Premiê italiano contraria Augusto Heleno e diz que Battisti irá direto para Roma 13

ROTANEWS176 E POR IG 13/01/2019 16:40

Terrorista foi capturado na Bolívia, enquanto caminhava tranquilamente pelas ruas; pela manhã deste domingo (13), ministro do GSI disse que criminoso seria trazido primeiro ao Brasil, mas premiê italiano negou

Reprodução/Foto-RN176 A extradição de Cesare Battisti será feita após sua vinda ao Brasil, de acordo com o ministro Augusto Heleno – Reprodução/Polizia di Stato

O momento da extradição de Cesare Battisti para a Itália segue indefinida. Em entrevista na manhã deste domingo (13), o ministro Augusto Heleno do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República afirmou que o terrorista italiano seria trazido ao Brasil por um avião da Polícia Federal e, só depois, encaminhado para a Itália. Horas depois, porém, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, afirmou que ele será levado diretamente de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, para Roma.

Mais cedo, os ministérios da Justiça e Segurança Pública e das Relações Exteriores informaram que estavam tomando todas as providências necessárias para a extradição de Cesare Battisti .

As negociações foram feitas em cooperação com o Governo da Bolívia e com o Governo da Itália, “para cumprir a extradição de Battisti e entregá-lo às autoridades italianas”, conforme publicou em seu Twitter, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

O criminoso foi capturado por volta das 17h de sábado (12). Segundo relatos, ele não tentou escapar. Questionado pelos policiais, respondeu em português e entregou documentos brasileiros. O italiano usava calça azul e camiseta, óculos escuros e barba falsa .

A extradição do italiano foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 13 de dezembro do ano passado.

Antes da confirmação, o assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Filipe G. Martins, já havia adiantado em seu Twitter que o criminoso deveria ser trazido ao Brasil.

O advogado Igor Tamasauskas, que defende o italiano Cesare Battisti, disse em nota que espera que o caso “tenha um desfecho de respeito aos direitos fundamentais de nosso cliente”. Battisti foi preso na Bolívia, em Santa Cruz de La Sierra, por volta das 17h de ontem (12).

“A respeito da prisão do Cesare Batistti temos a informar que, como as notícias dão conta de que ele não se encontra no Brasil, seus advogados brasileiros não possuem habilitação legal para atuar em outra jurisdição que não a brasileira. Esperamos que o caso tenha um desfecho de respeito aos direitos fundamentais de nosso cliente”, diz Tamasauskas.

Através do Facebook, porém, Giuseppe Conte contrariou as informações das autoridades brasileiras e explicou que está negociado para que o terrorista seja levado diretamente para Roma, sem descer no Brasil.

Condenação e extradição de Cesare Battisti

Reprodução/Foto-RN176 A extradição do terrorista italiano Cesare Battisti havia sido determinada em dezembro do ano passado pelo STF – Reprodução/Polizia di Stato

Condenado à prisão perpétua na Itália, Battisti foi sentenciado pelo assassinato de quatro pessoas, na década de 1970, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, um braço das Brigadas Vermelhas. Ele se diz inocente. Para as autoridades brasileiras, ele é considerado terrorista.

No Brasil desde 2004, o italiano foi preso três anos depois. O governo da Itália pediu sua extradição, aceita pelo STF. Contudo, no último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que Battisti deveria ficar no Brasil, e o ato foi confirmado pela Suprema Corte.

O presidente Jair Bolsonaro, mesmo antes de empossado, defendia a extradição de Cesare Battisti . Após a captura de Battisti, hoje (13), Bolsonaro afirmou na conta pessoal no Twitter: “finalmente a justiça será feita”. Ele elogiou os responsáveis pela prisão, numa operação conjunta das polícias da Bolívia e da Itália.