O que uma década de pornografia diz sobre as mulheres e o sexo

ROTANEWS176 E DELAS 24/06/2017 10:00

Um dos sites de conteúdo pornográfico mais conhecidos completou dez anos, e o Delas separou o que os dados de uma década dizem sobre as mulheres

Um dos maiores sites de pornografia do mundo completou dez anos de existência no final de maio. Para comemorar, eles divulgaram uma série de dados sobre seus 75 milhões de usuários diários. Para você ter uma ideia, eles não precisaram nem mesmo de um ano para conseguirem um milhão de visitas diárias, bastaram seis meses de vídeos.

Reprodução/Foto-RN176 Relação entre mulheres sempre foi muito fetichizada, e com a pornografia não é diferente, sendo um dos vídeos mais vistos

No balanço feito pelo PornHub, a empresa aponta que, a partir de 2012, a equipe do site de pornografia  decidiu se reunir para “salvar peitos”. Em abril desse ano, eles lançaram uma campanha de exames mamários de graça por Manhattan, nos Estados Unidos. Meses depois, em outubro, eles afirmam ter doado US$ 75 mil (cerca de R$ 250 mil) para pesquisas sobre o câncer de mama. É a primeira citação a mulheres ou universo feminino na análise dos dez anos.

Desde abril de 2013, as estrelas pornográficas ganharam páginas exclusivas no site. Após os dez anos de vídeos, elas foram listadas em “as mais gostosas” de cada ano. A lista inclui até mesmo uma personalidade que ficou conhecida por um vídeo de sexo que fez com um antigo namorado, mas que nunca foi uma atriz pornô de fato. As atrizes também foram ranqueadas pelo número de visualizações.

Categorias mais baixadas e vistas

Em abril deste ano, o site pornográfico conseguiu atingir a marca de 10 milhões de vídeos baixados. A categoria “Amador” foi a mais buscada, seguida de “Gay” e “Sexo Oral”.

Já quando o assunto são as categorias mais vistas, não apenas as baixadas, as coisas mudam um pouco: em primeiro lugar, aparece “Lésbicas” – sabe-se que a relação entre mulheres sempre foi fetichizada pelos homens. Em segundo, vem a categoria “Milf”, que vem de “Mom I’d Like To Fuck” (Mamãe Com Quem Eu Gostaria de Transar, em tradução livre), em referência a mulheres mais velhas. Amador aparece apenas em terceiro nesse caso.

Quando as categorias são dividias por ano, “Amador” se mantém em primeiro entre 2007 e 2010. Em 2011, mudou para “Teen”, que reúne mulheres com 18 anos, passando para “Milf” de 2012 a 2014. As lésbicas passaram a desbancar as outras categorias a partir de 2015 e dominam até hoje.

Outros vídeos

Ao mesmo tempo em que ainda existe muito desconhecimento sobre a ejaculação feminina, pensando no prazer das mulheres, desde o ano de 2008 o termo “squirting”, que se refere ao líquido que a mulher produz na hora do orgasmo, é procurado. A informação foi divulgada pelo site “The Cut”, que conseguiu parte dos dados não divulgados inicialmente pelo site de pornografia.

De acordo com a reportagem, em 2010, o estúdio mais popular do site foi o que introduziu a ideia de vídeos com atrizes interpretando modelos em testes para recrutamento. Durante a conversa com o recrutador, essas profissionais são convencidas a tirar suas roupas e manter relações sexuais. O termo “casting” logo começou a aparecer nas buscas.

Outros vídeos que caíram no gosto dos usuários do site foram os que terminavam com sêmen visivelmente gotejante. Esta seria a prova de que houve sexo sem camisinha, um sexo “mais real” – e provavelmente menos seguro.

Quatro anos depois do estúdio dos recrutadores de modelos ter ficado famoso, outra produtora também chamou atenção com vídeos em que mulheres pegavam táxis, algumas vezes sem dinheiro para pagar pela corrida, e, depois, eram persuadidas a fazer sexo com o motorista.

Mulheres

De acordo com a análise feita sobre os dez anos do site, as mulheres da América, tanto do Sul quanto do Norte, procuram mais pela categoria de sexo lésbico do que qualquer outra classificação de vídeos pornográficos. O levantamento publicado no site “The Cut” também traz o gosto das usuárias da Rússia e do Cazaquistão: “sexo anal” e “pênis grande”, respectivamente.

Quando são elas as telespectadoras e não apenas as atrizes, há uma preferência dos vídeos com sexo homossexual do que o heterossexual. Se o sexo lésbico vem como primeira opção, o gay, com dois homens, vem em seguida. Além disso, 37% das pessoas que assistem ao sexo entre dois homens no site são mulheres. É a categoria mais vista pelas usuárias com mais de 45 anos.

Já se formos comparar o gosto feminino pela pornografia com o masculino, os termos “Milf” e “Squirt” só aparecem em oitavo e nono lugar. Outra diferença é que elas também ficam mais tempo em cada acesso do que eles: uma média de um minuto e 14 segundos a mais.

Os países com mais mulheres fãs de pornografia são Brasil e Filipinas. Elas compreendem 35% de toda as visualizações em cada país, 10% a mais que as mulheres nos Estados Unidos. Entre as brasileiras, um termo de busca recorrente é o “shemale”, que se refere a mulheres trans.

Opinião de quem não gosta 

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Reprodução/Foto-RN176 Mulheres são as que mais acessam conteúdo pornográfico por aparelhos móveis, como os celulares, segundo a análise

Mulheres gostam de sexo tanto quanto os homens e, de acordo com o levantamento do PornHub, elas até mesmo lideram quando o assunto é videos vistos em aparelhos móveis, como celulares. Entretanto, esse universo pode parecer “obscuro” para algumas.

Além de os vídeos muitas vezes apresentarem um tipo de sexo irreal, com um padrão de beleza também muitas vezes inalcançável, diversas ex-atrizes pornográficas já denunciaram abusos sofridos pela indústria. A partir desses problemas, a desingner Mackenzie Peck teve a ideia de criar um conteúdo pornográfico mais “ético”.

O foco da revista “Math” é voltado para o prazer feminino e chamou atenção no começo deste ano. De acordo com Mackenzie, entretanto, muitas pessoas ainda não veem a publicação como pornografia. “O errado da indústria pornográfica é que ela não está satisfazendo as necessidades de muita gente. Os tipos diferentes de corpos e o vasto oceano de desejos sexuais raramente são explorados e as pessoas estão impacientes por algo que exalte a sexualidade por sua mágica e inclua todas as formas de fazer sexo”