ROTANEWS176 E POR BBC NEWS 07/06/2022 08:23 Por Wanyuan Song e Jana Tauschinski – Da BBC News
No ano passado, a China colocou em órbita o primeiro módulo de sua estação espacial Tiangong ou “Palácio Celestial”
Reprodução/Foto-RN176 (crédito: BBC/Getty Images/Nasa)
Três astronautas chineses iniciaram uma missão de seis meses para trabalhar na nova estação espacial do país.
É o passo mais recente da China para se tornar uma superpotência espacial nas próximas décadas.
O que é a estação espacial Tiangong?
No ano passado, a China colocou em órbita o primeiro módulo de sua estação espacial Tiangong ou “Palácio Celestial”. E planeja adicionar mais módulos, como o laboratório científico Mengtian, até o fim do ano.
No ano que vem, lançará um telescópio espacial, chamado Xuntian. Ele vai orbitar perto da estação espacial e vai se acoplar a ela para manutenção e reabastecimento.
A Tiangong terá sua própria energia, propulsão, sistemas de suporte à vida e alojamentos.
A China é o terceiro país na história a colocar astronautas no espaço e construir uma estação espacial, depois da União Soviética (agora Rússia) e dos EUA.
O país tem grandes ambições para Tiangong e espera que substitua a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), que deve ser desativada em 2031.
Os astronautas chineses estão excluídos da ISS porque a lei dos EUA proíbe a Nasa, agência espacial americana, de compartilhar dados com a China.
Os planos da China para chegar à Lua e a Marte
As ambições da China não param por aí. Daqui a alguns anos, ela quer coletar amostras de asteroides próximos à Terra.
Até 2030, pretende colocar seus primeiros astronautas na Lua e enviar sondas para coletar amostras de Marte e Júpiter.
O que outros países estão fazendo?
À medida que a China expande seu papel no espaço, vários outros países também pretendem chegar à Lua.
A Nasa pretende retornar à Lua com astronautas dos EUA e de outros países a partir de 2025, e já implementou seu novo foguete gigante, o Sistema de Lançamento Espacial (SLS, na sigla em inglês), no Centro Espacial John F. Kennedy, na Flórida.
O Japão, a Coreia do Sul, a Rússia, a Índia e os Emirados Árabes Unidos também estão trabalhando em suas próprias missões à Lua.
A Índia lançou sua segunda grande missão lunar e quer ter sua própria estação espacial até 2030.
Enquanto isso, a Agência Espacial Europeia, que está trabalhando com a Nasa em missões para a Lua, também está planejando uma rede de satélites lunares para facilitar a comunicação dos astronautas com a Terra.
Quem faz as regras para o espaço?
– O Tratado do Espaço Sideral da ONU de 1967 diz que nenhum lugar no espaço pode ser reivindicado por qualquer nação;
– O Acordo da Lua da ONU de 1979 prevê que o espaço não deve ser explorado comercialmente, mas os EUA, a China e a Rússia se recusaram a assinar;
– Agora, os EUA estão promovendo o Acordo Artemis, explicando como as nações podem explorar os minerais da Lua de forma cooperativa;
– A Rússia e a China não vão assinar o Acordo Artemis, argumentando que os EUA não têm direito de fazer as regras para o espaço.
Qual é a história da China no espaço?
A China colocou seu primeiro satélite em órbita em 1970 — quando passava por grandes turbulências causadas pela Revolução Cultural.
As outras únicas potências que chegaram ao espaço nessa fase foram os EUA, a União Soviética, a França e o Japão.
Nos últimos 10 anos, a China lançou mais de 200 foguetes.
Já enviou uma missão não tripulada à Lua, chamada Chang’e 5, para coletar amostras de rochas. E hasteou uma bandeira chinesa na superfície lunar — que era propositalmente maior do que as bandeiras anteriores dos EUA.
Com o lançamento da Shenzhou 14, a China já enviou 14 astronautas ao espaço, em comparação com 340 dos EUA e mais de 130 da União Soviética (agora Rússia).
Mas houve contratempos. Em 2021, parte de um foguete chinês saiu de órbita e caiu no Oceano Atlântico, e dois lançamentos falharam em 2020.
Quem está pagando pelo programa espacial da China?
A imprensa estatal chinesa Xinhua disse que pelo menos 300 mil pessoas trabalharam nos projetos espaciais da China — quase 18 vezes mais do que atualmente trabalham para a Nasa.
A Administração Espacial Nacional da China foi criada em 2003 com um orçamento anual inicial de 2 bilhões de yuans (US$ 300 milhões).
No entanto, em 2016, a China abriu sua indústria espacial para empresas privadas, que agora estão investindo mais de 10 bilhões de yuans (US$ 1,5 bilhão) por ano, segundo a imprensa chinesa.
Por que a China está indo para o espaço?
A China deseja desenvolver sua tecnologia de satélite para telecomunicações, gerenciamento de tráfego aéreo, previsão do tempo, navegação e muito mais.
Mas muitos de seus satélites também têm propósitos militares. Eles podem ajudar o país a espionar potências rivais e guiar mísseis de longo alcance.
Lucinda King, gerente de projetos espaciais da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, diz que a China não está apenas se concentrando em missões espaciais de alto nível.
“Eles são prolíficos em todos os aspectos do espaço. Têm a motivação política e os recursos para financiar seus programas planejados.”
As missões da China à Lua são parcialmente motivadas pelas oportunidades de extrair metais de terras raras da sua superfície.
No entanto, o professor Sa’id Mosteshar, diretor do Instituto de Política e Direito Espacial de Londres, da Universidade de Londres, no Reino Unido, afirma que provavelmente não compensaria para a China enviar repetidas missões de mineração à Lua.
Em vez disso, ele diz que o programa espacial chinês é impulsionado mais pelo desejo de impressionar o resto do mundo.
“É uma projeção de poder e uma demonstração de avanço tecnológico.”
Reportagem adicional de Jeremy Howell e Tim Bowler.