Persistir até vencer

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 25/07/2020 17:15

RELATO

Wemerson vive com a disposição de transformar qualquer desafio em avanço

 

Ingressei na BSGI em 1991, em Varginha, MG, ainda na juventude. Ao participar de uma atividade da Divisão Masculina de Jovens (DMJ), realizada em Brasília, capital federal, anos depois, em 1996, decidi fazer uma luta de “Cinquenta anos em Cinco”, conforme o lema daquele encontro.

Reprodução/Foto-RN176 Wemerson; a filha, Clarice; e a mãe dele, Leonilda. As fotos foram tiradas antes do isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus

Meu pai, motorista, havia falecido vítima de um acidente de trânsito dois dias antes daquela reunião. No entanto, conforme o desejo dele, fiz essa significativa viagem.

Entre a tristeza de ter perdido meu pai e a vontade de vencer na vida, abracei minha decisão e comprovei a força do Nam-myoho-renge-kyo.

 

Forte convicção

Voltei a Varginha determinado a realizar o sonho de ter um laboratório que contribuísse para a preservação do meio ambiente.

Na época, era estudante de engenharia química, curso que iniciei com o apoio dos líderes da localidade, e no início trabalhava fritando batatas, para complementar a renda e pagar a faculdade. Meses depois, o dinheiro acabou e felizmente consegui uma bolsa de estudos que me permitiu concluir a graduação.

Em 1998, eu me casei, e minha esposa e eu nos mudamos para a cidade de Ubá, MG, onde nasceu nossa filha, Clarice. Juntos, vencemos os desafios de uma gravidez de risco e muitas dificuldades financeiras.

Segui estudando e fiz um curso de complementação pedagógica que me permitiu dar aulas de química. Arrumei emprego como professor em Varginha, e no fim daquele ano voltamos para essa cidade e recomeçamos a vida.

Certo dia, li num jornal que uma empresa de biotecnologia havia sido aberta na região. Confiante, candidatei-me a uma vaga e fui contratado para trabalhar com controle de qualidade. Agora eu tinha dois empregos e uma condição financeira melhor.

 

Viver um sonho

A prática budista fazia aflorar o desejo de avançar em direção aos meus objetivos e, em 2001, dei um grande passo ao sair da empresa de biotecnologia para montar meu laboratório de análise de cosméticos e de alimentos, tal como havia objetivado na juventude. Além disso, tornei-me responsável técnico da empresa de um amigo.

Na organização, ao participar da grande convenção em Manaus, AM, em 2010, determinei vencer ainda mais profissionalmente e conquistar uma condição financeira confortável para atuar em prol do kosen-rufu. Então, iniciei uma pós-graduação na área de petróleo e gás, e até mesmo consegui fazer um curso no Chile, que abriu um novo caminho para mim na América do Sul.

Em 2015, iniciei num novo ramo de atuação, passando a trabalhar com nutrição agrícola. Naquele ano, fui convidado para ir à Argentina conhecer as diatomáceas, algas fossilizadas altamente eficazes na conservação de alimentos.

Voltei decidido a importar esse produto. Mas, durante a viagem de negociação sofri um acidente de carro com meu irmão e desloquei a traqueia. Felizmente, eu me recuperei sem sequelas e continuei com as negociações.

Em maio de 2017, levei essas vitórias para o Japão, ao realizar o antigo desejo de visitar as terras do meu mestre, Daisaku Ikeda, junto com minha filha. Lá, tive momentos inesquecíveis e jurei jamais abandonar a prática, Ikeda sensei e a Soka Gakkai, e viver de forma grandiosa.

 

Vencer tudo!

De volta ao Brasil, novos desafios estavam por vir e o primeiro deles foi o fim do meu casamento, seguido de mais dificuldades financeiras e com a empresa. Mas, conforme meu juramento, enfrentei tudo com a certeza de que estava transformando minha vida positivamente.

Com a saída da minha esposa de casa, fiquei cuidando da minha filha e me esforçava muito para ajudá-la com os estudos. No entanto, em certo período, entrei em depressão. Na pior fase, fechava a empresa e passava horas lá dentro deitado no chão. Quando me dei conta, Clarice também estava sendo afetada psicologicamente, sem conseguir acompanhar as matérias na escola. Foi então que decidi não ser derrotado e recitei daimoku até que a esperança voltasse a despontar em meu coração. Caminhava todos os dias, encontrava-me com os amigos da organização nas atividades, realizando visitas e entregando os jornais e revistas para eles. Com fé e coragem, venci a doença.

Em paralelo, viajei diversas vezes para a Argentina e para o Peru a fim de realizar negociações do meu laboratório, um processo desgastante. Sem desistir, consegui apoio de um investidor, que se tornou meu sócio, e logo firmamos um acordo de cooperação técnico-científica com o Ministério da Ciência e da Tecnologia da Argentina.

Reprodução/Foto-RN176  Ele e a filha participam de plantio na localidade. As fotos foram tiradas antes do isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus

Reestruturei minha empresa, contratei minha filha, que hoje cursa administração de empresas com ênfase em comércio exterior, para trabalhar comigo. Em setembro de 2018, trouxe as primeiras amostras das algas para realizar testes em plantações de morango, laranja e batata, validando com meus próprios olhos os resultados positivos do meu investimento. Que alegria!

Mesmo com os desafios da pandemia do Covid-19, avançamos mais um passo, conquistando o alvará de vistoria do Corpo de Bombeiros, lançando documentação necessária no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para dar continuidade ao processo de importações. Vencemos!

Muitos foram os momentos difíceis para chegar até aqui, mas a prática budista me permitiu transformar a escuridão fundamental da vida no impulso para minha revolução humana. É como Nichiren Daishonin afirma: “Aqueles que creem no Sutra do Lótus parecem viver no inverno, mas o inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p. 560).

 

Wemerson Sebastião, 46 anos. Empresário. Vice-resp. pelo Distrito Varginha, RM Sul de Minas, CRE Leste, CGRE.