Por que esperei até depois dos 50 anos para perder a virgindade

DELAS E ROTANEWS176 07/05/2017 13:00                                                                                                           Por Fernanda Labate

É comum a ideia de que mulheres perdem a virgindade durante a juventude, mas há algumas que deixam a vida amorosa de lado por muitos anos; conheça a história da mulher que deixou de ser virgem após os 50 anos de idade

Perder a virgindade pode ser um momento especial ou complicado na vida de uma mulher porém, de qualquer forma, é marcante. Mas como é a primeira vez  para quem já tem mais de 50 anos?

É recorrente a ideia de que mulheres perdem a virgindade durante a juventude, ganham experiência e constituem famílias, mas há exceções. Algumas delas – por motivos diversos – deixam a vivência amorosa e sexual de lado por muitos anos. É o caso de Maria Antônia (nome fictício) que, depois dos 50 anos de idade, ainda era virgem.

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Reprodução/Foto-RN176 Na primeira tentativa de perder a virgindade, Maria Antônia conta que sentiu muita dor e que houve muito sangramento

Buscando uma carreira como administradora de empresas, Maria Antônia precisou, cedo, estabelecer certas prioridades na vida. Segundo ela, por ter de focar nos estudos, pela cobrança em ajudar no sustento da família e, portanto, ter uma necessidade em alcançar uma ascensão profissional, nunca houve muito espaço para relacionamentos.

Em razão da ausência de uma vida sexual ativa, Maria Antônia também nunca havia se consultado com um ginecologista ou feito qualquer exame íntimo. “Sempre fui uma pessoa extremamente saudável, nunca senti nada muito diferenciado a não ser cólicas. Fazia exames de mama, mas, como não tinha uma vida sexual ativa, não via tanta necessidade [de outros exames]”, explica.

Sobre abertura para falar sobre sexo com a família ou com conhecidos, ela afirma que as mulheres da geração em que nasceu sofrem com um impasse e têm dificuldades com a questão. “Costumo dizer que ficamos no recheio do sanduíche. Apesar de ter vivenciado alguma abertura nas décadas de 70 e 80, nossos pais tem outro tipo de mentalidade. Ficamos entre a geração deles e a nova, tentando decidir que vertente assumir”, comenta ela.

Primeira experiência

Foi apenas após os 50 anos de idade que Maria Antônia fez sua primeira tentativa de transar , mas conta que a experiência está longe de ter sido agradável: “Senti uma dor insuportável e houve muito sangramento”. Ela explica ainda que poucas tentativas resultaram em uma penetração completa.

De acordo com a educadora sexual Débora Padua, a menopausa pode acabar diminuindo a lubrificação vaginal da mulher e dificultar a relação sexual, mesmo que ela não seja a primeira, e foi exatamente nisso que Maria Antônia acreditou. Porém, quando viu que o problema persistia, começou a se preocupar.

Ela conta que a situação, até então sem solução, prejudicou o relacionamento com o namorado com quem se relacionava na época. “Na concepção dele, o problema era exclusivamente meu. Ele terminou o relacionamento, fiquei bem mal e pensava ‘poxa vida, será que sou uma pessoa normal?’”, desabafa.

Vaginismo

Após terminar o relacionamento com o primeiro namorado, a mulher passou por um período de questionamentos e auto cobrança. “Quando percebemos que estamos fugindo um pouco do padrão, começamos a nos questionar internamente, se a questão é física ou psicológica, etc.”, explica. Foi então que tomou a iniciativa de pesquisar mais sobre o que podia estar causando o desconforto extremo que ela sentia na hora de transar.

Após muita pesquisa – e em um novo relacionamento –, Maria Antônia descobriu que tinha vaginismo . A condição , segundo Débora, consiste no mau funcionamento da musculatura vaginal, que fica “travada” e não relaxa para que haja a passagem do pênis. As causas do problema são diversas e vão desde traumas (abuso sexual ou exames ginecológicos dolorosos) até fatores que causam medo, como falta de informação ou de conhecimento sobre o próprio corpo.

Ela fala que o apoio do novo namorado foi fundamental para que procurasse tratamento. “Se vou ter um companheiro, tenho que ter um companheiro por inteiro. Ele incentivou o tratamento e, quando decidi ir, já tinha me preparado psicologicamente para a questão. Se tenho um problema, preciso tratar!”, afirma.

Tarde? Não, na hora certa

Quase no final dos quatro meses de tratamento – que consiste em fisioterapia para que os músculos da vagina “aprendam” a relaxar – para curar o vaginismo, Maria Antônia diz que já se sentia apta a tentar transar novamente, e conta que a experiência foi “normal, natural, tranquila e sem dor”. E ela não se arrepende de ter esperado tanto para experimentar de fato o sexo .

“Hoje eu posso te dizer com absoluta convicção que, embora o mundo moderno diga que para tudo há uma idade, você não tem idade para nada. Tudo tem de acontecer no momento certo. Rótulos de idade deviam cair em desuso porque cada um sabe o que é melhor para si”, finaliza Maria que, hoje, aos 60 anos, superou os medos e os problemas que sentiu na época que perdeu a virgindade.