ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 03/07/2021 10:14
REDE DA FELICIDADE
Incentivos extraídos do romance Nova Revolução Humana
- DAISAKU IKEDA
Os membros do Grupo Suiko saíram da Sede Central da Soka Gakkai rumo a Inubosaki às 13h30, a bordo de três ônibus fretados.
O presidente Shin’ichi Yamamoto começou a conceder orientações e incentivos desde o instante que se reuniram. Além disso, havia redigido mensagens inspiradoras, que foram oferecidas a vários líderes para comemorar aquele auspicioso curso de aprimoramento. (…)
Reprodução/Foto-RN176 Shin’ichi Yamamoto dialoga com os membros de Choshi que se encontram em Inubosaki, mesmo local do treinamento do Grupo Suiko. – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Somente depois das 17h30 eles finalmente chegaram a Inubosaki, seguindo o percurso através de Yokaichiba. O sol já havia se posto no oeste do céu, mas, em pleno verão, a praia ainda estava resplandecente.
Na extremidade da península erguia-se um farol branco bem alto, e as ondas formavam uma espuma alva ao se chocar contra o penhasco abaixo dele.
No bosque de pinheiros que contornava a praia, havia uma área de camping repleta de bangalôs enfileirados e barracas uma ao lado da outra. Era lá que todos do Grupo Suiko passariam a noite.
Descendo dos ônibus, os rapazes se dirigiram à área de camping, com a bagagem nas mãos. Um ar de festividade predominava enquanto vagavam absortos em conversas casuais.
Para uma reunião designada a ser um treinamento e a representar o ponto de partida para jovens líderes em cujos ombros repousaria o movimento do kosen-rufu, estavam se comportando de um modo displicente. Não parecia que tinham o menor orgulho de ser do Grupo Suiko. Havia uma disparidade entre o empenho deles e a esperança que Shin’ichi depositava em cada um.
Estava marcada uma sessão de capacitação às 18h30 numa clareira no alto de uma colina perto dali. Seria realizada em volta de uma fogueira, num jantar coletivo.
Eles tinham solicitado a uma hospedaria local que preparasse um tonjiru (uma sopa tradicional japonesa de vegetais e carne suína) e outros pratos para sua refeição, mas a tarefa levara mais tempo a ser concluída do que haviam previsto, e os preparativos estavam sendo executados com atraso substancial. Não querendo deixar os participantes esperando, Shin’ichi chegara ao local da refeição cinco minutos antes do horário. Lá, percebera que a lenha estava empilhada em prontidão para a fogueira, enquanto a maior parte dos jovens estava aguardando sentada sobre as esteiras de palha no chão.
Ao avistarem Shin’ichi, um dos líderes da Divisão Masculina de Jovens virou-se para o jovem sentado próximo a ele e disse:
— A equipe da refeição está atrasada! Sensei já está aqui! Vá até lá e diga-lhes para se apressarem!
Idealmente os líderes veteranos encarregados de coordenar uma atividade devem avaliar a situação geral com rapidez e agir de forma imediata quando necessário, aumentando, por exemplo, o número de pessoas nas áreas que estejam atrasadas.
Aquele líder não apenas deixara de adotar qualquer uma dessas medidas, como tampouco realizara algum esforço pessoal. Em vez disso, simplesmente repreendera furiosamente seu membro. Tal comportamento fora, de fato, irresponsável. (…)
Na grama a uma pequena distância, um grupo de pessoas estava em pé observando as atividades. Eram membros da Soka Gakkai que moravam na cidade vizinha, Choshi. Um homem de meia-idade aproximou-se dos integrantes do Grupo Suiko e se dirigiu a um rapaz sentado sobre uma esteira de palha:
— Hum, desculpe-me, gostaríamos muito de cumprimentar o presidente Yamamoto. Seria possível nos juntar a vocês?
— Não, isso está fora de questão. Estamos tendo um treinamento ao ar livre do Grupo Suiko hoje. Sensei não está aqui numa viagem de orientações para Choshi, como deve ser de seu conhecimento! — retorquiu ele secamente.
Ele estava falando com um precioso praticante budista da Soka Gakkai. Sejam quais forem as circunstâncias, demonstrar uma atitude como essa denota total falta de sensibilidade.
Shin’ichi observava em silêncio, com uma expressão severa.
Parecendo chateado, o homem retornou à pequena colina onde seus amigos o aguardavam.
Shin’ichi levantou-se e foi atrás dele. Quando alcançou o grupo de membros da localidade, disse, sorrindo:
Reprodução/Foto-RN176 Ilustração (à esq.) e foto (à dir.) do momento em que Shin’ichi Yamamoto (Ikeda sensei) vai ao encontro dos membros de Choshi. Dr. Daisaku Ikeda, ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI
— Muito obrigado por terem vindo. Fico muito feliz em vê-los. Vamos realizar uma reunião de palestra aqui mesmo!
O semblante deles se iluminou quando viram Shin’ichi.
— Sensei! Bem-vindo a Choshi!
O homem de meia-idade que havia falado com o integrante do Grupo Suiko dera um passo à frente e saudara Shin’ichi transbordante de alegria.
— Muito obrigado! Por favor, sentem-se. Conversemos admirando essa magnífica vista do oceano. Este lugar é excelente; a paisagem é maravilhosa — sugeriu Shin’ichi.
O grupo, composto por várias dezenas de membros daquela localidade, sentou-se em volta de Shin’ichi. As nuvens prateadas cintilavam à luz do crepúsculo, matizes dourados tingiam o farol perto deles, e soprava uma brisa agradável.
— Por favor, sintam-se à vontade para perguntar o que desejarem. Essa é uma conversa entre amigos — disse Shin’ichi sorrindo.
Eles pareciam um pouco tímidos a princípio, aos poucos relaxaram e compartilharam seus problemas referentes a dificuldades no trabalho, doenças de alguém da família e outras preocupações.
Shin’ichi respondeu a cada questão com seriedade e sinceridade, mesclando ocasionalmente uma pitada de humor.
Um senhor idoso de rosto bastante queimado de sol levantou a mão.
— Sou pescador. Desde que os militares americanos realizaram manobras de artilharia antiaérea na Costa de Kujukuri depois da guerra, nossa pesca diminuiu. Os testes acabaram agora, mas os peixes não retornaram. O que podemos fazer para trazê-los de volta?
— Deve ser muito difícil para vocês. Mas o budismo ensina que podemos transformar até mesmo o ambiente natural, o lugar onde vivemos, por meio de nossa decisão interior. O mais importante é o daimoku. Continuem a orar por uma pesca abundante. Eu também enviarei o meu daimoku.
— Sensei, podemos cantar a nossa Canção da Festa do Pescador para o senhor? — solicitou uma mulher idosa.
— Muito obrigado. Adoraria escutá-la. Cantem juntos com a determinação de atrair uma farta pesca!
— Podemos mesmo? Então, lá vamos nós!
A mulher parecia profundamente emocionada quando começou a cantar. Marcando o ritmo com palmas, todos se uniram na canção:
Trazendo a bordo
uma leva de peixes,
E depois mais uma —
O barco pesqueiro,
Lotado com uma
magnífica pesca,
Segue para a boca do rio,
Um brado alto retumba,
A cada movimento dos remos
A voz deles se elevara no céu noturno e se misturara ao som das ondas. O rosto de todos reluzia as cores do crepúsculo.
Quando a canção chegou ao fim, Shin’ichi os elogiou carinhosamente:
— Agradeço-lhes imensamente. Que canção maravilhosa! Estou emocionado. Dela emana a determinação de ter uma pesca abundante. Gostaria de oferecer-lhes algo como lembrança, mas infelizmente não trouxe nada comigo hoje. Espero que não se importem se eu apanhar algumas flores e as oferecer a vocês.
Shin’ichi levantou-se e começou a colher as flores que cresciam na grama ao redor deles.
— Eis aqui meus presentes para vocês.
Ele trocou algumas palavras com cada um enquanto distribuía as flores.
— Como vai o seu marido? — indagou a uma senhora idosa.
— Os anos estão avançando e os passos dele perderam a firmeza, por isso ficou em casa hoje.
— Compreendo. Então, oferecerei uma flor para ele também. Por favor, transmita-lhe meus votos de muita saúde.
Ele também entregou uma flor a um garotinho que estava agarrado às pernas da mãe.
— Estude bastante — recomendou-lhe Shin’ichi afagando a cabeça da criança.
O menino sorriu para ele e assentiu com a cabeça.
Os membros de Choshi seguravam perto do coração as flores do campo, que Shin’ichi havia colhido para eles com tanta sinceridade, como se fossem tesouros preciosos.
— Espero encontrá-los novamente. Despeço-me de vocês por hoje — disse Shin’ichi com um sorriso.
O sol já havia se posto, e a escuridão começou a envolvê-los. Shin’ichi apertou firmemente a mão de cada um.
Ao tomar o caminho de volta para casa, eles se viravam várias vezes para acenar para Shin’ichi, relutantes em deixá-lo para trás.
— Até logo, sensei!
— Cuidem-se — gritou Shin’ichi, acenando para eles até eles sumirem de vista. A voz calorosa dele se dissipou no entardecer.
A cena da partida parecia um lindo quadro.
Registro real: ilustração (à esq.) e foto (à dir.) do momento em que Shin’ichi Yamamoto (Ikeda sensei) vai ao encontro dos membros de Choshi
No topo: Shin’ichi Yamamoto dialoga com os membros de Choshi que se encontram em Inubosaki, mesmo local do treinamento do Grupo Suiko
Nota:
- Grupo Suiko (Suiko-kai): Grupo da Divisão Masculina de Jovens, formado em 1952, e que se reunia duas vezes por mês para discutir o romance épico chinês Às Margens d’Água [ou Contos de Suiko], que inspirou o nome do grupo, e outras grandes obras da literatura mundial. Composto durante a gestão do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, o Grupo Suiko desenvolvia estudos conjuntos para assimilar o espírito indômito da Soka Gakkai de lutar pela felicidade das pessoas comuns combatendo a força opressiva do autoritarismo.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Fonte:
IKEDA, Daisaku. Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 89-97, 2019.