Proliferação de ratos urbanos representa riscos à saúde de pets

ROTANEWS176 E POR IG 25/09/2022 06:00                                                                                                              Por Rafael Nascimento

Especialista aponta que leptospirose é a principal doença que os roedores podem transmitir aos animais domésticos

 

Reprodução/Foto-RN176 Rato urbano – Reprodução/Shutterstock

Alguns fatores como o clima frio provocam a migração de animais sinantrópicos (não domésticos que se adaptaram à convivência com humanos), como ratos, que procuram abrigo dentro das casas em busca de temperaturas confortáveis, boa oferta de alimentos e um local seguro para morar e procriar. Essa invasão pode ser nociva à saúde de pessoas e, principalmente, dos pets, que são estimulados a interagir com esses roedores.

De acordo com a coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera, professora doutora Janaína Duarte, são inúmeras as doenças que podem ser transmitidas nesses encontros e a principal delas é a leptospirose, provocada por uma bactéria presente na urina do rato, que pode causar a morte de seres humanos e animais domésticos.

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“Por instinto, cães e gatos podem atacar ou caçar esses pequenos invasores e ficam expostos ao risco de contaminação”, explica a especialista.

A leptospirose é uma zoonose infecciosa aguda potencialmente grave que causa lesões crônicas. O contágio pode ocorrer por meio do contato com água (caixas de esgoto ou chuvas, por exemplo), ou solo úmido (lama ou barro em enchentes, por exemplo) contaminados.

“A bactéria pode estar presente no sangue dos roedores, portanto, é preciso tomar cuidado caso o seu pet ataque um rato”, alerta a veterinária. “Além disso, esses animais podem ter ingerido raticidas e, indiretamente, intoxicarem os pets após contato pela mordida ou, até, pela ingestão dos mesmos”, completa.

Segundo a acadêmica, em casos de mordidas ou arranhões, é importante lavar as regiões que entraram em contato com o roedor com água e sabão neutro e, em seguida, levar o animal para avaliação de um médico veterinário.

Esse contato pode ocasionar outras doenças como a raiva sarnas e micoses , triquinose e salmonelose , por exemplo: “Dependendo da gravidade da situação, somente um profissional qualificado poderá realizar curativos e receitar remédios para o tratamento adequado”.

Doença agressiva

A protetora de animais independente, Conceição Vigliotti, tem há 16 anos um projeto de resgate e adoções de animais, o Anjos de 4Patas. Ela conta que durante todo este tempo de trabalho teve contato com pelo menos três animais infectados com a zoonose, mas um caso em especial ficou marcado em sua lembrança.

“O Luck, um filhote vira lata de cerca de oito meses, teve uma morte lenta e sofrida. Ele estava na rua, uma vizinha o resgatou e me pediu ajuda. Logo levamos para o veterinário. Ele estava com dor, febre e quase não parava em pé”, começa a ativista.

Conceição conta que a veterinária suspeitou que o caso poderia ser leptospirose, mas que aguardava os exames para dar o diagnóstico. Contudo, o animal não poderia ficar internado.

“Na clínica não tinha ala de isolamento, então ele não pôde ficar internado. Cuidamos dele em casa, mas com muita atenção porque essa doença é uma zoonose, ou seja, é transmissível para os humanos e outros animais. Todo o contato com ele era feito com luvas e usávamos um produto antibacteriano em todo a casa”, diz.

A protetora lembra que o quadro do animal não teve melhoras e que logo a doença tomou conta de todo o corpo do pet.

“Em uma semana ele desidratou muito, vômitos constantes, taquicardia … o mais horroroso de ver foi a falência dos rins e do fígado. Ele começou a ficar todo amarelo, o corpo, o branco do olho, a gengiva… essa doença é terrível. Em menos de duas semanas ele morreu”, conta.

Com a ajuda de uma parceira voluntária, Conceição mantém a sede do projeto em uma Chácara em Vinhedo, no interior de São Paulo. No momento há 75 cachorros e dois gatos sob os cuidados das protetoras, que contam com ajuda de doações para manter os gastos.