ROTANEWS176 27/10/2024 20:49 Por Poleonardo Rodrigues
Reprodução/Foto-RN176 Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Crédito:Lula Marques/Agência Brasil)
O PT foi derrotado nas disputas de segundo turno pelas prefeituras de Porto Alegre, Cuiabá e Natal neste domingo, 27, e comandará apenas uma capital, Fortaleza, enquanto ocupa a Presidência da República.
As derrotas
- Porto Alegre – vitória de Sebastião Melo (MDB)
- Cuiabá – vitória de Abilio Brunini (PL)
- Natal – vitória de Paulinho Freire (União Brasil)
Nas quatro cidades, os postulantes do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberam menos votos no primeiro turno e chegaram às urnas neste domingo com a difícil missão de virar o jogo.
Em maior ou menor grau, os quatro oponentes eleitos exploraram na campanha elementos de rejeição ao petismo. Para o cientista político Renato Dorgan, presidente do instituto de pesquisas Travessia, as derrotas dão continuidade a um processo de enfraquecimento que foi aberto na Operação Lava Jato.
“O PT não percebeu que quem ganhou as eleições presidenciais de 2022 foram o Lula e o antibolsonarismo. Seus quadros ainda têm grande dificuldade para superar o teto do partido e ganhar disputas pelo Executivo”, afirmou ao site IstoÉ.
O vácuo de poder petista nas capitais conflui com um desempenho ruim do partido no geral nas urnas em 2024, que com XX eleições neste domingo, chegou a XX prefeituras conquistadas, atrás até de um PSDB em crise (XX). Além disso, aliados importantes do governo federal, como Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, também acabaram derrotados apesar dos esforços — inclusive financeiros — do PT na campanha.
Após o primeiro turno, o presidente Lula já havia reconhecido que a agremiação precisa “rediscutir seu papel” eleitoral. Ministros palacianos e aliados tentaram minimizar os resultados citando as eleições de aliados — casos de Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro e João Campos (PSB) no Recife —, mas fato é que, quando chefia o Executivo nacional, o PT historicamente conquista o comando de capitais.
Ineditismo
Em 2004, o PT faturou as prefeituras de oito capitais em eleição que marcou a metade do primeiro mandato de Lula no Planalto — o número não se repetiu.
Correligionários do mandatário foram eleitos em Aracaju, Belo Horizonte, Fortaleza, Palmas, Porto Velho, Recife, Rio Branco e Vitória com participação relevante de Lula nas campanhas. Vale lembrar que a sigla ainda perdeu os comandos de Porto Alegre — que administrava há 16 anos — e São Paulo — com a derrota de Marta Suplicy —, o que faria do domínio ainda mais amplo.
Em 2008, mesmo com aliados solapados pelo escândalo do Mensalão, Lula chegava ao pleito municipal com a popularidade em alta e viu petistas serem eleitos em seis capitais: Fortaleza, Palmas, Porto Velho, Recife, Rio Branco e Vitória.
Nas eleições municipais seguintes, com Dilma Rousseff (PT) no Palácio do Planalto, petistas assumiram ou permaneceram no comando de quatro capitais. Além da reeleição de Paulo Garcia em Goiânia e as eleições no Rio Branco e em João Pessoa, o partido retomou São Paulo com uma cartada da influência de Lula: Fernando Haddad, o ministro da Educação dos governos petistas.
Nos pleitos municipais de 2016 e 2020, o partido estava fora do poder federal — Michel Temer (PMDB) era presidente durante o afastamento de Dilma, que sofreu impeachment, e Jair Bolsonaro (PL) se elegeu em 2018. No terceiro mandato de Lula, a sigla não comanda nenhuma capital.
Para Dorgan, o cenário tende a gerar consequências para o projeto de reeleição do político em 2026. “Os comandos de Executivos garantem distribuição de cargos e tocam a militância. Esse esvaziamento pode gerar um quadro delicado para a próxima eleição”, disse ao site IstoÉ.
FONTE: ISTOÉ