O que fazer para evitar ou reverter uma brochada? É difícil, mas tem jeito

ROTANEWS176 E UOL 22/09/2016 07h20

1Reprodução/Foto-RN176 Disfunção erétil em homens jovens é quase sempre de origem emocional imagem: Getty Images

Yannik D´Elboux Colaboração para o UOL

 Perder a ereção é uma das principais preocupações masculinas. Cedo ou tarde, homens e mulheres vão ter de lidar com uma brochada. O momento pode ser delicado, porém não é o fim do mundo e tem saída.

Para funcionar bem, o homem precisa estar relaxado. O estresse e o nervosismo liberam substâncias que preparam o corpo para correr e não para transar.

“O medo de falhar traz ansiedade, que aumenta a adrenalina e impossibilita a ereção”, explica o urologista Giuliano Amorim Aita, membro do Departamento de Andrologia e de Sexualidade Humana da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).

Depois que acontece a primeira vez, alguns tendem a testar novas parceiras para ver se o problema desaparece. “Isso só gera mais adrenalina”, diz o médico. Quando recorrente, a situação pode ter origens fisiológicas, como doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo e alterações hormonais.

“Disfunção erétil em jovens é quase sempre de cunho emocional”, declara André Guilherme Cavalcanti, professor adjunto de urologia da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) e urologista do Hospital Federal Cardoso Fontes, ambos na cidade do Rio.

Cavalcanti acrescenta que o homem, muitas vezes, vai para a relação sexual com dois tipos de estresse: a preocupação em manter o pênis ereto e em satisfazer a parceira.

De fato, essas duas inquietações destacaram-se entre as maiores listadas pela pesquisa “Mosaico 2.0”, do Prosex (Programa de Estudos em Sexualidade), ligado ao Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo), apontadas por 46,9% e 54,8% dos entrevistados, respectivamente.

Para evitar a brochada, é essencial conhecer bem o funcionamento do próprio corpo, não alimentar expectativas irreais, como a de que a ereção tem sempre a mesma intensidade do início ao fim do ato sexual, criar um bom clima de intimidade que permita relaxar e, sobretudo, avaliar se existe motivação e excitação suficientes, sem aquela obrigação de performance.

“Há um mito muito comum de que o homem estará sempre preparado para atividades sexuais com penetração, mesmo que seja sua primeira vez”, afirma o psicólogo e psicoterapeuta sexual Ítor Finotelli Júnior, presidente da Sbrash (Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana).

Esperar o tempo certo para a relação, na opinião de Finotelli, é uma ideia exclusivamente aplicada às mulheres que também ajudaria os homens.

É igual respirar

Um primeiro encontro costuma sempre provocar ansiedade, por essa razão não é incomum ter dificuldade de ereção nesse contexto.

“Se a brochada é com uma parceira nova na primeira vez não há porque se preocupar, mas se acontece com uma antiga pode ser indício de algum problema”, diz o urologista André Milanezi, membro titular da SBU.

No momento da falha, o mais importante é tentar manter a autoconfiança e tirar o foco do pênis, buscando se concentrar no momento e nas sensações. Quanto mais temor e ansiedade, maior será a carga de adrenalina e menor a chance de as substâncias vasodilatadoras agirem adequadamente para a rigidez do órgão. “É preciso confiar que a ereção está programada igual à respiração, não é preciso se preocupar com ela”, afirma Ítor Finotelli.

Medicamentos que tratam a disfunção erétil podem resolver temporariamente, mas se a origem for de ordem psicológica apenas levarão à dependência, provocando um ciclo vicioso.

É necessário também estar atento aos produtos para o ganho de massa muscular que afetam gravemente o desempenho masculino. “O uso de esteroides anabolizantes pode ser extremamente prejudicial e uma das causas da disfunção erétil”, diz Giuliano Aita.

Além dos cuidados gerais com a saúde, essenciais para uma boa vida sexual, não existe fórmula mágica para impedir uma brochada.

“É sempre muito ruim qualquer estratégia relacionada ao desempenho sexual, é uma maquiagem, trata-se de um comportamento de antecipação do fracasso”, diz o presidente da Sbrash.

Já que não existe manual antibrochada, o UOL reuniu abaixo algumas dicas dos especialistas para, ao menos, diminuir as chances de ela acontecer.

1 – Menos masturbação e pornô
Vale reduzir um pouco a pornografia na internet para diminuir o condicionamento da atividade sexual e aumentar a sensibilidade. Masturbar-se menos, principalmente antes da relação, pode intensificar o desejo. “A sexualidade no casal é sempre mais complexa, evitar o excesso de pornô ajuda a não ficar tão preso a um padrão”, diz André Guilherme Cavalcanti.

2 – Preservativo dentro do clima
A hora de colocar a camisinha costuma ser um dos momentos mais brochantes do sexo. Se o homem já estiver nervoso, a tendência é perder a ereção nesse instante. “Coloque o preservativo como item do jogo sexual, não precisa parar tudo, tem de continuar o clima”, diz André Milanezi. Os estímulos da parceira ou do parceiro nessa hora também auxiliam a manter o clima.

3 – Evitar lugares inseguros
É uma boa ideia tentar evitar tudo o que possa gerar mais estresse no primeiro encontro, como um lugar inseguro, com pessoas conhecidas por perto ou sem privacidade. Um ambiente agradável, em que seja possível ficar à vontade, representa uma preocupação a menos.

4 – Cuidar com excesso de álcool e cigarro
Sem exageros, a bebida alcóolica contribui para o relaxamento e a excitação. Porém, se houver excesso, há grande chance de comprometer o desempenho sexual masculino. O cigarro também é nocivo para a ereção, já que afeta a boa circulação sanguínea. O urologista André Milanezi orienta a não fumar por duas horas antes do ato sexual.

5 – Não apressar a penetração
Quando a ereção não está completa, muitos homens buscam penetrar o mais rápido possível na tentativa de recuperar a rigidez. Esse é um erro que só aumenta a chance de brochar. “Pressa nessa hora não funciona, tem de trabalhar bem nas preliminares até conseguir uma rigidez plena antes da penetração”, diz André Guilherme Cavalcanti.

6 – Focar nas sensações e não no pênis
Ficar conferindo se o pênis está ereto o suficiente só aumenta a tensão e consequentemente a carga de adrenalina, dificultando ainda mais a ereção. O melhor a fazer é não pensar tanto no órgão sexual e desfrutar do prazer como um todo.

7 – Adiar se não estiver tão a fim
Se o cansaço e as preocupações estão falando mais alto do que o tesão, a melhor opção é deixar para depois. Também não tem razão de transar se não houver excitação suficiente, só para não deixar de comparecer. “O homem também tem de saber o momento adequado de ir para a relação, às vezes, é melhor remarcar”, fala Giuliano Aita.

8 – Sempre conversar
Se a brochada aconteceu, por mais que exista um clima constrangedor, o ideal sempre é conversar francamente sobre o assunto, para evitar traumas futuros e não atrapalhar os próximos encontros. Ajuda se a parceira ou o parceiro não fizer cobranças e estiver com disposição para criar novas possibilidades de prazer. Apenas dizer “isso acontece” não resolve.

9 – Desistir se não for relaxar
O bordão “sou brasileiro e não desisto nunca” não deve ser levado para a cama. Caso fique claro que não vai ser possível relaxar nesse momento, o mais indicado é dar um tempo, fazer atividades diferentes ou deixar para outra ocasião. “Desistir funciona às vezes como um rebote, o desconforto melhora e o indivíduo volta a funcionar”, diz Ítor Finotelli.

10 – Tentar novos estímulos

O pior que se pode fazer durante uma brochada é manter a fixação no pênis, buscar a todo custo uma ereção. Dedicar-se a novos estímulos, oferecendo e recebendo toques em outras partes do corpo, contribui mais para o prazer e muda a percepção do momento.

Para funcionar bem, o homem precisa estar relaxado. O estresse e o nervosismo liberam substâncias que preparam o corpo para correr e não para transar.

“O medo de falhar traz ansiedade, que aumenta a adrenalina e impossibilita a ereção”, explica o urologista Giuliano Amorim Aita, membro do Departamento de Andrologia e de Sexualidade Humana da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).

Depois que acontece a primeira vez, alguns tendem a testar novas parceiras para ver se o problema desaparece. “Isso só gera mais adrenalina”, diz o médico. Quando recorrente, a situação pode ter origens fisiológicas, como doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo e alterações hormonais.