ROTANEWS176 E POR IG 30/09/2021 13:24 Por Carlos Guimarães
Além da necessidade das fabricantes de reduzirem seus portfólios, há outras questões envolvidas
Reprodução/Foto-RN176 Fábrica da Ford em Camaçari (BA), onde eram produzidos os modelos Ka e EcoSport, até janeiro último – Divulgação
Basta dar uma volta de carro por aí e ficar um pouco mais atento para ver que a frota de veículos no Brasil está envelhecendo e que tem muitos modelos circulando que já saíram de linha, ou estão prestes a sair. Segundo estudo do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos), a idade média da frota no país é de 10,5 anos, a maior em 25 anos.
Já se falou muito sobre crise econômica e a falta de semicondutores da indústria automotiva , o que tem levado ao aumento das vendas de carros usados e diminuído as dos novos, cujos preços estão nas alturas, entre outros motivos, pela cotação do dólar. Mas há outras questões envolvidas sobre ter tanto carro que deixou de ser fabricado pelas ruas do Brasil.
Uma delas é a tendência das fabricantes de reduzirem ao máximo seus portfólios . Isso porque a questão do equilíbrio nas contas tem sido um fator muito importante, principalmente para as filiais aqui do Brasil. As matrizes também sentem os efeitos da crise gerada pela pandemia e estão tendo muitos custos para a mudança para a nova era da mobilidade, com modelos elétricos e autônomos.
Então, as filiais das multinacionais instaladas no Brasil precisam se virar sozinhas para não precisarem depender de ajuda externa para sobreviver. Com isso, ainda mais com a forte crise que assola o país , são obrigadas a produzirem apenas o que realmente tem apelo de venda atualmente no mercado brasileiro, que vem mudando bastante.
Para se ter uma idéia, o carro novo mais em conta é o Renault Kwid Life , que custa R$ 48.290. E os SUVs já são 49,2% das vendas totais, em agosto, segundo a Fenabrave (Federação dos Distribuidores de Veículos).
Essa escolha de qual carro vai sobreviver ou não está ligada não apenas ao tipo que tem mais apelo no mercado, mas também à questão dos semicondutores, já que, com a escassez, não vale a pena utilizá-los em algo que não vai dar retorno.
Novos e desafiadores tempos
Reprodução/Foto-RN176 Chips semicondutores estão em falta no setor automotivo, o que também ajuda a reduzir o portfolio das montadoras – Divulgação
Aliás, a falta desse tipo de componente deve aumentar ainda mais no Brasil com a chegada dos celulares 5G . Segundo edital da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a previsão é que a nova frequência comece a funcionar por aqui a partir de julho de 2022. Portanto, a demanda por semicondutores tende a aumentar ainda mais, o que pode agravar a situação no setor automotivo .
Outro fator bem importante que vai acabar tirando muito carro de linha no Brasil fica por conta das novas regras de ruídos e emissões estabelecidas pelo Proncove L7 , que começam a valer a partir de 1º de janeiro de 2022. Modelos como VW Fox, VW Voyage, Fiat Grand Siena , Fiat Doblò, Renault Sandero RS, Hyundai ix35 , Peugeot Partner, entre outros, vão deixar de serem fabricados, pelo que se sabe até o momento.
Por questões estratégicas, já deixaram de serem produzidos no Brasil em 2021 os seguintes modelos: Ford EcoSport , Ford Ka (sedã e hatch), Citroën C3, Citroën C3 AirCross, T oyota Etios (sedã e hatch) , Fiat Strada (1ª geração), Chevrolet Montana, Chevrolet Cobalt, VW Up!, Audi A3 Sedan, Mercedes Classe C e Mercedes GLA . Pelos mesmos motivos estratégicos, outros ainda vão deixar de sair de suas linhas de montagem no Brasil em 2022, como Honda Fit , Honda Civic e Peugeot 2008 .
Alguns importados também já deixaram de ser trazidos ao Brasil, como Ford Edge , Toyota Prius, Toyota Camry, Mitsubishi Pajero Full, Nissan Sentra (nova geração deve vir em 2022), VW Passat e Citroën C4 Lounge. E outros também vão deixar de serem trazidos a partir do ano que vem. Como se vê, o setor automotivo no país passa por grandes transformações, o que apenas tornam os desafios pela frente ainda maiores.