ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 09/06/2023 10:30 CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA Por Ho Goku
Capítulo “Sino do Alvorecer”, volume 30
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas para ilustrar a matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida
PARTE 17
Shin’ichi e a comitiva se dirigiram para a parte antiga da cidade de Plovdiv, um verdadeiro sítio arqueológico. Em um edifício de sólida construção do século 19, de estilo renascença da Bulgária, o prefeito Michev explicou a sua história e a situação atual. Em seguida, eles visitaram as ruas da cidade caminhando sobre antigos pisos de pedra.
Quando foram conduzidos a um edifício histórico considerado patrimônio cultural nacional, um coral infantil formado por cerca de sessenta meninos os aguardava. Vestindo camisas brancas com babado sobre um traje escuro na cor mate, eles cantaram seguidamente com uma bela e límpida voz. Então, um dos meninos avançou um passo e disse:
— Agora, vamos cantar em japonês para os visitantes do Japão. Será a canção Kusatsubushi [Canção de Kusatsu].
Era uma consideração para tranquilizar o coração de todos.
Kusatsu, um belo lugar.
Venha uma vez
Ah, dokkoisho
Dentro das águas termais Também nasce a flor
O refrão Tchoina tchoina que se segue acaba sendo pronunciado como Tcheina tcheina. Mas esse erro de pronúncia transmitia um aspecto ainda mais amável.
Quando terminou a música, Shin’ichi se levantou da cadeira e, enviando uma grande salva de palmas, manifestou seus agradecimentos:
— Que coral límpido, belo e alegre! Fiquei emocionado. O sentimento sincero de vocês que vieram ensaiando arduamente, por longo tempo, para uma única apresentação do coral, me tocou profundamente. Esse breve encontro se tornou um tesouro para sempre. Obrigado! Fiquei com um sentimento caloroso como se estivéssemos banhando juntos nas águas termais no Japão. Por favor, venham ao Japão. Vamos estreitar a amizade.
A criança é uma emissária do futuro. A mensagem que Shin’ichi quis confiar a esses emissários [do coral] enviando-a para o futuro era que “criassem a paz, unindo o mundo com a amizade”.
“Criança! Em seu pequenino corpo está hospedada a grandiosa alma”1 — são as palavras da mãe da literatura da China Xie Bingxin, com quem Shin’ichi e sua esposa criaram laços de profunda amizade.
PARTE 18
Ao final da tarde do dia 23, a convite da presidente do Comitê de Arte e Cultura, Lyudmila Zhivkova, Shin’ichi participou do encontro “Bandeira da Paz”, realizado à véspera do Dia da Cultura. Comemorando também os 1.300 anos de fundação da Bulgária, o evento foi promovido de forma magnífica no alto de uma colina de onde se avistava a famosa montanha Vitocha, na periferia de Sófia. Na colina, ergue-se soberba a Bandeira da Paz, uma torre comemorativa com mais de 30 metros de altura. Na torre estão gravadas caligrafias com o significado de “Harmonia”, “Criação” e “Beleza”. E sobre a entrada da torre, há uma gravura dos irmãos Cirilo e Metódio, os quais construíram o alicerce da cultura búlgara, inclusive a forma original do alfabeto cirílico.
O encontro da “Bandeira da Paz” começou a ser realizado em 1979 comemorando o Ano Internacional da Criança. Nesse primeiro evento, 2.500 crianças de 79 países, incluindo a Bulgária, realizaram um intercâmbio e juraram a paz. Do Japão, também participaram crianças com deficiência física na Bulgária, e uma representante leu o poema Viver de sua própria autoria. Foi um encontro de profunda admiração de todo o mundo. A presidente Zhivkova havia sido a pessoa que ofereceu extraordinária força para a realização desse evento. Ela havia percorrido o mundo afirmando seguidamente sobre proteção à paz e ao futuro da criança.
Pouco depois das 17 horas, quando Shin’ichi e Mineko estavam juntos com a presidente Zhivkova, crianças em trajes étnicos coloridos os recepcionaram com bandeirolas da Bulgária nas cores branca, verde e vermelha.
Quando eles se sentaram, iniciou o coral. O significado da canção era: “Queremos preencher o mundo com a alegria e as risadas das crianças. Colocando as asas da amizade, vamos voar alto pelos céus rumo ao mundo a partir da montanha Vitocha”.
Seguiram-se apresentações de canções e de danças típicas. Nas atrações musicais, viam-se flautas e tambores da antiguidade, e todas elas estavam repletas de orgulho da cultura do seu país.
Em cada número, a presidente Zhivkova enviava uma grande salva de palmas e incentivava dizendo: “Foi uma ótima apresentação. Foi maravilhoso”. Era o aspecto de uma mãe, forte e carinhosa, tentando amar e proteger as crianças.
PARTE 19
Em suas palavras de cumprimento, a presidente Zhivkova referiu-se ao significado do Dia da Cultura na Bulgária. Disse que aquela era uma data para comemorar louvando a eterna contribuição dos irmãos Cirilo e Metódio, que criaram o formato original do alfabeto cirílico.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas para ilustrar a matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida
No início, não havia uma escrita representativa das línguas eslavas utilizadas na Bulgária. No século 9, os irmãos Cirilo, que eram missionários gregos, idealizaram o alfabeto glagolítico baseado no alfabeto grego com o propósito de traduzir a Bíblia para as línguas eslavas. Posteriormente, seus discípulos introduziram alguns ajustes criando o alfabeto cirílico na Bulgária; e este se expandiu amplamente pelos países de língua eslava, dentre os quais a Rússia.
A presidente clamou o desejo de objetivar a paz do mundo a partir das três palavras “Harmonia”, “Criação” e “Beleza”, gravadas na torre da Bandeira da Paz.
Na sequência, Shin’ichi se levantou para seus cumprimentos. Apesar dos chuviscos que começavam a cair, ele se dirigiu ao microfone sem guarda-chuvas.
— Representando o Japão, quero cumprimentar a todos vocês, amáveis e tão importantes.
Então, pediu para que suas palavras traduzidas para o búlgaro fossem lidas pelo intérprete. Ele queria diminuir o tempo em que as crianças ficassem sob a chuva.
Nessas palavras constavam:
— “Que se tornem pessoas corajosas e ao mesmo tempo carinhosas e compreensivas. Desejo que fortaleçam o corpo e a mente”.
Ele disse também que a vida é sinônimo de luta, e, diante dos sonhos acalentados por todos, haveria de surgir numerosas dificuldades e provações. E manifestou sua expectativa:
— “Nesses momentos, desenvolvam-se heroica e resolutamente, gravando em seu coração que os obstáculos e as dificuldades são oportunidades para fortalecer a própria capacidade”.
Uma grande salva de palmas das crianças ecoou pela colina.
E, finalmente, chegava à grande final.
Ao som do badalar dos sinos da paz enviados pelos diversos países, foi acesa pelas mãos das crianças a chama da paz na pira que se levantou brilhantemente. Se a chama da paz for acesa no coração das crianças, o planeta Terra do século 21 se tornará um resplandecente astro repleto de brilho da paz.
PARTE 20
No dia 24, foi realizado majestosamente na Praça 9 de Setembro o desfile do Dia da Cultura comemorativo dos 1.300 anos de fundação da Bulgária. Como convidado, Shin’ichi também participou dessa festividade junto com o presidente Zhivkov da Assembleia Nacional da Bulgária e com as demais autoridades do gabinete de ministros da Bulgária.
A chuva do dia anterior havia passado e brilhava o sol de início do verão. Diversos grupos de jovens e idosos, de homens e mulheres, formados por estudantes dos ensinos fundamental, médio e superior, por profissionais de diversas áreas, por moradores de algumas localidades, entre outros, desfilavam elegantemente. Uma enorme gravura enaltecendo os irmãos Cirilo adornava o local do desfile. A banda de metais executou uma música suave e o grupo de baliza avançou exibindo uma dinâmica demonstração.
Na vanguarda do desfile da Universidade de Sófia estava o reitor Dimitrov acompanhado de professores e alunos. Viam-se também pessoas conduzindo filhos pequenos pelas mãos e outros nos ombros, bem como gente que balançava cravos.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas para ilustrar a matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida
Era uma grande marcha repleta de calor humano onde se observavam pessoas unidas em um só coração, desabrochando flores de sorriso.
O vice-reitor da Universidade de Moscou, Vladimir Ivanovich Tropin, que participava como convidado, disse a Shin’ichi:
— Aqui existe humanismo. Sua ideologia vai ao encontro do espírito da Soka Gakkai.
Na tarde do dia seguinte, 25 de maio, a comitiva de Shin’ichi partiu da Bulgária. O vice-presidente do Comitê de Cultura do governo búlgaro, Emil Alexandrov, que veio ao aeroporto de Sófia para se despedir da comitiva, disse com o rosto corado:
— Ficaremos imensamente felizes se puder nos considerar amigos do presidente Yamamoto, o qual desenvolve atividades em âmbito mundial. A presidente Zhivkova do Comitê de Arte e Cultura manifestou profunda gratidão pela visita do presidente Yamamoto e de sua esposa e pediu para lhes transmitir as melhores recomendações.
A presidente Zhivkova faleceu repentinamente, dois meses depois, no dia 21 de julho, aos 38 anos. O mundo lamentou sua morte prematura.
As pétalas da bela flor branca da Bulgária que trabalhou com todas as suas forças, sempre preparada para tudo, se espalharam vividamente. Relembrando sua nobre existência, vivendo pela sua convicção, Shin’ichi e Mineko oraram em sua memóri
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Nota:
- BINGXIN, Xie. Coletânea de Bingxin. v. 1. RU, Zhuo (ed.). Editora Kaikyou Bungei Shuppansha.
Ilustrações: Kenichiro Uchida