ROTANEWS176 E UOL 07/01/2013 07h15
Reprodução/Foto-RN176 Antes de engravidar, a mulher deve se submeter a uma avaliação médica detalhada
Se engravidar está nos planos para 2013, o ideal, antes de abrir mão do método contraceptivo, é que a futura mãe verifique seu estado de saúde, reveja seu estilo de vida e com seu parceiro organize a vida financeira da família. Medidas simples que podem tornar mais tranquila a chegada do tão desejado filho.
“Costumo dizer que o pré-natal deve começar antes mesmo de a mulher engravidar, com a consulta pré-concepcional”, afirma a ginecologista e obstetra Bárbara Murayama.
Nesse encontro com o especialista escolhido para acompanhar a gestação, o ideal é que o casal vá junto, pois ele servirá para conhecer o histórico de saúde dos futuros pais. “A intenção é saber sobre doenças preexistentes em ambas as famílias dos parceiros e deles próprios, bem como investigar hábitos, como alimentação, consumo de álcool, drogas, cigarro, ritmo de trabalho, prática de atividade física… Tudo isso precisa ser conhecido pelo obstetra para um melhor cuidado com a gestante e o bebê.”
Segundo Bárbara, ainda faz parte desse encontro uma avaliação física completa da mulher –com aferição de pressão arterial, verificação de pulmão, de coração e de abdome e exame ginecológico. A candidata à mãe é pesada e tem sua altura medida para que se calcule seu IMC (Índice de Massa Corporal), que tem como valor ideal até 25 (kg/m2).
Tempo de investigar
Para detalhar ainda mais o estado de saúde da mulher, ela sairá do consultório médico com uma série de pedidos de exames laboratoriais e de imagem. Problemas como colesterol e triglicérides altos, diabetes e hipertensão não costumam ser impeditivos para a gestação, segundo Mariana Lautenschlager, especialista em ginecologia e obstetrícia pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), embora requeiram um acompanhamento mais cuidadoso. “Mas será preciso controlar a questão antes de engravidar, tanto para melhorar a fertilidade como para que a mulher tenha uma gestação mais tranquila e um bebê saudável”, declara a médica.
Mariana diz que os exames também servem para detectar doenças infecciosas que podem afetar a saúde da mãe e do bebê. As principais moléstias investigadas são toxoplasmose (infecção causada por protozoário comumente eliminado nas fezes de gatos), citomegalovírus (pertencente à família do herpes vírus), rubéola, catapora, HIV, hepatites B e C e sífilis. “As reações sorológicas devem ser realizadas antes de se tentar engravidar.”
De acordo com a especialista, a mulher terá de fazer um hemograma completo para descobrir, entre outras coisas, se tem anemia e em que grau, exames parasitológico de fezes e de urina (infecção urinária pode provocar aborto e óbito fetal) e ultrassonografia pélvica.
Para que a avaliação seja completa, o ideal é que o check-up anual da futura mãe esteja em dia. “O papanicolau e a ultrassonografia de mamas e/ou mamografia devem ter sido realizados há menos de um ano”, afirma a ginecologista e obstetra Mariana.
Planejamento financeiro
Segundo Reinaldo Domingos, presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), o ideal é que os futuros pais, antes mesmo da concretização da gravidez, comecem a poupar um terço da renda da família para se prepararem para os gastos extras relacionados à chegada do bebê.
“Os gastos com uma boa assistência médica e hospitalar, a mobília do quarto do bebê e o enxoval da criança têm de estar no orçamento familiar”, afirma.
De acordo com Domingos, esse planejamento deve abranger o primeiro ano de vida da criança. “Com quem ela irá ficar quando a mãe voltar a trabalhar: com a avó, com babá ou em uma creche? Tudo isso deve ser planejado para ser incluído nessa poupança”, diz.
Hábitos saudáveis
Na consulta pré-concepcional, o médico também deverá orientar a mulher sobre a importância de adotar hábitos saudáveis. “A paciente precisa ter uma dieta adequada e saber sobre o risco do consumo de álcool e do fumo, que é prejudicial inclusive passivamente. Ou seja, se o parceiro fuma, é preciso estimulá-lo a parar. O mesmo vale para uso de droga”, fala Mariana Lautenschlager.
A mulher que não se exercita precisa ser estimulada a começar uma atividade física. “A gestante deve praticar exercícios durante a gravidez, mas o melhor é que continue o que já fazia nos três meses anteriores à gestação”, diz Mariana.
A especialista declara que, nessa fase de planejamento, é interessante que a futura mãe busque uma modalidade que a agrade e que seja possível de ser praticada durante a gravidez, se não houver restrição médica.
Vitamina
A mulher que deseja engravidar deve estar ciente da importância da suplementação com ácido fólico –uma vitamina do complexo B–, que é recomendada ser tomada durante três meses antes da concepção (seu efeito no organismo dura cerca de um ano). Mas nada de usar o medicamento sem prescrição médica, afirma Aarão Mendes Pinto Neto, chefe do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. “Essa suplementação deve ser estendida durante o primeiro trimestre da gestação, com o objetivo de prevenir alterações no tubo neural do bebê (que é o sistema nervoso primitivo do feto).”
Sinal verde
Com os resultados dos exames em ordem, a mulher está liberada para abandonar seu método contraceptivo. “Recomenda-se que o casal tenha o maior número de relações sexuais possíveis dentro de sua rotina sem se preocupar, em um primeiro momento, com ciclo menstrual, ovulação. Quanto mais relações tiverem, mais chances terão de engravidar”, afirma a ginecologista e obstetra Bárbara Murayama.
Ao contrário do que se pensa comumente, o uso prolongado de anticoncepcionais não fará com que a gravidez demore mais a acontecer. De acordo com os especialistas, tão logo a medicação é suspensa, a fertilidade volta ao seu estágio natural.
Segundo Aarão Mendes Pinto Neto, um casal só é considerado infértil após 12 meses de tentativas de engravidar sem sucesso. “Nesse caso, uma nova avaliação e investigação do casal se fazem necessárias.”