Postura de vitória

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 13/05/2023 10:18                                                                        RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS

Conheça a jornada do jovem Guilherme Matos, que fez do carma da doença um estímulo para vencer em todos os aspectos da vida.

 

Reprodução/Foto-RN176 Guilherme Matos, atua como responsável pela DMJ da Sub. Penha-Ermelino na zona leste de São Paulo (CCLP) e como vice-responsável pelo Sokahan da BSGI

A primeira vez que me olhei no espelho depois da cirurgia feita em janeiro deste ano foi de uma emoção indescritível. Nova postura, cinco centímetros mais alto. Um filme passou em flashes pela minha mente. Longos 23 anos. Eu tinha 10 anos quando fui diagnosticado com escoliose congênita, uma deficiência que, conforme eu crescia, foi formando uma gibosidade nas minhas costas, deixando-me corcunda. “Ganhei” apelidos na escola de Corcunda de Notre Dame e ET, e depois robô, quando usei um colete para tentar imobilizar e evitar que a saliência aumentasse. Sem sucesso. Eu era um menino nervoso e revoltado na escola, envolvendo-me em brigas constantes.

“Que carma!” — alguns de vocês podem até comentar. Mas o certo é que carma também se transforma. Quero dividir essa experiência com todos. Antes, vou me apresentar.

Reprodução/Foto-RN176 Cena do casamento com Anna

Sou Guilherme Matos, tenho 33 anos, pós-graduado em neurociên­cia e psicologia. Moro na zona leste da capital paulista, filho caçula de uma “rainha da felicidade” chamada Ana, que lutou sozinha para criar meus três irmãos e eu, com salário de cozinheira em casa de família. Ela conquistou essa boa sorte depois que encontrou a Soka Gakkai, em 1999, e se dedicou à prática de recitação do Nam-myoho-renge-kyo. Foi na mesma época em que descobrimos ser a escoliose congênita uma companhia vida afora.

Quem pode mais?

De um lado, eu vivia a maldade do bulliyng. Do outro, porém, fui me inserindo no mundo da Gakkai e no propósito do kosen-rufu, esse movimento grandioso de paz que abraçamos. Eu me encontrei, então, num ambiente em que eu era valorizado e incentivado. Ingressei no Sokahan, grupo de bastidor da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) da BSGI, e atuei em todas as atividades.

Reprodução/Foto-RN176 Com a família: da dir. para a esq., ao lado da irmã, Leila; do irmão, Leandro; da mãe, Ana; e do outro irmão, Leonardo

Em uma reunião de palestra, quando estava com 15 anos, ouvi sobre os os “três tipos de tesouro”, e abracei aquele incentivo. Não tinha como eu prezar o tesouro do cofre, porque sofríamos muito com dificuldades financeiras. Aspectos do tesouro do corpo também eu não tinha como desejar. Bem, só tive uma escolha, focar o tesouro do coração, pois aprendemos que, quando se preza esse tesouro, todos os outros vêm naturalmente. Determinei ser referência.

Cresci com esse foco, descobrindo a alegria de viver. Avançando no tempo, digo quanto sou grato por esses 23 anos de prática na Soka Gakkai, durante os quais eu me desenvolvi e realizei muitos sonhos. Com esforço e dedicação, aliados à sabedoria adquirida com a prática da fé, venci em tudo. Após me formar em administração, trabalhei dez anos numa multinacional, na qual tive várias chances: fiz intercâmbio no exterior, comprei carro e uma casa. Desde março, coordeno uma equipe e ajudo a empresa na área de excelência comercial, a qual me realiza.

Be Brave! Seja corajoso!

Em 2017, fiz um curso de aprimoramento (kenshukai) no Japão, que considero um divisor de águas, pois, lá, determinei que faria da minha vida uma inspiração para as demais pessoas, atuando dignamen­te pelo kosen-rufu.

Reprodução/Foto-RN176 Em atividade no Sokahan

Um ano antes, 2016, vem o namo­ro com Anna Carolina, companheira de todas as horas. Nós nos casamos em abril de 2022, depois de ultrapassarmos em família a Covid-19, com união e coragem.

Mas e a escoliose? Essa eu também considerava vencida, não sentia dores, e a deficiência estética não era um problema. Porém, a recomendação para cirurgia da escoliose só é indicada a partir de 40 graus de curvatura, e eu já tinha 92 graus. O procedimento visa estruturar a coluna para não entortar mais, se não a realizasse, após os 60 anos eu teria problemas ainda mais graves.

Em janeiro de 2022, conheci um médico que, com suas explicações, me deu confiança para fazer a cirurgia com ele. Investi no condicionamento físico para favorecer a recuperação pós-procedimento.

Planejei a cirurgia para ser rea­lizada em dezembro. Antes da data, amigos Soka me deram uma dica para ler o escrito de Nichiren Daishonin, Resposta a Kyo’o. Eu já o conhecia, mas, desta vez, li com minha própria vida: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?”.1 Selei minha convicção.

No dia 13 de dezembro, a cirurgia, apesar de durar treze horas, não foi finalizada por ser de alta complexidade. Encarei o desafio pós-cirúrgico. Havia muita gente orando por mim; em especial, uma pessoa, à qual comuniquei que faria a cirurgia e que me respondeu no dia 19 de dezembro. “Cuide-se bem. Estou enviando daimoku”, incentivou-me Ikeda sensei. Que mestre grandioso!

Recebi alta dia 23 de dezembro e, no dia 16 de janeiro de 2023, fiz a segunda etapa da cirurgia, que durou mais de oito horas, desta vez, concluída com sucesso. Recuperação em tempo recorde. Três meses após a cirurgia estou pleno; em março voltei a trabalhar. Posso dizer com convicção que nenhuma doença pode ser um obstáculo. Eu sou essa comprovação.

Reprodução/Foto-RN176 Imagens antes e depois da cirurgia de correção de desvio de coluna

Na Soka Gakkai encontrei um mestre da vida e companheiros que todos os dias me fazem lembrar a tamanha alegria de poder assumir as rédeas da minha vida e de ser absolutamente feliz. Apostei certo no tesouro do coração, dediquei-me ao kosen-rufu e a tudo o que me foi necessário para realizá-lo. Eis o caminho da vitória.

Eu me sinto afortunado por praticar esta maravilhosa filosofia de vida, junto com minha família, unida no mesmo propósito. Com muita gratidão, renovo a minha decisão de ter uma vida de plena saúde, para desfrutar e compartilhar essa felicidade com todos ao meu redor. Ikeda sensei, conte comigo!

Guilherme Matos, 33 anos, coordenador em excelência comercial. Atua como responsável pela DMJ da Sub. Penha-Ermelino na zona leste de São Paulo (CCLP) e como vice-responsável pelo Sokahan da BSGI.

Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 431, 2020.

Fotos: Arquivo pessoa