ROTANEWS176 E POR OVINIHOJE 08/03/2020 12:40
Em um novo estudo – baseado em modelos biológicos e cosmológicos – os cientistas analisaram como os blocos de construção da vida poderiam se formar espontaneamente no universo – um processo conhecido como abiogênese.
Reprodução/Foto-RN176 O RNA compartilha componentes químicos com o DNA e é um precursor essencial da existência da vida.
A origem da vida (abiogênese) ainda permanece um mistério que precisa ser resolvido um dia. Se há uma coisa certa no universo, é que a vida existe. Ela deve ter começado em algum momento, em algum lugar.
Mas, apesar de tudo o que sabemos da biologia e da física, os detalhes exatos sobre como e quando a vida começou, e também se começou em outro lugar, são amplamente especulativos.
Como a única vida que conhecemos é baseada na Terra, os estudos sobre as origens da vida se limitam às condições específicas que encontramos aqui.
Portanto, a maioria das pesquisas nessa área analisa os componentes mais básicos e comuns a todos os seres vivos conhecidos: ácido ribonucleico ou RNA. Essa é uma molécula muito mais simples e essencial do que o ácido desoxirribonucleico, ou DNA, mais famoso, que define como somos “montados”.
Mas o RNA ainda é ordens de magnitude mais complexo do que os tipos de produtos químicos que costumamos encontrar flutuando no espaço ou presos à face de um planeta sem vida. O RNA é um polímero, o que significa que é feito de cadeias químicas, neste caso, conhecidas como nucleotídeos.
Os pesquisadores acreditam que o RNA não inferior a 40 a 100 nucleotídeos é necessário para o comportamento auto-replicante necessário para a vida existir. Mas as estimativas atuais sugerem que um número mágico de 40 a 100 nucleotídeos não deveria ter sido possível no volume de espaço que consideramos o universo observável.
O professor Tomonori Totani, do Departamento de Astronomia da Universidade de Tóquio, disse:
No entanto, há mais no universo do que o observável. Na cosmologia contemporânea, concorda-se que o universo passou por um período de inflação rápida, produzindo uma vasta região de expansão além do horizonte do que podemos observar diretamente. A inclusão desse volume maior em modelos de abiogênese aumenta enormemente as chances de ocorrência da vida.
De fato, o universo observável contém cerca de 10 sextilhões (1022) de estrelas. Estatisticamente falando, a matéria em tal volume só deve ser capaz de produzir RNA de cerca de 20 nucleotídeos. Mas calcula-se que, graças à inflação rápida, o universo possa conter mais de 1 googol (10100) de estrelas e, se for esse o caso, estruturas de RNA sustentadoras da vida mais complexas são mais do que prováveis; elas são praticamente inevitáveis.
Totani disse:
Como muitos nesse campo de pesquisa, sou movido pela curiosidade e por grandes perguntas. Combinar minha investigação recente sobre química de RNA com minha longa história de cosmologia me leva a perceber que há uma maneira plausível do universo ter passado de um estado abiótico (sem vida) para um estado abiótico.
Trata-se de um pensamento emocionante e espero que a pesquisa possa se basear nisso para descobrir as origens da vida.