ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 10/09/2022 13:47 RELATO DA REDAÇÃO
Com a filosofia da esperança que encontrou na juventude, Vera rompe os grilhões do carma e segue convicta em sua revolução humana
Reprodução/Foto-RN176 Vera Lucia da Silva Rodrigues, Vice-responsável pela DF da RM Diadema, Sub. Grande ABC, CGSP.
Aos 15 anos, sem medo de buscar a felicidade, Vera Lucia já sentia o peso e a responsabilidade de transformar as condições de tristeza e de dificuldades que enfrentava junto com a família. Encontra resistência para praticar o budismo, mas vence.
Em agosto último, essa radiante rainha da felicidade celebrou seus 41 anos de família Soka, olhando para o passado apenas com gratidão e senso de dever cumprido. Integrante da RM Diadema, ela atua como vice-responsável pela Divisão Feminina de RM. Encontrar um mestre da vida e uma filosofia de esperança são seus maiores tesouros. Edifica uma família feliz, unida pelo mesmo ideal. Nessa trajetória, desafios não faltam, mas aprende a receita da vitória: não se abalar diante de nada. Algumas passagens de suas experiências estão aqui relatadas. Um convite a leitura e inspiração.
Há dois personagens famosos citados nos escritos de Nichiren Daishonin, que geralmente estudamos na Soka Gakkai. Conhecidos como Irmãos Ikegami, eles sofrem forte opressão do pai, que não os apoiava na prática budista. Esse bastidor vivido no século 13 bem que se assemelha ao que Vera e sua irmã, Lucineia, experimentaram. O ano é 1981, agosto, quando decidem se converter ao budismo na região de Diadema, município paulista, onde ainda residem. De origem simples, os pais, José Cezar da Silva e Alice de Oliveira da Silva, estranham a escolha das filhas por uma filosofia tão diferente. Vera nos conta: “Por ser menor de idade, não podia ter o meu Gohonzon (objeto de devoção budista). Na época, meu pai assinou a autorização para que eu o recebesse. Mas, vencido pelo alcoolismo, isso gerou muitas brigas e discussões e até casos de violências físicas em nosso lar. Ele culpava o Gohonzon, e não apoiava a nossa prática”. Com apoio da mãe, Vera, 15, e Lucineia, 13, participam das atividades com os estudantes e jovens da BSGI. O irmão mais novo, José Luciano da Silva, na ocasião com 7 anos, segue a crença dos pais.
A saúde da mãe se agrava nos anos seguintes, em decorrência da doença de Chagas, contraída quando morava no interior, sendo essa a causa de sua morte em 1991. “Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida até hoje. Ao mesmo tempo, sinto imensa gratidão pela forma como fui acolhida por todos os companheiros da organização e pelos incentivos de Ikeda sensei, essenciais para ultrapassar essa grande perda”, relembra Vera.
Reprodução/Foto-RN176 da esq. para a dir., o sobrinho Bruno, a irmã Lucineia, Vera e o marido, Marcio, e a filha, Alice, tendo à frente o netinho, Davi Luiz – FOTO: Colaboração local
Sobre a importância do ambiente de acolhimento vivenciado na Soka Gakkai e, em especial, como encontrar um mestre iluminou sua jornada de vida, ela traz à memória dois momentos que teve com o presidente da Soka Gakkai Internacional, Dr. Daisaku Ikeda, quando ele veio ao Brasil. “São meus tesouros.” O primeiro aconteceu em 1984. Mesmo sem saber ao certo o que significava “ter um mestre da vida”, ela foi envolvida nos ensaios de um festival cultural durante a visita de Ikeda sensei após dezoito anos. “Minha irmã e eu atuamos como figurantes no setor de dança moderna. Nossas condições eram difíceis, éramos jovens e ainda não tínhamos emprego, desafiávamos na recitação de daimoku para termos condições financeiras e assim comprarmos nossos uniformes, comermos durante os ensaios e para pagarmos o transporte”, relata Vera, prestes a completar 18 anos na época. O encontro inédito se deu no dia 26. Na plateia, para alegria das meninas, estão os pais. Um dos convites foi oferecido pela organização local e o outro cedido gentilmente pela veterana que apresentou o budismo a elas. “Foi um misto de alegria, emoção e muitas lágrimas. Meus pais também se encontraram com sensei”.
No fim daquele ano, a conquista do primeiro emprego como auxiliar de produção. “Registrada em carteira, feliz, eu me empenhei ainda mais nas atividades.” Vera entra para o Cerejeira, grupo de bastidor da Divisão Feminina de Jovens (DFJ), responsável pela recepção e pelo atendimento nas atividades da organização. “Foi um especial grupo de aprimoramento, no qual aprendi muito; e que me proporcionou o segundo encontro com o Mestre, em 1993, em sua quarta visita ao país”, ressalta. Ela renova juramento de luta conjunta naquele ano tão significativo, marcado ainda pelo casamento com Marcio Rodrigues. Na época, ele não era membro da Soka Gakkai, e só se tornou em 2015. Hoje, atua como responsável pelo bloco da localidade.
Até chegar a essa feliz realização, Vera se manteve firme, seguindo agora na Divisão Feminina (DF), “oportunidade de aprender a cada dia a importância de orar muito mais daimoku”. Foi com essa disposição que, desde o nascimento da filha do casal, Alice da Silva Rodrigues, ela se dedicou para criá-la nos jardins Soka. A jovem tem 26 anos, é responsável pela DF de bloco e traz alegria à família com o pequeno Davi Luiz Rodrigues Novais, 5 anos. “Estamos construindo nossa história de vitórias.”
Reprodução/Foto-RN176 Vera, à esq., junto com Lucineia no aniversário de 87 anos do pai – FOTO: Colaboração local
Vera comprova também que mantém firme o juramento feito no início da prática. Lucineia da Silva Duvilierz, a irmã dois anos mais nova, atua como responsável pela DF de distrito. “Fomos apelidadas carinhosamente por um veterano de ‘irmãs Ikegami’, por nossa história ser semelhante à luta deles em converter o próprio pai”, sublinha Vera, constatando expressivos resultados. Os pais passaram a apoiá-las em tudo. O Sr. José completa 90 anos em novembro e sempre que as encontra reforça “Quanto vocês venceram com essa prática, sempre unidas!”. Na família, em geral, são catorze lares com Gohonzon e 24 membros convertidos. Vera apresentou o budismo da esperança para outras quatro pessoas. E feliz pelo sobrinho Bruno Silva Duvilierz, filho de Lucineia, que atua como responsável pela Divisão Masculina de Jovens (DMJ) de comunidade e pertence ao Núcleo de Desenvolvimento de Orquestra (NDO) da BSGI. “A desarmonia familiar que fazia meu coração sofrer tanto quando tinha 15 anos deu lugar a uma renovada esperança. Temos uma união linda, com propósito. Isso eu devo à Soka Gakkai”, sintetiza.
Gratidão, sempre
Os sonhos devem ser perseguidos e alguns estavam guardados num lugar especial do coração de Vera. O ambiente harmonioso conquistara com muita dedicação. Sentia falta de maior estabilidade financeira, mas jamais deixou que essa condição limitasse sua atuação como líder, como integrante do Departamento de Contribuintes (Kofu) e na manutenção assídua dos periódicos da EBS. “Nos momentos de dificuldades, é hora de muito mais daimoku. A gratidão que sinto por tudo o que venci com a prática do Nam-myoho-renge-kyo me faz enxergar a vida com esperança, sempre. Todos nós temos dificuldades, não estamos livres dos problemas, mas aprendi a não recuar diante deles.”
Reprodução/Foto-RN176 Registro da participação das irmãs no festival de 1984. Vera está na lateral direita da foto, e Lucineia, na lateral esquerda – FOTO: Colaboração local
Vera faz um recorte do desafiador período de pandemia da Covid-19, em que teve de confirmar mais uma vez sua determinação de vitória. Dá entrada em seu pedido de aposentadoria, porém, com as mudanças na lei previdenciária, o processo demoraria um pouco mais. Vem o ano 2020, e a crise de saúde mundial paralisa as expectativas. O coração é fortalecido no ambiente Soka nesse “Ano do Avanço e dos Valores Humanos”. Com a família, ela lê e relê a Mensagem de Ano-Novo enviada por Ikeda sensei, na qual ele reforça:
Em um escrito comemorando a chegada de um novo ano, Daishonin nos promete: “As pessoas que creem no Sutra do Lótus haverão de acumular uma boa sorte proveniente de dez mil milhas de distância”.1
Com forte oração e união de “diferentes em corpo, unos em mente”, “dia após dia e mês após mês”,2 solidifiquem todos um avanço contínuo, acumulando o “tesouro do coração”,3 de forma sábia, harmoniosa e alegre!
Estabeleçam um avanço invocando novos “valores humanos” emergidos da terra, encorajando-os e desenvolvendo-os!4
Reprodução/Foto-RN176 Reunião Comemorativa virtual de 71 anos da Divisão Feminina da BSGI – FOTO: Colaboração local
Hora de avançar, em meio ao vendaval que se formava à frente. A empresa na qual atua há mais de dez anos decide parar a produção por cerca de um mês, começando em março de 2020. Fora a incerteza de continuidade, o salário tem redução de 50%. Passa a operar no vermelho, vendo a dívida bancária aumentar a cada dia. Vera aciona sua determinação, orando seis a oito horas de daimoku diariamente. “Eu nunca havia falhado em fazer Kofu e não seria a primeira vez. Renovei meu juramento de transformar o carma financeiro. Agora era vencer e vencer”, relembra a voz corajosa de seu coração naquele momento desafiador.
Foram 28 dias de paralisação e 150 horas de daimoku recitados confiantes na vitória. Em abril, duas grandes conquistas: a volta ao trabalho e a aposentadoria aprovada. “Finalmente saiu, depois de mais de dois anos aguardando.”
A partir de então, ela expande o alcance dos sonhos. “Gratidão maior na realização do Kofu, que, além de um aumento considerável no número de cotas, estou conseguindo fazer bem antes da data final. Eu me sinto tão vitoriosa.” Também conseguiu trocar de oratório e ainda concluir tratamento dentário sonhado “Que me deixou com a autoestima renovada, além de ter sido feito por uma profissional extremamente humana, para quem pude falar sobre o poder do daimoku”.
Nesse período de pandemia, junto com as integrantes da DF da localidade, pôs em prática “daimoku, visita e estudo”. “Estudamos as escrituras de Nichiren Daishonin e as explanações do Mestre, o que nos fortaleceu ainda mais.”
Reprodução/Foto-RN176 Vera em sua rotina de trabalho – FOTO: Colaboração local
Próximo sonho: ir ao Japão. “Em agradecimento pelos benefícios conquistados e para renovar a decisão de realizar o kosen-rufu da minha localidade. Encontro com meu mestre todos os dias, mas ir até lá é um desejo que acalento no coração.”
Há muito espaço também para a sua gratidão. Ao Mestre, pela oportunidade de ter conhecido a budismo, trazido por ele ao Brasil em meio a tantos desafios. Aos pais, à família e aos companheiros Soka, com os quais determina seguir sempre junto. A todos, dedica um pequeno trecho de uma obra do presidente Ikeda que resume seu sentimento:
Não existe felicidade maior do que possuir um mestre. Não há honra maior do que poder lutar ao lado do mestre. E o senso de gratidão ao mestre é o fator fundamental para continuar mantendo uma vida correta.5
Vera Lucia da Silva Rodrigues, 55 anos. Apontadora de produção. Vice-responsável pela DF da RM Diadema, Sub. Grande ABC, CGSP.
Notas:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 405, 2020.
- Ibidem, p. 263.
- Ibidem, p. 112.
- Brasil Seikyo, ed. 2.496, 31 dez. 2019, p. 1.
- IKEDA, Daisaku.Pode Haver uma História Mais Maravilhosa do que a Sua? São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2018. p. 61.
FOTOS: Colaboração local