ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 23/06/2023 16:15 NOTÍCIA DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS
Instituto Soka Amazônia afilia-se à Carta da Terra Internacional, unindo forças no cultivo de uma consciência que se transforma em ação.
Reprodução/Foto-RN176 Participante pousa para foto oficial
Com o pioneirismo que marca a atuação do Instituto Soka Amazônia desde a sua criação, é selado importante compromisso para fazer frente aos desafios ambientais e da preservação da biodiversidade da Amazônia, um tesouro inestimável para a humanidade.
A data não poderia ser mais bem representada. Na comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, uma parceria inédita na Amazônia une, de forma ainda mais próxima, o Instituto Soka Amazônia à Carta da Terra, principal declaração global para um futuro de plena coexistência. Esse foi o ápice da programação da Semana do Meio Ambiente do instituto, sob o tema “Consciência e Ação: Reconectar à Vida, Cuidar do Planeta”. Foi promovida na sede do instituto, com diversificadas atividades de estímulo à reflexão e às ações práticas de cidadania.
Ética do cuidado
A afiliação do Instituto Soka Amazônia à Carta da Terra Internacional é a primeira assinalada na Amazônia, e abre caminhos para a realização de projetos e iniciativas que buscam fortalecer a consciência de interdependência e cuidado de todos os atores sociais para a proteção da vida, o planeta para as futuras gerações.
A garantia de esforço conjunto foi destacada pelo diretor-presidente do instituto, Luciano Nascimento, relembrando que há mais de vinte anos essa relação colaborativa já existia, a começar pelas diversas referências à Carta da Terra feitas pelo fundador do Instituto Soka Amazônia, o pacifista Dr. Daisaku Ikeda, em suas propostas de paz sugeridas à Organização das Nações Unidas (ONU). E a várias publicações e exposições nas quais o conjunto de princípios da declaração foi abordado, a exemplo da mostra atual Sementes da Esperança e Ação, apresentada recentemente em Manaus. “A Carta visa colaborar no sentido de construir uma sociedade global, justa e pacífica. Por compartilhar destes mesmos princípios, o instituto se afilia hoje com o compromisso de trabalhar por um futuro sustentável, e uma sociedade baseada no princípio de respeito máximo à dignidade da vida”, fortaleceu Luciano.
A diretora executiva da Carta da Terra Internacional, Miriam Vilela, veio diretamente da Costa Rica para participar da cerimônia, acompanhada das consultoras Cristina Moreno, Waverli Neuberger e Rose Inojosa.
Miriam manifestou sua alegria em conhecer de perto a Amazônia e as instalações do instituto, localizado às margens do encontro dos rios Negro e Solimões, e em fortalecer, uma vez mais, a contribuição com a SGI, os membros e as autoridades. Ela reforçou que, antes mesmo de a Carta da Terra ser lançada, a parceria com a Soka Gakkai já era realidade, iniciada no processo de consulta e redação.
No lançamento, em 2000, promoveram um evento no qual universidades, governos locais e escolas foram convidados a fazer uso da Carta como referência ética. Depois vieram as exposições temáticas Sementes da Mudança, em Johanesburgo, Rio+10; e Sementes da Esperança: A Carta da Terra e o Potencial Humano. Nos dez anos da Carta, em 2010, nova exibição de Sementes da Esperança; e, em 2020, Sementes da Esperança e Ação: Transformando os ODS em Realidade. Todas essas iniciativas tiveram o propósito de educação, inspiração e novas concepções no sentido de conectar não apenas a mente, mas o coração das pessoas. “E mostrar que cada pessoa pode fazer uma grande diferença”, assinalou Miriam.
O momento é de expansão, segundo Miriam. “E agora com o Instituto Soka, de fazer muitas coisas com essa visão comum que temos, de colaborar, assim como os diferentes rios que margeiam a sede do instituto, que se encontram e formam um rio maior”, ressaltou. “E é assim que sinto também com essa parceria de hoje, entre o instituto e a Carta da Terra.” São várias as possibilidades que se abrem com essa afiliação, por meio de programas e atividades que visam engajar e empoderar as pessoas para um novo sentido de interdependência global e uma responsabilidade compartilhada pelo bem-estar da família humana, da comunidade de vida e das gerações futuras. Os jovens, portanto, estão na ordem de prioridade dos projetos parceiros, objetivando criar espaços multiculturais para que, a partir da visão de mundo que os jovens têm atualmente, possa ser cultivada a ética do cuidado.
Sensibilidade humana
“O mundo precisa de mais harmonia, de mais sensibilidade”, reforçou Miriam, tecendo comentários sobre o aprendizado que absorveu do Dr Ikeda, que também é fotógrafo, por ter visualizado há trinta anos o que muitos não se davam conta. Erigiu o instituto nesse local emblemático, área que tinha sofrido perdas de árvores em sua cobertura de florestas. “Para isso, é preciso sensibilidade humana. E é o que vemos aqui hoje. Passadas três décadas, o resultado é a cobertura florestal já respondida. Sabemos que há muito ainda a ser feito, e agora com a colaboração de mais instituições”, disse. “Devemos trabalhar nossa capacidade de enxergar além do que realmente vemos.”
Reprodução/Foto-RN176 Momento da entrega de homenagem, feita por Miriam Vilela ao Dr. Daisaku Ikeda, representado pelo Sr. Minoru Harada na cerimônia.
Do Japão, uma comitiva liderada pelo presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, marcou presença no significativo momento, ocasião em que foi lida por ele mensagem do fundador do instituto, Dr. Daisaku Ikeda (veja íntegra no quadro). A solenidade contou ainda com a participação do presidente da BSGI, Miguel Shiratori; do cônsul-geral do Japão em Manaus, Masahiro Ogino, e demais autoridades locais.
Luciano Nascimento, presidente do Instituto Soka, solicitou ao Sr. Harada que transmitisse ao Dr. Ikeda que esforços não serão poupados para esse pleno desenvolvimento almejado. Ao fazer uma analogia com a árvore sumaúma, nativa da Amazônia, considerada a “árvore da vida”, vital para a natureza, reforçou ser o Instituto Soka Amazônia essa semente de futuro plantada pelo presidente Ikeda. “As raízes dessa sumaúma do instituto estão se tornando essa grande fonte que nutre nossa vida de coragem esperança e se tornará o grande castelo de proteção da Amazônia.”
No fechamento da cerimônia, foram entregues homenagens da Carta da Terra Internacional, pelas quais são expressos “gratidão” e “apreço” à SGI, por mais de duas décadas de colaboração; e ao presidente Daisaku Ikeda “por sua liderança por mais de seis décadas e significativas contribuições para um mundo mais sustentável e pacífico”.
Para selar a significativa parceria, foi programado um plantio comemorativo. A espécie escolhida foi uma muda de chuva-de-ouro-amazônica, plantada pelo presidente Harada e por Miriam Vilela, ao lado de dois integrantes da comitiva da SGI, Sra. Yumiko Kasanuki, coordenadora das mulheres, e Sr. Shinji Shimizu, vice-presidente. A chuva-de-ouro da Amazônia é uma espécie largamente utilizada na arborização urbana.
Mensagem do fundador do Instituto Soka Amazônia, Dr. Daisaku Ikeda
O fato de realizar a cerimônia de afiliação do Instituto Soka Amazônia à Carta da Terra Internacional, que conduz a era rumo à construção de um mundo sustentável, neste significativo Dia Mundial do Meio Ambiente, representa um novo passo repleto de esperança.
Externo meu profundo agradecimento por ter a honra em receber uma homenagem, nesta auspiciosa cerimônia, prestada pela Carta da Terra Internacional à SGI e a mim. Na realidade, amanhã, 6 de junho, é o dia em que celebramos os 152 anos de nascimento do nosso mestre predecessor, Tsunesaburo Makiguchi. O Prof. Makiguchi, proeminente e singular geógrafo, que também admirava sinceramente as terras da Amazônia, era um precursor que almejava um futuro de coexistência com o meio ambiente e a competição humanitária. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele faleceu como mártir na prisão por sua crença na paz. Gostaria de dedicar a homenagem de hoje ao meu predecessor e receber respeitosamente esta honraria junto com os amigos da Amazônia e de todos os recantos do Brasil, que diuturnamente lutam pelo bem da sociedade. Muito obrigado.
Passaram-se 23 anos desde a instituição da Carta da Terra. Nesse ínterim, as questões enfrentadas pela humanidade se tornaram cada vez mais urgentes, e sinto profundamente que o significado da Carta da Terra é cada vez maior.
No preâmbulo da Carta da Terra consta uma passagem inspiradora que diz: “O desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais, não a ter mais”.
Penso que “ser mais” significa demonstrar, de forma grandiosa, com espírito de compaixão e de coragem, os ideais de paz e de coexistência, e a sabedoria da criação de valor. Nos escritos budistas do Oriente consta: “Então, tanto a própria pessoa como as outras sentirão a alegria de possuir sabedoria e compaixão.1
O movimento impulsionado pelos ilustres senhores da Carta da Terra e o nosso movimento pela revolução humana fundamentado no budismo estão ligados em espiritualidade pelos princípios em comum. Nesse sentido também, deposito minha expectativa e tenho plena convicção de que ambas as instituições, juntas, abordando diversos temas e promovendo a atividade educacional com foco na geração jovem, expandirão a coexistência da natureza e do ser humano, a coexistência humana e a alegria em viver com magnânimo coração.
Reprodução/Foto-RN176 Miriam Vilela profere palestra no encontro em Manaus
Espero que, sob a liderança da Carta da Terra Internacional, a começar pela nobre atuação da Dra. Vilela, a “educação ambiental”, que é o pilar do Instituto Soka Amazônia, se desenvolva ainda mais no seio da sociedade.
Para concluir minha mensagem de congratulações, ao mesmo tempo que anseio que ambas as instituições, as quais firmaram a afiliação no dia de hoje, trabalhem juntas visando criar um futuro para superar as dificuldades enfrentadas pela humanidade, envio minhas sinceras orações para que todos os senhores e senhoras, portadores de grandioso coração, promovam a marcha conjunta da grande alegria.
Daisaku Ikeda
Fundador do Instituto Soka Amazônia
Nota: 1. The Record of the Orally Transmitted Teachings. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 146.
Portas e coração abertos
A Semana do Meio Ambiente se desenvolveu de 3 a 7 de junho, abrindo as portas da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) para o público participar de programação que incluiu diversas atividades educativas de experimentação e práticas de proteção da natureza. Destaque também para o seminário ocorrido no dia 6, com painéis de especialistas do Instituto Soka Amazônia, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e uma mesa-redonda com Miriam Vilela e consultoras da Carta da Terra Internacional.