ROTANEWS176 09/12/2023 07:45 RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS
Em sua “terceira juventude”, o baiano Adelcio revela como aprendeu a guiar a vida rumo à felicidade.
Reprodução/Foto-RN176 Adelcio Ribeiro Chaves, é vice-responsável pelo Bloco Patagônia, Distrito Vitória da Conquista, Sub. Bahia – Foto: Arquivo pessoal
As lembranças trazidas da infância pelo Sr. Adelcio são de pobreza e de obscuro futuro. Ele nasceu e morou em uma fazenda no interior da Bahia, com mais dois irmãos. O pai trabalhava na roça e, depois de ter sido picado por uma cobra e ficado muito doente, foi mandado embora da fazenda, carregando a família. A mãe construiu um barraco coberto de capim à beira da estrada para morarem. Sobreviviam de esmola. No desespero de não conseguir sustentar a todos, o filho mais velho, Waldomiro, foi entregue para uma família de São Paulo.
Já o Sr. Adelcio, aos 7 anos, foi ajudar num posto de gasolina da cidade, permanecendo por quinze anos. Também não conseguiu frequentar a escola, concluindo apenas o primeiro ano. “Não conseguia enxergar um futuro livre do sofrimento.”
São bastidores que remontam a mais de meio século. Situações que bem poderiam significar o fim para muitas pessoas. Está aqui o Sr. Adelcio para provar o contrário. Em setembro último, ele completou 70 anos, e, diferentemente do garoto desesperançoso daquela época, revela aos leitores como conseguiu assumir o comando da direção de uma vida de vitórias.
A virada de chave
“A gente nunca pode desistir, achar que não dá mais. Uma grande boa sorte pode surgir e mudar o rumo de nossa vida”, reflete Sr. Adelcio, ao revelar o fato que mudou sua trajetória. Foi em 1979, quando a mãe conseguiu reencontrar o filho Waldomiro, em São Paulo, que os levou para morar com ele. Waldomiro havia se tornado membro da Soka Gakkai e praticava o Budismo Nichiren, falando aos familiares sobre a grandiosa força que sentia com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo. “Ele mirou firme nos meus olhos e perguntou: ‘Quer mudar a vida?’. Respondi que sim”, relembra Sr. Adelcio, que, de imediato, aceitou participar de uma reunião de palestra. “Senti algo mudando no meu coração. Aquelas pessoas com tanta energia e muita alegria. Era ali que queria ficar.”
Dois anos depois, em 1981, recebe o Gohonzon (objeto de devoção budista); e, com a séria e sincera prática da fé, surgem as primeiras comprovações. Decide seguir a profissão de motorista. Com esforço, consegue comprar um terreno no qual construiu sua casa.
“Tudo depende de nós.” Essa é uma frase que Sr. Adelcio aprendeu a conjugar depois que se tornou budista. Aquele antigo sonho de aprender a ler foi ganhando forma. “Eu ia a todas as reuniões, e mesmo sem saber ler direito nunca deixei de assinar o jornal Brasil Seikyo. Comprava os livros do presidente Ikeda e ia treinando a leitura em casa. Como é maravilhoso você conseguir compreender corretamente as palavras. As reuniões de estudo foram muito importantes para mim”, arremata. Os reflexos da dedicação foram sentidos também no trabalho que abraçou. “Dirigia caminhões e carretas, e cada vez mais fui sendo confiado pelos meus chefes”.
Em São Paulo, exerceu funções na organização de base, chegando a ser responsável pela comunidade. Nessa luta, conseguiu comprar carro, moto e kombi, “Com a satisfação de poder levar os membros para as atividades. A Gakkai é maravilhosa e tenho muita gratidão”.
Em 1983, passou por um desafio de saúde, vencendo o problema sem necessidade de cirurgia; e com muito apoio dos companheiros Soka. “Com essa comprovação, fiz meu juramento de jamais abandonar esta poderosa prática da fé”, reforça Sr. Adelcio, relembrando que, no ano seguinte, 1984, participou do festival que contou com a presença de Ikeda sensei no Brasil, integrando o painel humano. “Renovei minha decisão de seguir firme nessa estrada do kosen-rufu”.
Retorno às origens
Nos anos que se seguiram, depois de se aposentar, o Sr. Adelcio decide realizar o sonho de voltar para a Bahia, instalando-se em Vitória da Conquista. Aquele jovem com medo do futuro se transformara em um ser humano vitorioso, e que não se aposentaria da vida. “Assim que cheguei em 2016 fui logo procurar os companheiros Soka. Não podia perder tempo para fazer minha luta pelo kosen-rufu.”
Atualmente, ele exerce a função de vice-responsável pelo bloco. Junto com seus líderes, percorre longas distâncias com seu carro para encontrar os membros que residem em locais mais afastados. “Rodamos por essas estradas com uma alegria que não cabe no peito”, afirma, emocionado. Aperfeiçoa-se também na hora de se preparar para as reuniões. Ele tem cadernos com recortes dos periódicos da Editora Brasil Seikyo, sempre pronto para oferecer um incentivo de Ikeda sensei. Com orgulho, faz parte do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI. “Sou do Segundo Grau, fiz os exames com o incentivo e o apoio dos companheiros. Quem diz que o esforço não vale?”. E de bate-pronto traz esse encorajamento do Mestre:
Energia vital não se refere apenas a vigor físico; também abarca sabedoria. Se nossa energia vital for forte, não nos esqueceremos do que é importante nem falharemos num momento crucial”.1
O Sr. Adelcio completa, agora em 2023, 42 anos como membro da Soka Gakkai. No ano passado, esteve em São Paulo, no casamento da sobrinha, filha do irmão Waldomiro, o qual lhe apresentou o budismo. “Foi uma grande alegria. Minha gratidão é imensa.”
Reprodução/Foto-RN176 Imagem dos gráficos que estampa orgulhoso: “Estou finalizando 2 milhões de daimoku neste ano, dobrando o meu objetivo”
Em Vitória da Conquista, divide seus dias com a atual esposa Noeme, que o apoia em tudo. Conquistou duas casas e um sítio, aonde vai frequentemente. Ele proporciona apoio constante à comunidade e ao distrito. Venceu a Covid-19 e recentemente se submeteu a uma cirurgia, participando na mesma semana da reunião de palestra. Qual o segredo de sua vitalidade e do seu dinamismo? “Meu dia começa com daimoku, determinando ter um dia cheio de energia.” Todos os anos, lança o objetivo de recitar um milhão de daimoku, e isso faz tempo. Neste ano, 2023, o Sr. Adelcio já ultrapassou a meta e caminha para fechar 2 milhões de daimoku. “É muito bom a gente se sentir assim, pronto para viver o dia maravilhoso de hoje. Agradeço ao Mestre por ter me dado um propósito de vida. Envelhecer com força e alegria é um privilégio que o budismo nos oferece”, enfatiza.
Adelcio Ribeiro Chaves, 69 anos, aposentado. É vice-responsável pelo Bloco Patagônia, Distrito Vitória da Conquista, Sub. Bahia.
Nota:
- IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 203, 2019.
Foto: Arquivo pessoal
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO