Quadrilhas receberam mais de R$ 1 milhão com roubo de carga, diz polícia

Operação da Polícia Civil de Mogi prendeu 24 pessoas nesta segunda (1º). Para polícia, quatro quadrilhas agiam de forma interligada.

Polícia

ROTANEWS176 E G1 DA TV DIÁRIO 01/06/2015 16h11                                                                             Maiara Barbosa

As quatro quadrilhas especializadas em roubo de carga descobertas por policiais de Mogi das Cruzes movimentaram mais de R$ 1 milhão, segundo informações divulgadas pela Polícia Civil na tarde desta segunda-feira (1º). O delegado Alexandre Batalha, responsável pelo Núcleo de Investigações de Roubo de Carga de Mogi das Cruzes, informou que o valor corresponde a 28 roubos identificados pela polícia desde fevereiro de 2015. Em cada um, entre venda de carga e caminhão, os criminosos ganhavam cerca de R$ 50 mil. Assim, segundo a polícia, as quatro quadrilhas receberam mais de R$ 1 milhão.

Desde a madrugada desta segunda-feira (1º), 150 policiais da Grande São Paulo fazem uma operação para cumprir 36 mandados de prisão contra suspeitos de participar de roubos de carga em estradas do estado. A ação ganhou o nome de Operação Carga Segura. Na capital e em Guarulhos, 24 pessoas já foram presas, entre elas, uma mulher conhecida como Loira, de 21 anos.

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Reprodução/Foto-RN176  Segundo a polícia, mulher conhecida como Loirapertencia à quadrilha de roubo de carga e enganavacaminhoneiros dizendo que havia defeito para que eles parassem. (Foto: Reprodução/TV Diário)

De acordo com as informações passadas pelo delegado em coletiva na tarde desta segunda, a mulher fazia as vítimas pararem na estrada. “Ela simulava que o caminhão estava com problema. Isso levava as pessoas a pararem. Outros dois ou três veículos também avisavam o motorista para distrai-lo e para que ele parasse com o caminhão”, explica.

1                                                                                  Reprodução/Foto-RN176 15 dos 16 caminhões apreendidos durante a ope-
ração (Foto: Maiara Barbosa/G1)

Outra estratégia, ainda segundo o delegado, era usar um carro com sirene, que foi apreendido. Dessa forma, os criminosos obrigavam os caminhoneiros a parar fingindo ser policiais.

Para a polícia, as quadrilhas agiam de forma interligada principalmente nas rodovias Fernão Dias, Dutra e na Ayrton Senna. “Não havia carga prioritária. A maioria dos caminhões não tinha seguro e cada um era avaliado, com a carga, em cerca de R$ 300 mil. Em uma das quadrilhas há a suspeita de ter um cativeiro. As outras usavam o próprio veículo para manter as vítimas”, diz o delegado. “Fizemos a identificação de cada integrante: o que ficava com a vítima, outro que tirava o rastreador, outro que trocava a placa, outro que fornecia a placa adulterada e principalmente os receptadores”, continua Batalha.

Operação
A operação é comandada pela Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes, que começou as investigações depois de um roubo na Rodovia Ayrton Senna, no trecho de Mogi das Cruzes, em janeiro deste ano. A partir do caso, a polícia foi autorizada a fazer escutas e a acompanhar os suspeitos ao longo das rodovias.

Ainda de acordo com a polícia, na operação foram apreendidos 17 carros, sendo um com sirene e luzes semelhantes às de um veículo da polícia, uma moto aquática e um aparelho que serve para desligar o rastreador dos caminhões. A polícia ainda faz levantamentos, mas acredita que muitos desses veículos foram comprados com o dinheiro do crime e também eram usados nas ações. A polícia informou ainda que 16 caminhões foram recuperados.

Além dos mandados de prisão, a Polícia Civil informou que também vai cumprir 99 mandados de busca e apreensão em vários municípios da Região Metropolitana. Também estão na mira da polícia três receptadores: dois na Grande São Paulo e um no Piauí. Eles recebiam caminhões roubados para a revenda.

Segundo a polícia, todos vão responder por roubo qualificado, formação de quadrilha e sequestro, já que em todas as ocasiões os motoristas eram feitos reféns por horas e ficavam rodando em um veículo com os criminosos ou eram mantidos em cativeiro.

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Reprodução/Foto-RN176 Suspeitos de cada quadrilha investigada pela
operação (Foto: Maiara Barbosa/G1)

A Polícia Civil fez um perfil das quadrilhas investigadas. A primeira descoberta tinha 13 integrantes. O grupo atuava principalmente na Fernão Dias, e o foco dele eram caminhões que seriam levados para o Piauí com as placas adulteradas.

A segunda quadrilha tinha 12 integrantes, e a atuação era concentrada na Rodovia Presidente Dutra. A terceira também tinha como foco as cargas e tinha cinco integrantes. Já a quarta quadrilha contava com cinco integrantes e tinha dois receptadores, que também são donos de desmanches.

Nos seis meses de investigação, o núcleo de Roubo de Carga de Mogi das Cruzes acompanhou, por meio de escutas, a atuação das quadrilhas em 28 roubos de caminhões, sendo que 15 foram recuperados. Ainda de acordo com a polícia, quase todos os integrantes dos grupos criminosos já cumpriram pena por roubo, e os três receptadores já têm passagens por esse tipo de crime.

Coletiva
O secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, também participou da coletiva, em Mogi das Cruzes, na tarde desta segunda. “Esse quadrimestre foi o maior em produtividade desde 2001, quando começou a medição das atividades policiais. A produtividade aumentou em 6,38%. É importante salientarmos que a curva de ascensão do roubo de carga vem subindo de maneira aritmética. Desde 2010 há um aumento gradativo, mas pequeno.”

O secretário explicou ainda que há dois tipos de roubo de carga: os casos de conveniência, que acontecem quando surge a oportunidade e os roubos ocasionados por quadrilhas. “Esses casos de roubos por quadrilha representam apenas 8,2% dos roubos de carga, mas o valor agregado é muito maior devido a periculosidade, os indivíduos agirem armados. Com o trabalho de interligação, conseguimos agir na raiz dessas quadrilhas”, comenta.

Segundo Moraes, as investigações e prisões foram possíveis por meio de um mapeamento de todas as rodovias, incluindo horário e local. “Todos os roubos de carga dos últimos dez anos estão mapeados. Estamos verificando agora as rotas de fuga e os receptadores para evitar que o crime prossiga”, finaliza.

Aumento do crime
A Secretaria Estadual de Segurança Pública divulgou, em maio, que o roubo de carga foi um dos crimes que mais cresceu, tanto na capital quanto no Estado de São Paulo. Os números são de abril deste ano em comparação com o mesmo mês em 2014.

No estado de São Paulo, o roubo de cargas passou de 702 para 761 – um aumento de 8,45%. Só na capital, esse tipo de crime teve alta de 19,63%: foram 463 casos neste ano contra 387 no ano passado.