ROTANEWS176 22/02/2025 11:05 RELATO DIRETO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS
Crislaine conta como sua família superou a pobreza e a desarmonia.
Reprodução/Foto-RN176 Crislaine Janaina Alves Sanches posa feliz na saída do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-Rufu (Daiseido), após renovar seu juramento como jovem Soka, ja BSGI, é responsável pela Juventude Soka da Sub. Castelo Regis, CGSP. É consultora do grupo Cerejeira da BSGI — Fotos: Arquivo pessoal
Budismo é para transformar a vida — essa é minha maior convicção. Eu me chamo Crislaine Sanches e tenho 35 anos. A revolução da minha família começou em 1988, quando minha mãe conheceu a Soka Gakkai. Nasci e cresci na cidade de Carapicuíba, região periférica do estado de São Paulo. Sou a primeira dos meus irmãos a nascer em um lar budista.
A família é grande, sou a número 6 no total de nove irmãos. Durante muito tempo, morávamos (onze pessoas) em um barraco de um cômodo à beira de um córrego e, sempre que chovia, nossa casa era invadida pela enchente. Se me limitasse às condições que o destino nos proporcionou, ainda estaria à beira daquele córrego. Sem dúvida, com a prática budista, transformei diversos aspectos e, principalmente, mudei meu coração. Compartilho um pouco da minha jornada.
Reprodução/Foto-RN176 Com a família reunida, num ambiente de alegria construído com muita luta
Culpar os outros
Eu queria vencer a revolta que preenchia meus dias de adolescente. Tinha raiva de tudo e de todos, culpava minha mãe pela situação que vivíamos, por ela ter tido um monte de filhos e pelo meu pai não ser um bom exemplo. Por tudo. Mesmo vivenciando aquele ambiente de discórdia e de pobreza, íamos sempre para as reuniões de palestra e para os encontros da Divisão dos Estudantes (DE).
Sentia esperança quando recitava Nam-myoho-renge-kyo. Em uma atividade, conheci o Cerejeira, grupo de bastidor da Divisão Feminina de Jovens (DFJ). Era ideal para mim, que convivia com a timidez. Olho para trás e me lembro da época (2002) em que ingressei no grupo sem ter dinheiro do lanche e da condução para participar. Em casa, faltava o básico. Ainda assim, não perdia nenhuma atuação no Cerejeira, onde aprendi a grandiosa missão de proteger as pessoas e o valor do companheirismo. São 22 anos de dedicação, e hoje faço a minha parte como consultora desse grupo maravilhoso. Orgulho imenso.
Voltando à fase da adolescência, a mudança de conduta foi clara. Deixei de culpar minha mãe, entendendo o real significado de praticar o budismo, transformando a partir do meu próprio coração. E surgem os benefícios.
Transformação do carma
Durante um estágio, em que trabalhava de segunda a segunda, conquistei vaga em uma multinacional na qual estou há dezessete anos, com condições de tempo e dinheiro para me empenhar nas atividades Soka. Nos momentos desafiadores, nutria a esperança ao ler um trecho do poema dedicado pelo presidente Ikeda ao grupo Cerejeira: “Minhas jovens! Mesmo que as pessoas não vos louvem, o canto das divindades celestiais, emitindo silenciosamente os acordes da alegria, haverá de louvá-las para sempre com toda a intensidade de suas forças”. Venci!
No fim de 2009, meu pai passou mal em casa e, já no hospital, descobrimos que um coágulo do coração foi parar no intestino; depois disso, ele lutou e prolongou a vida por dez anos. Não foi o alcoolismo que causou a morte dele, pois ele conseguiu transformar esse vício em vida. Grande comprovação!
Após uma enorme enchente que invadiu nossa casa em 2014, decidimos reagir. Com a união de minha mãe, minhas três irmãs e eu, nós nos lançamos à participação no Kofu (contribuição voluntária oportunizada aos membros Soka), com um desafio de cotas nunca feito na família, e à recitação de uma hora de daimoku aos domingos, todas juntas. Em pouco tempo, conseguimos nos mudar para uma boa casa e oferecê-la para as atividades sem nenhuma preocupação.
Sair da concha
Ao ouvir sobre a importância de compartilhar os benefícios com as pessoas ao redor, resolvi dar o primeiro passo, justamente falando do budismo para o Caetano, namorado da minha irmã. Foi uma sensação maravilhosa. Hoje, ele atua na liderança dos rapazes de um bloco. Determinei, todos os anos, fazer “mais uma pessoa feliz”, que para mim é o significado real dessa ação humanística. Em dezembro último, concretizei meu décimo terceiro shakubuku com gratidão.
Falando sobre a minha querida mãe, em maio de 2022, numa emergência hospitalar, descobriu-se que ela tinha uma doença há mais de trinta anos; ou seja, prolongou a vida por todo esse tempo; e faleceu serenamente. Por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, ela venceu a tudo. Sou-lhe muito grata por nos ter deixado esse legado.
Reprodução/Foto-RN176 Em 2014, na concessão de Gohonzon ao Caetano, namorado da sua irmã, Tatiane, à esq. da foto. O primeiro shakubuku, de outros 12 que vieram
Em dezembro do ano passado, assumi como responsável pela Juventude Soka da Sub. Castelo Regis, CGSP. Em união harmoniosa com todas as divisões, estamos nos desafiando para criar uma vigorosa história na localidade, tendo a Liga Monarca como plataforma firme para que os membros possam alçar significativos voos na vida.
Ainda no ano passado, participei do curso de aprimoramento dos jovens no Japão. Recitar gongyo no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu (Daiseido) foi muito especial. A todo momento, lembrei-me da minha mãe e agradeci por ela não ter desistido e nos guiado nessa prática. Renovei meu juramento de jamais trair o Gohonzon, os companheiros e o eterno mestre, Daisaku Ikeda.
Em 35 anos de prática budista, o orgulho é gigante. Conseguimos transformar tudo, desde o local em que morávamos, o alcoolismo do meu pai, o problema de drogas do meu irmão mais novo, a desarmonia familiar e as questões financeiras. Não há nada que não possamos conquistar com uma séria e sincera prática da fé. Avante, sempre! Muito obrigada!
Crislaine Janaina Alves Sanches, 35 anos. Analista sênior na área de logística. Na BSGI, é responsável pela Juventude Soka da Sub. Castelo Regis, CGSP. É consultora do grupo Cerejeira da BSGI.
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO