ROTANEWS176 E POR BBC NEWS 21/05/2022 15:03 Por Smitha Mundasad – Da BBC
Essa é uma atividade que está se tornando cada vez mais popular entre atletas profissionais e a população em geral
Reprodução/Foto-RN176 Foto: Getty Images
Mergulhar na água gelada ou nadar ao ar livre pode melhorar a saúde física e mental. Ou pelo menos é nisso que as pessoas acreditam há muitos anos.
Essa é uma atividade que está se tornando cada vez mais popular entre atletas profissionais e a população em geral.
Em um novo programa da BBC, Freeze the Fear, o atleta radical Wim Hof, um aficionado de longa data por água gelada, coloca celebridades para enfrentar uma série de desafios em temperaturas abaixo de zero.
O reality show tem médicos à disposição e todos são submetidos a exames.
Mas nadar na água gelada pode oferecer sérios riscos.
Recentemente, uma mulher de 39 anos morreu depois de mergulhar em um rio em Derbyshire, na Inglaterra, como parte de uma sessão de terapia com água gelada.
Qual é então a maneira mais segura de dar um mergulho ou nadar na água gelada? Por que as pessoas fazem isso e que evidências existem dos benefícios?
Hoje com 51 anos, Dinah Sershi, coach de bem-estar em Londres, pratica natação em águas abertas há sete anos.
Começou em um verão, e Dinah conta que logo ficou “viciada nisso”. Mais recentemente, ela começou a nadar no inverno também.
“Você sente uma agitação. Os efeitos são realmente eufóricos”, diz ela.
Segundo Dinah, um dos maiores benefícios é a sensação de conexão.
“Você se conecta intensamente com as pessoas ao seu redor, em termos de amizade e apoio — mas também com a natureza”, afirma.
“Quando você está nadando em águas abertas, você não está apenas cercado pela natureza, você está nela.”
Assim como muitas de suas amigas, ela diz que também notou uma melhora significativa nos sintomas da menopausa.
“Quando seu cérebro parece nebuloso — como se estivesse indo mais devagar que seu corpo, por exemplo —, todos esses sentimentos desaparecem quando você sai da água”, revela.
Para quem está pensando em praticar a atividade, Dinah recomenda pesquisar, respeitar a água e conhecer seus limites.
Potenciais benefícios
Muita gente compartilha a visão de Dinah de que mergulhar em águas abertas (e geladas) oferece uma série de benefícios.
Alguns estudos de caso sugerem que nadar na água gelada pode aliviar a depressão, outros afirmam que pode ajudar a superar o luto.
Há ainda pesquisas iniciais investigando se pode ajudar a retardar a demência. E alguns artigos sugerem que a natação em água gelada pode ajudar com a dor crônica.
Outros fatores — como o exercício envolvido e a imensa sensação de realização — podem muito bem desempenhar um papel nos benefícios.
Mike Tipton, professor da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, que estuda o impacto da imersão em água gelada no corpo há mais de 30 anos, diz que as evidências sugerem que a “agitação” e a “euforia” que muitas pessoas sentem são desencadeadas, pelo menos em parte, pela liberação repentina de hormônios do estresse à medida que seus corpos reagem ao frio.
Mas embora existam muitas teorias sobre os potenciais benefícios — assim como muitos relatos pessoais positivos —, ele diz que definir mecanismos biológicos exatos, para provar os benefícios para a saúde, não é fácil.
Não há consenso científico estabelecido sobre os benefícios, segundo Tipton.
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De acordo com a Outdoor Swimming Society — um grupo cada vez maior de pessoas unidas pelo amor à natação ao ar livre ao redor do mundo —, o primeiro passo é estar ciente dos riscos.
O segundo é “aprender a amar o frio”.
De acordo com a Royal National Lifeboat Institution (RNLI), a temperatura média do mar no Reino Unido e na Irlanda é de apenas 12 graus. E rios, como o britânico Tâmisa, tendem a ser mais frios — mesmo no verão.
Mas o RNLI adverte que o efeito no corpo de entrar na água a 15 graus ou menos é “muitas vezes subestimado”.
Quando nossos corpos são submetidos a uma queda repentina de temperatura — particularmente 15 graus ou menos —, pode provocar uma resposta ao estresse. E isso desencadeia um grande número de mudanças bioquímicas e físicas, quase imediatamente.
‘Choque térmico’
Mudanças prejudiciais na respiração e na circulação podem acontecer naqueles primeiros minutos cruciais após entrar na água gelada.
Tipton diz que o tão falado “choque térmico” é responsável por muitas mortes na água gelada todos os anos no Reino Unido.
Um dos momentos mais potencialmente perigosos é aquele suspiro involuntário em busca de ar, que muitas vezes acontece assim que nossos corpos são submersos na água gelada.
Se isso acontecer debaixo d’água, até mesmo os nadadores mais experientes podem inalar água automaticamente. E não é preciso muita água nos pulmões para se afogar.
Uma vez que as pessoas superam este suspiro inicial e involuntário, a próxima coisa que podem notar é o aumento da frequência cardíaca.
Os vasos sanguíneos que chegam às extremidades externas do nosso corpo, como mãos e pés, tendem a se estreitar em resposta ao frio — para tentar reduzir a perda de calor pela superfície da pele.
Isso significa que nossa pressão arterial também pode subir.
Tipton afirma que isso pode ser particularmente problemático para algumas pessoas, como aquelas com problemas cardíacos até então desconhecidos.
Às vezes, o coração pode entrar em arritmia ou até parar.
Como você pode nadar em segurança?
Uma coisa a lembrar, de acordo com Tipton, é que os efeitos iniciais da água gelada tendem a passar rapidamente — dentro de um a dois minutos.
Então, é importante maximizar suas chances de passar por esses primeiros minutos.
A pesquisa dele mostra que conhecimento e preparação são essenciais — já que aqueles que antecipam o ‘choque térmico’ são mais capazes de controlar sua respiração em resposta.
A equipe dele observou que quanto mais as pessoas se acostumam a mergulhar seus corpos na água gelada, mais fraca qualquer resposta ao choque tende a se tornar.
“Mas isso não elimina completamente os riscos”, adverte.
“Pode ser perigoso — e é importante lidar com isso da mesma maneira que você lidaria com outras coisas que podem ser potencialmente perigosas.”
“Vale a pena fazer um exame de saúde, tratar isso com cautela e ir com um grupo reconhecido”, diz ele.
Além disso, ele recomenda entrar na água aos poucos e não sair da área onde dá pé.
Se você está planejando dar um mergulho em águas abertas, os especialistas aconselham:
– Verificar a previsão do tempo — e considerar começar quando estiver mais quente;
– Ir acompanhado de outras pessoas que tenham experiência em nadar em água gelada;
– Certificar-se de estabelecer uma maneira de pedir ajuda se precisar;
– Entrar na água aos poucos;
– Usar uma roupa de mergulho;
– Boiar nos primeiros minutos — esperar o choque térmico passar e você recuperar o controle da respiração;
– Considerar nadar perto da costa, pelo menos inicialmente, e planejar onde você vai sair da água;
– Seu corpo pode continuar a esfriar uma vez fora da água, então considere sair antes de sentir muito desconforto;
– Tenha uma toalha, roupas secas e uma bebida quente à disposição para ajudá-lo a se aquecer.
A Outdoor Swimming Society e a RNLI têm mais informações e conselhos.
Como a RNLI afirma em seu site: “Nossos mares e rios são frios o suficiente para deixá-lo indefeso em um segundo. Trate a água com respeito, nem todos podem ser salvos”.