ROTANEWS176 E POR ESTADÃO CONTEUDO 05/11/2020 14h23 Por Tulio Kruse
‘Renunciar a mandato é coisa torta’, diz candidato do PSB, que tenta convencer eleitor de suas chances contra tucanos em confronto direto
Na briga por uma vaga no segundo turno das eleições pela Prefeitura de São Paulo, o candidato Márcio França (PSB) disse nesta quinta-feira, 5, que só ele e Bruno Covas (PSDB) têm condição de cumprir a promessa de ficar no cargo durante os quatro anos de mandato. Isso porque os demais concorrentes têm vices com cargos de deputados federais e estaduais, que terão de renunciar ao mandato para assumir o cargo de vice-prefeito – o que, na teoria do ex-governador, é sinal de que os titulares teriam de dar lugar aos companheiros de chapa em algum momento.
Reprodução/Foto-RN176 Candidato à prefeitura de São Paulo (SP), Márcio França, participa de conversa na CISARTE Foto: Danilo M Yoshioka / Futura Press
França ainda chamou seu principal oponente nas últimas eleições, o governador João Doria (PSDB), de “aguerrido”, colocou-o como nome forte para a disputa presidencial de 2022, e disse que o oponente “tem méritos”. Ele também disse, no entanto, que o governador não tem a “sensibilidade social” necessária para o cargo.
O candidato do PSB não esconde sua preferência para disputar o segundo turno com o atual prefeito. Nas últimas semanas, a propaganda do partido tem alardeado que ele teria mais chances em uma disputa direta conta o tucano do que outros concorrentes.
“Todas as candidaturas principais têm alguém que vai descumprir palavra, exceto a minha e do Bruno (Covas), porque todos eles têm na chapa um deputado”, argumentou França. Ele usou a linha de raciocínio para uma crítica à vice do candidato Guilherme Boulos (PSOL), com quem está tecnicamente empatado mas pesquisas de intenção de voto.
“Suponha que eu moro em Tatuí (no interior paulista) e votei na (deputada federal Luiza) Erundina. Se ela renunciar para ser vice-prefeita o meu voto foi desperdiçado”, disse França. “Renunciar a mandato é uma coisa que é ‘torta’ para a população”.
A tese do candidato é que ele e seu companheiro de chapa, o sindicalista Antonio Neto (PDT), não têm nada a perder porque não ocupam cargo público. Já o vice de Covas é o vereador Ricardo Nunes (MDB), com um mandato que se encerra nesta legislatura. “O Covas já descumpriu (a palavra) porque era deputado e renunciou para ser vice, mas hoje não é mais e o vice dele também não.”
O candidato do PSB tem evitado se comprometer com um apoio explícito a um pré-candidato à Presidência em 2022. Apesar da aliança com o PDT de Ciro Gomes, França diz que o acordo entre os partidos foi claro ao não vincular um apoio na próxima campanha.
Candidato promete abrigar toda a população de rua em 90 dias
Márcio França visitou na manhã desta quinta, 5, o Espaço Sociocultural Cisarte, que oferece assistência a moradores na região central de São Paulo, e prometeu oferecer moradia a toda a população desabrigada da cidade no prazo de três meses, caso seja eleito. A estimativa é que ao menos 25 mil pessoas estejam nessa condição na capital.
A proposta do candidato é usar, como alternativa aos albergues, convênios da Prefeitura com hotéis e pousadas. Caso essa medida seja insuficiente, uma segunda opção é a hospedagem em colônias de férias subutilizadas ligadas a sindicatos. França diz estar apalavrado com donos de estabelecimentos e sindicalistas.
“O (Antonio) Neto representa uma central sindical, o Paulinho (da Força, deputado federal) representa outra. Eu conversei com todos eles e, no caso de emergência, nos poderíamos ter o apoio deles”, disse o candidato ao Estadão. “Estive ontem no centro, na Galeria do Rock, e conversei com hoteleiros, a maioria também topa um acordo, se for para fechar o prédio todo, pensões pequenas. O que nós precisamos é ter uma solução rápida.”
Ele diz que a prioridade é arranjar alternativas emergenciais aos albergues, pois em muitos casos os moradores não podem ficar junto de familiares e animais de estimação. No caso dos hotéis e colônias de férias, a intenção é fornecer um espaço com privacidade em que o hóspede possa ficar com uma chave do quarto. “Estou supondo o número, mas digamos que a gente anuncie ‘a Prefeitura está passando R$ 75 a diária para quem se oferecer (a abrigar missões de rua). Tem gente interessada?’. Vai ter.