Opinião: 75 anos depois de Gandhi

ROTANEWS176 E POR  BM&C NEWS 13/02/2023 07:40                                                                                                      Por Marcus Vinicius de Freitas

Heróis mostram a possibilidade de realizarmos, avançarmos e contribuirmos, de modo diferenciado, nesta saga que chamamos de vida.

 

RN176 Mohandas Karamchand Gandhi – 1931 foi um advogado, nacionalista, anticolonialista e especialista em ética política indiana

Precisamos de heróis. Eles são essenciais pelo papel importante que desempenham na sociedade. São seres humanos – iguais a nós – que conseguem transformar uma existência simples em algo que transcende as gerações do tempo. Heróis mostram a possibilidade de realizarmos, avançarmos e contribuirmos, de modo diferenciado, nesta saga que chamamos de vida. Suas existências também são controversas. Afinal, são seres humanos complexos, como todos nós, com erros e acertos. O equívoco é enfatizarmos mais os erros que os acertos.

“As gerações vindouras dificilmente acreditarão que alguém como este, em carne e osso, andou sobre esta terra”: estas foram as palavras que Albert Einstein, o maior gênio do século XX, utilizou para descrever um dos grandes heróis da história humana, um homem frágil, que usava a tradicional tanga hindu (“dhoti”), sempre com um cajado de bambu e com um sorriso sem dentes. Mohandas Karamchand Gandhi, conhecido como Mahatama Gandhi ou somente Gandhi, era o nome deste homem que foi um exemplo de coragem e compromisso com a questão da resistência não violenta.

Origem de Gandhi

Nascido em 2 de outubro de 1869, a história de vida de Gandhi muda, completamente, a partir dos seus 24 anos de idade. Após concluir o curso de direito, Gandhi foi contratado para trabalhar na África do Sul. Foi lá que Gandhi sentiu o câncer da discriminação.

Ele, que havia comprado um bilhete de trem de primeira classe, foi expulso do trem, ao recusar-se a ceder seu lugar para um passageiro branco e deslocar-se à terceira classe. A partir daquele momento, Gandhi observou a enorme discriminação que britânicos e holandeses faziam com índios e africanos. Em certas províncias, pessoas de cor não poderiam possuir propriedades ou votar em eleições. Gandhi assumiu, na África do Sul, um papel de importante negociador, na revogação de leis opressivas contra os indianos.

Gandhi retornou à Índia e viu a mesma situação repetir-se. Passou 21 anos lutando contra essas injustiças buscando aplicar o método de não violência aprendido na África do Sul. Durante esse tempo, ele aperfeiçoou sua filosofia, ao ensinar que a única maneira de provocar mudanças era por meio de manifestações pacíficas, como boicotes, marchas e protestos.

Libertação da Índia

Gandhi libertou a Índia do imperialismo britânico e inspirou milhares de movimentos de proteção aos direitos civis. Para Gandhi, o serviço público não era somente uma questão de poder, mas sim de algo muito superior, um verdadeiro chamado à atuação visando a melhoria do coletivo.

Gandhi lutou por uma Índia unificada, com muçulmanos e hindus vivendo em harmonia. Não conseguiu. Negociações extensas levaram os britânicos a criar dois países independentes, Índia e Paquistão. A não violência que imperou contra os britânicos foi rapidamente esquecida nos conflitos sangrentos entre muçulmanos e hindus. Até o fim, Gandhi recorreu a jejuns, vigílias e visitas a áreas problemáticas para acabar com os conflitos religiosos. Foi numa destas vigílias que Nathuram Godse, um extremista hindu contrário à tolerância de Gandhi aos muçulmanos, assassinou Gandhi com três tiros.

O maior arquiteto da resistência pacífica ao domínio do grande império britânico foi assassinado justamente por causa da discriminação. Evoluímos nesta questão ou ainda precisamos de novos heróis para nos relembrar sobre o câncer da discriminação, seja qual for o grupo social?