UOL E ROTANEWS176 30/07/2016 06h00
Fábio Aleixo e José Ricardo Leite
Reprodução/Foto-RN176 Membros da delegação do Sudão do Sul posam para foto na Vila
No dia 11 de julho de 2011 era declarada a independência da República do Sudão do Sul e nascia ali o país que é hoje o mais jovem do planeta. Mas a separação da agora vizinha República do Sudão ainda teria mais luta e tragédias que não param até os dias atuais.
Dois anos após seu nascimento, o Sudão do Sul mergulhou em uma guerra civil pelo poder que deixou milhões de mortos e deslocados. Apesar da tensão civil, a nação tem orgulho de pela primeira vez enviar uma delegação em uma edição de Jogos Olímpicos.
No Rio, três atletas, Margret Hassan, Santino Kenyi e Guor Marial, representarão as cores do país no atletismo. Outros cinco refugiados competirão sem pátria, sob a batuta do COI (Comitê Olímpico Internacional).
E os três guerreiros que deixaram o país em meio a um conflito para uma edição olímpica só comemoram. “É um orgulho participar da Olimpíada. O objetivo é vencer. Na cerimônia de abertura estarei muito feliz em ver nossa bandeira”, falou Margret, que correrá nos 200 m rasos.
Ajuda do COI e premiação zero
O Sudão do Sul só competirá no Rio graças à ajuda financeira do COI e de federações de outros países africanos, por meio da chamada Solidariedade Olímpica. Prêmio por medalha caso haja um milagre esportivo? Isso é uma heresia comparada ao que outros países fazem. O combustível dos atletas terá que ser o amor.
“Zero premiação, não tem como. Eles têm que competir movidos por paixão e amor. Estamos aqui para mostrar o orgulho de nossos compatriotas e familiares”, disse Gabriel Geng Geng, um dos responsáveis por chefiar a delegação.
Os objetivos são muito mais nobres do que uma medalha. Os representantes querem, de alguma forma, que a luta demonstrada para estar nos Jogos inspire a paz nos país pelo meio do esporte.
“Temos uma revolta política. A situação está se estabelecendo e espero que não se repita. Estamos trabalhando para que o esporte possa nos ajudar nesta missão de acabar com as diferenças entre as pessoas. O esporte nos trará paz”, falou Eunice Lako, diretora-executiva do Comitê do Sudão do Sul.
O país caçula mundial ainda sofre com precariedade de estrutura para o esporte. “Estão tentando desenvolver o esporte da melhor maneira possível, cada federação fazendo o seu trabalho. Temos futebol, atletismo, handebol, taekwondo e judô. Não temos ainda natação pois precisamos estabelecer. Não temos piscinas lá. Só temos piscina em hotéis”.
Além do Sudão do Sul, outra nação que estreia em Jogos Olímpicos no Rio é o Kosovo, do continente europeu, que se desmembrou da antiga Iugoslávia, e teve independência declarada em 2008.