Oitenta anos em prol do kosen-rufu

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  10/07/2021 07:37

ESPECIAL/REDAÇÃO

Sra. Kaneko Ikeda completa oito décadas dedicadas ao Budismo de Nichiren Daishonin

Reprodução/Foto-RN176 Sra. Kaneko Ikeda (de vestido azul com botões e colar branco), esposa do Dr. Daisaku Ikeda, ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Kaneko Ikeda nasceu em 27 de fevereiro de 1932, em Yaguchi-no-Watashi, no bairro de Ota, em Tóquio. A família da jovem ingressou na Soka Gakkai em 12 de julho de 1941. Na época, Kaneko, a terceira filha de quatro irmãos, estava com 9 anos e acompanhava a mãe a todas as atividades da organização. Ela e os familiares receberam orientações diretamente do primeiro e do segundo presiden­tes, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda.

São muitas as experiências da jovem Kaneko, e de seus familiares, tais como testemunhar a prisão de Makiguchi sensei e Toda sensei, a morte de Makiguchi e a luta árdua de Josei Toda para reconstruir a organização. A família dela estava entre as poucas famílias que se mantiveram ligadas à Soka Gakkai no período em que ambos os mestres se encontravam presos.

No livro Kaneko — Seu Sorriso, Sua Felicidade, ela apresenta o fundo de cena da conversão de sua família ao Budismo de Nichiren Daishonin

Entramos para a Soka Gakkai por decisão de minha mãe. Depois de me dar à luz, o período de resguardo não foi adequado e ela teve flebite. Caso um coágulo fosse formado e este atingisse os pulmões, ela poderia morrer. (…) Preo­cupada com a saúde de mamãe, uma vizinha convidou-a a entrar para a Soka Gakkai. No começo, papai discordou e ela hesitou por quase um ano. Mas, quando tomou a decisão, papai não teve outra saída senão acompanhá-la. (…) Foi pela doença da mamãe após o parto do meu nascimento, e por isso ela falava que eu possuía profunda relação com o budismo.1

A infância de Kaneko foi marcada pela rigorosidade do presidente Makiguchi. Ela detalha como foi o primeiro encontro:

O presidente Tsunesaburo Makiguchi (1871–1944) participou de reuniões de palestra na minha casa. Uma vez, mamãe levou-me à estação de Yaguchi-no-Watashi para recepcioná-lo. Lembro que ele me pegou no colo e acariciou a minha cabeça. (…) Tive a impressão de que o Sr. Makiguchi era uma pessoa muito idosa. Mas, na reunião de palestra, ele sentou-se ereto e firme e suas palavras eram vigorosas.2

Posteriormente, ela recebeu treinamento do presidente Josei Toda e, junto com o presidente Ikeda, vem se dedicando incessantemente ao avanço da Soka Gakkai.

Daimoku que ilumina a escuridão

Kaneko, ainda jovem, e sua família vivenciaram os horrores da guerra, deixando a casa em que viviam para morar com uma tia em Guifu devido aos bombardeios em Tóquio. Em uma das suas recordações, ela compartilha:

Numa certa manhã, quando abri a janela, deparei com a vizinha e a cumprimentei gentilmente. Ela me disse: “Há muito tempo que não vejo um rosto tão humano!” Eu era ainda uma menina e não compreendi o que ela me dissera. Perguntei-lhe, rindo: “O que a senhora quer dizer com isso?” Lembro-me com nitidez dessa cena ainda hoje. Pensando bem, creio que o reflexo do daimoku estava estampado no meu rosto de menina e provavelmente lhe tenha causado uma sensação de paz e serenidade naquela época ainda cruel de pós-guerra.3

A jovem Kaneko era aluna dedicada e, quando sua família, após o fim da guerra, retornou para Tóquio, ela começou a trabalhar nos fins de semana em uma padaria no bairro de Shinagawa. Ela também trabalhou por um ano e meio em um hospital perto de sua residência. A responsabilidade dela era esterilizar seringas e instrumentos cirúrgicos em água fervente e embalar as doses de remédios em pó, além de ajudar no controle dos convênios de saúde. Kaneko também atuou em um banco.

Comecei a trabalhar em 1950, e os membros da Gakkai manifestavam o desejo de que o Sr. Toda assumisse como segundo presidente, fato que ocorreu em 3 de maio do ano seguinte. (…) Dois meses depois, em 19 de julho de 1951, ocorreu a fundação da Divisão Feminina de Jovens. Fui uma das 74 moças presentes nessa ocasião.4

“Confie em mim e acompanhe-me”

Essas foram as palavras de Daisaku Ikeda ao se casar com Kaneko. A cerimônia foi realizada para um total de cinquenta pessoas em 3 de maio de 1952, data escolhida por Josei Toda.

Daisaku estava, então, com 24 anos e Kaneko havia acabado de completar 20. O dois se conheceram quando foram apresentados pelo irmão de Kaneko, que conhecia Daisaku, dentro de um trem, voltando para casa após o término de uma atividade. O namoro dos jovens teve a aprovação do presidente Josei Toda. Foi ele próprio quem incentivou o casamento e se prontificou a comunicar os pais do casal.

A minha esposa surgiu em minha vida como uma jovem atraente no verão de 1951. Na época em que trabalhava na Metalúrgica Niigata, localizada no bairro de Kamata, conheci o seu irmão no Ginásio Ebara. Ele fazia parte da mobilização emergencial de estudantes para suprir a falta de mão de obra na produção de armamentos de guerra. Pouco tempo depois, soube que sua família era membro da Soka Gakkai desde antes da guerra. No caminho de volta de uma reunião, ele apresentou-me sua irmã que trabalhava num banco no centro de Tóquio. Desde então, nossos encontros se repetiram com certa frequência.5

Após o casamento, por um curto período, Kaneko atuou como responsável pela Divisão Feminina do Bloco Meguro, pertencente ao Distrito Kamata. A jovem tinha por volta de 20 anos e as líderes de cada unidade e muitas integrantes do bloco eram mais velhas, e isso a motivou a se empenhar duas vezes mais que qualquer outra pessoa. Ela se engajou diligentemente nas atividades de propagação e incentivava e apoiava suas companheiras sempre com um sorriso.

Ao lermos sobre a vida da Sra. Kaneko Ikeda, percebemos seu grande propósito de cultivar os ideais de paz, respeito e humanismo. Em destaque, os quatro itens que ela estabeleceu como essenciais em seu lar, que bem reforçam o profundo respeito pelo outro. Um guia de vida a ser seguido:

  1. Viver em prol das pessoas e da sociedade.
  2. Ser sincero com as pessoas.
  3. Perseverar naquilo que acredita por toda a vida.
  4. Mais que vencer, o importante é não ser derrotado. Isso nos levará a todas as vitórias.6

Juntos, comemoremos os oitenta anos de conversão da Sra. Kaneko com um grande sorriso no rosto, decididos, ainda mais, a triunfar rumo ao centenário de fundação da Soka Gakkai, em 2030.

Primeiros passos na prática budista

Trechos do livro Kaneko — Seu Sorriso, Sua Felicidade

Entramos todos para a Soka Gakkai em 12 de julho de 1941, eu cursava o quarto ano na Escola de Ensino Fundamental 1 Yaguchi. Foi pela doença da mamãe após o parto do meu nascimento. (…) No quinto ano, meu professor foi Takehisa Tsuji, discípulo do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. Ele é membro do Conselho Superior de Orientação da Soka Gakkai. Por isso eu também sinto que tinha relação com o budismo.

O presidente Tsunesaburo Makiguchi (1871–1944) participou de reuniões de palestra na minha casa. Uma vez, mamãe levou-me à estação de Yaguchi-no-Watashi para recepcioná-lo. Lembro que ele me pegou no colo e acariciou a minha cabeça. Havia poucas lojas e residências em volta da estação, e era possível ver uma grande extensão das margens do Rio Tamagawa. (…)

Por ser época de guerra, houve uma ocasião em que três agentes da polícia militar vieram à minha casa e sentaram-se no corredor. Eles permaneceram ali vigiando o transcorrer da reunião de palestra. Os agentes interrompiam aos gritos o Sr. Makiguchi quando achavam que o assunto era inconveniente. Eu fiquei assustada, mas mamãe me tranquilizou dizendo que o presidente Makiguchi era correto e justo e que, portanto, não havia nada a temer.

Sinto muita gratidão aos meus pais por terem me oferecido um bom ambiente familiar.

Meu pai era simples, tolerante e tinha um grande coração. Mamãe, por sua vez, dizia claramente tudo o que deveria dizer mesmo que gerasse antipatia, e foi muito rigorosa em relação à prática budista. Eles cumpriram plenamente a tarefa de pai e mãe.

Papai viveu até os 85 anos com vigor. Mamãe recuperou totalmente a saúde, percorreu todo o Japão e incentivou os membros até falecer, aos 95 anos.

Fonte: Kaneko — Seu Sorriso, Sua Felicidade, p. 19-20.

Notas:

  1. IKEDA, Kaneko. Kaneko — Seu Sorriso, Sua Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2017. p. 19.
  2. Ibidem, p. 20.
  3. Ibidem, p. 26.
  4. Ibidem, p. 36.
  5. Terceira Civilização, ed. 473, jan. 2008.
  6. Brasil Seikyo, ed. 1.793, 30 abr. 2005