Pela ciência humanística

ROTANEWS176 18/01/2025 11:25                                                                                                                              RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS

Da Alemanha, Eijy comprova a força do propósito que aprendeu nos jardins Soka

 

Reprodução/Foto-RN176 Eijy e a esposa, Thaís, no palácio Nymphenburg em Munique, Alemanha. Foto: Arquivo pessoal.

Eu me chamo Eijy Nagai, tenho 37 anos e nasci em uma família pioneira que introduziu a Soka Gakkai na cidade de São José do Rio Pardo, SP, em 1968. Sou a terceira geração de praticantes, com muita gratidão. Filho mais velho, com duas irmãs, lembro-me de acompanhar minha mãe nas visitas quando criança, percorrendo mais de cem quilômetros para encontrar os membros.

Éramos uma família feliz até que a empresa do meu pai faliu e ele foi trabalhar em uma fábrica no Japão para reconstruir sua empresa em 1995; minhas irmãs e eu, ainda crianças, demoramos para compreender toda essa situação. Desenvolvi ansiedade e transtorno alimentar, e passei a ser extremamente introvertido. Embora estudasse em uma das melhores escolas da cidade, sofria bullying; imaturo, culpava minha família, considerando abandonar a prática budista. Em uma atividade da Divisão dos Estudantes, o responsável me perguntou: “Quais são seus sonhos e quem você quer se tornar?” Diante da minha hesitação, entregou-me o livro Diálogo sobre a Juventude, do presidente Ikeda. Ao lê-lo, senti-me compreendido e inspirado a seguir os passos dele.

A Soka Gakkai me proporcionou um ambiente saudável de crescimento. Conquistei confiança, permaneci inabalável diante de chacotas, pratiquei esportes e fiz bons amigos. Em 2002, entrei para o Sokahan, grupo de bastidores da Divisão Masculina de Jovens (DMJ), que me treinou em tudo. Havia finalmente encontrado alegria em minha identidade. Pelas comprovações ao longo da minha trajetória, inspirei oito pessoas à prática.

Reprodução/Foto-RN176 Com a família, da esq. para dir.: Tiemy, Akemy, Iraci e Quioji Foto: Arquivo pessoal.

Cidadão do mundo

Em 2014, surgiu a oportunidade de obter uma bolsa MEXT no Japão. Apesar do pouco tempo para aplicar e da barreira linguística, venci nas entrevistas. Restava encontrar algum professor na área que me aceitasse. Recebi vários nãos, mas, como Ikeda sensei orienta, derrota é quando perdemos a esperança de vencer. Persisti, e nova vitória.

Nesse mesmo ano, participei de um curso de aprimoramento dos jovens no Japão. Que maravilhosa experiência! Durante o gongyokai no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu (Daiseido), renovei a decisão de me tornar um cientista de ponta que luta pelos ideais humanísticos do Mestre. Misticamente, na mesma noite, recebi um e-mail de aceite na renomada Universidade de Tóquio.

Reprodução/Foto-RN176 No Curso de Aprimoramento dos Jovens da SGI, 2014 Foto: Arquivo pessoal.

Em 2015, mudar para as terras japonesas foi um sonho realizado, porém a jornada logo se revelou árdua. Uma tia amada faleceu, meu relacionamento a distância com minha namorada foi afetado e a pesquisa proposta pelo meu orientador não bateu com o esperado, levando à ansiedade e pensamentos de desistir de tudo.

Encontrei coragem ao recitar daimoku e me integrar ao grupo de estrangeiros de Tóquio (TIG). Assumi o controle do meu futuro e segui com a pesquisa que idealizava, mesmo sem apoio do orientador. Em 2019, conquistei meu Ph.D. em biologia computacional, publiquei meu artigo, defendi minha tese e colaborei em outros dois artigos. Meu orientador, antes intimidador, reconheceu meus esforços, contratou-me como pós-doutorando e, em menos de um ano, promoveu-me a professor assistente de projeto. Vitória!

Reprodução/Foto-RN176 Com os pais, na cerimônia de graduação na Universidade de Tóquio, 2015 – Foto: Arquivo pessoal.

Eu estava alinhado com minha família no Brasil, que, sempre se desafiando no Kofu e nas atividades, ergueu nossa sede particular para as atividades. No meu relacionamento, tudo caminhava bem. Após obter o Ph.D., voltei ao Brasil e nos casamos em 16 de março de 2019. Com a pandemia, tivemos de aguardar mais um pouco, mas finalmente começamos nossa vida juntos no Japão. Algum tempo depois, surge o desejo de ampliar a família. Contudo, tivemos um susto do destino, pois, ao iniciarmos nosso processo de maternidade em uma clínica próxima, exames preliminares revelaram câncer de colo do útero em minha esposa. De repente, nós nos vimos tendo de escolher entre a vida e a morte.

Diante disso, a prática budista nos deu força para vencer mais esse desafio. Com apoio de todos, Thaís passou rapidamente por uma cirurgia e há dois anos está livre do câncer. Entendemos que era para ser como aconteceu, e temos muita gratidão por tudo. Em breve, ela voltará a trabalhar com animais, o que tanto ama.

Quanto a mim, mudei de laboratório e conquistei a confiança do novo chefe, que apoia e dá suporte aos meus projetos. Desde novembro de 2024, sou pesquisador convidado na conceituada Universidade Técnica de Munique (TUM), um grande aprendizado técnico, aproximando-me do meu objetivo de vida.

A família Gakkai realmente supera fronteiras e conecta pessoas do bem em todos os lugares. Já participei de reuniões e me sinto parte da comunidade. Oro diariamente em agradecimento pela oportunidade e visando contribuir para o kosen-rufu no local onde atuo.

Concluo meu relato renovando meu juramento de cooperar eticamente para o avanço da ciência com ideais humanísticos, inspirado nas palavras do eterno mestre: “Meus discípulos, sejam fortes como o aço, fortes como espadas temperadas com primor”.1

Muito obrigado!

Luís Augusto Eijy Nagai, 37 anos. Ph.D. em biologia computacional. Reside atualmente na Alemanha; é pesquisador associado da Universidade de Tóquio.

No topo: Eijy e a esposa, Thaís, no palácio Nymphenburg em Munique, Alemanha. Foto: Arquivo pessoal.

Nota:

  1. Terceira Civilização, ed. 511, mar. 2011, p. 42.

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO