando a se transformar gradativamente em maré crescente.
Então, de forma radiante, foram realizadas atividades comemorativas que celebravam o 3 de Maio, Dia da Soka Gakkai, na Universidade Soka. Shin’ichi participou diariamente das reuniões de gongyo e das atividades comemorativas entre os dias 2 e 5 de maio. A legião de mestre e discípulo Soka tinha iniciado magnanimamente sua marcha em direção ao século 21 em meio à brisa refrescante do início de verão.
“Agora, vou continuar a correr em prol da paz do mundo!” — sem qualquer descanso, Shin’ichi partiu em viagem no dia 9 de maio rumo à União Soviética, Europa e América do Norte.
A União Soviética, primeiro país a ser visitado, estava sendo alvo concentrado de críticas do mundo. Com a invasão das tropas soviéticas no Afeganistão em dezembro de 1979, a União Soviética estava numa situação difícil no quadro internacional, e os Jogos Olímpicos de Moscou, que ocorreram no verão de 1980, foram boicotado por mais de sessenta países.
Entretanto, Shin’ichi pensava que era preciso condensar tudo como problemas políticos e não permitir que se fechassem as portas do diálogo. Por ser justamente um momento como esse que ele acreditava que devia empenhar o máximo de esforços no intercâmbio entre os povos e a compreensão mútua, elevando a bandeira da cultura e da educação.
O personagem do presidente Ikeda, Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo como autor, Ho Goku.
Ilustrações: Kenichiro Uchida